Dezenove pessoas foram mortas a tiros desde a segunda-feira 8 na periferia de São Paulo; outra 15 morreram nas mesmas circunstâncias violentas na Baixada Santista nos últimos cinco dias; polícia militar monta operação de guerra, com cinco mil homens de reforço, blindados e helicópteros para controlar situação; confrontos típicos da gestão Geraldo Alckmin são melhores que presença policial ostensiva permanente, como a das UPPs no Rio de Janeiro governado por Sérgio Cabral? Brasil 247.
Uma nova série de assassinatos a tiros, cometidos por pessoas que se aproximam das vítimas em carros ou motos e saem da cena sem deixar vestígios, assombra a periferia de São Paulo e, desta vez, também a cidade de Santos, no centro da Baixada Santista. Desde segunda-feira, ao menos 19 pessoas morreram baleadas na Região Metropolitana, sendo três em suposto confronto com a PM e 16 em circunstâncias de execução - incluindo um Policial Militar fora de serviço. Somados a um surto de assassinatos no litoral paulista, com 15 mortes em cinco dias, os casos fizeram com que a Secretaria de Segurança Pública mobilizasse um reforço no policiamento a partir desta quarta-feira. Depois do deslocamento de homens das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) para a Baixada, a secretaria anunciou um acréscimo de 5 mil policiais militares nas ruas de todo o Estado.
Tudo somando, é a guerra cotidiana em mais um momento de recrudescimento. Há suspeitas que muitos dos crimes desses últimos dias tenham sido cometidos por bandidos em acertos de contas, mas também há a hipótese de haver a participação de PMs interessados em vingar o colega morto. Entre as vítimas, a maioria tem passagem por delegacias e prisões e ligações comprovadas com o tráfico de drogas.
Pode-se, assim, estar-se assistindo, pelas balas dos bandidos ou dos policiais, o extermínio de bandidos, mas isso não é solução alguma para a alta maré de violência que assola a capital paulista e praticamente todo o Estado. Se fosse, tudo o que vem acontecendo nos últimos anos em termos de crimes em série já deveria ter sido suficiente para exterminar todos os criminosos. O que se vê é o contrário: quãnto mais existem os confrontos, mais eles ocorrem.
Nessa medida, será mesmo que as diretrizes da política de segurança do governo do Estado são corretas para enfrentar a realidade? Enquanto isso, em São Paulo, as estatísticas da criminalidade oscilam, servindo algumas até mesmo para justificativas oficiais de que a situação está melhorando, na prática as séries de crimes em série – só este ano, a sequência atual já é a terceira com as mesmas características – se repetem, assustando a população e espalhando forte sensação de insegurança.
No Rio de Janeiro, a política de segurança que só previa confrontos com os bandidos foi praticada durante décadas, e o resultado foi o crescimento da criminalidade, especialmente do tráfico de drogas. A situação só começou a mudar de poucos anos para cá, quando, por inspiração do atual secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, passou-se a adotar o modelo das UPPs – Unidades de Policiamento Padrão --, nas quais policiais militares se revezam de modo a haver policiamento ostensivo, com armamento reforçado, em regiões escolhidas por importância estratégica, vinte e quatro horas por dia. A experiência foi aprovada na prática, com a pacificação de uma série de áreas violentas no Rio, especialmente em favelas e morros. Hoje, é admirada em todo o Brasil pela eficiência. São Paulo, ao contrário, afunda numa guerra dentro de suas próprias divisas sem que qualquer solução dessa magnitude, com iguais chances de dar certo, se apresente. A solução está sempre em confrontos e mais confrontos, mortes em série atrás de mortes em série. Quando o governador Geraldo Alckmin vai perceber que esse modelo, ultrapassado, não dá certo e, com ele, o Estado está perdendo a guerra para o crime organizado?
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