De tucanos a cobras
BRASÍLIA - Se as pesquisas se confirmarem, Fernando Haddad será eleito prefeito de São Paulo hoje, repetindo Dilma Rousseff para a Presidência, em 2010. Mas, depois de derrotar o ninho tucano, terá agora de enfrentar um ninho de cobras no PT para se impor como "o novo".
Com as condenações do mensalão e a provável vitória de Haddad, o PT vira uma página e abre outra. Prefeito da capital mais cobiçada, com orçamento de R$ 42 bi para 2013 e PIB de R$ 389,3 bi (12,26% de toda a riqueza produzida no país), ele vira automaticamente pré-candidato ao governo, a um passo de ser presidenciável.
Tudo depende da imagem do PT, do desempenho na prefeitura e, enfim, dele próprio, que terá de conviver dia e noite com a guerra dos petistas pelo Palácio dos Bandeirantes.
Aloizio Mercadante ganhou pontos ao se aproximar mais de Dilma do que jamais se aproximara de Lula presidente. Alexandre Padilha, uma boa promessa, está transferindo o domicílio eleitoral do Pará para São Paulo. Os dois já estão se engalfinhando, e não apenas nos bastidores -a coisa está vindo a público.
Marta Suplicy, preterida para o que mais sonhava -a prefeitura que deve cair no colo do preferido de Lula-, é orgulhosa e não vai abdicar facilmente da corrida pelo governo. E há o emergente (aliás, em diferentes sentidos) Luiz Marinho, presença certa na lista de candidatos.
É muita cobra política, e eles passam a olhar Haddad com o rabo de olho e a se morder de ciúme dele com Lula. Daí a torcer contra é um pulo.
Haddad foi um bom produto. Novo, cara boa, família adequada e da área de educação, com o melhor padrinho eleitoral do país, pesados recursos e uma plataforma certa de votos, fizesse chuva, fizesse sol.
Precisa mostrar que, além de bom produto eleitoral, é bom gestor (apesar do Enem) e político hábil, com autonomia e fôlego para chegar a ser uma nova Dilma. Falta muito chão. E sobram veneno e cascas de banana.
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