Gisele Federicce _247 – O embate a respeito de qual poder
cabe a responsabilidade de cassar os direitos políticos e os mandatos dos
deputados condenados na Ação Penal 470 já provocou muita discussão entre juízes
e políticos. Para o jurista Luiz Moreira, doutor em Direito pela UFMG e diretor
acadêmico da Faculdade de Direito de Contagem, em Minas Gerais, a questão é
"bastante simples" de se resolver juridicamente.
Em entrevista ao Brasil 247, ele defende, com base no artigo
15 da Constituição Federal, que é a Câmara dos Deputados que deve dar a última
palavra sobre essa questão. "Ele [o político] foi investido de poder pelo
povo, só o povo pode tirar", afirma. Mas há, na opinião dele, um interesse
maior do STF no processo. "Eu acho que o Supremo usou esse caso para se
sobrepor aos demais poderes", declarou Moreira, que é autor do artigo
"O governo dos juízes", sobre o tema.
O ministro relator do caso e presidente do Supremo Tribunal
Federal, Joaquim Barbosa, defende que é a corte suprema que precisa tomar a
decisão no caso, ao contrário do que pensa o ministro revisor do processo,
Ricardo Lewandowski. Na última sessão, Barbosa pediu a cassação de três
parlamentares – João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro
Henry (PP-PR). Mas um embate com Lewandowski deixou o imbróglio para ser
resolvido na próxima sessão, marcada para segunda-feira 10.
Leia abaixo trechos da conversa com Luiz Moreira:
Por que o senhor considera este um tema simples de se
resolver?
É muito simples porque a Constituição expressamente prevê os
casos em que haverá a perda de mandato de deputados e senadores. O que temos na
Ação Penal 470? Uma ação penal. Nela, as penalidades atribuídas aos deputados
em exercício são as que estão previstas no artigo 15, que trata da perda dos
direitos políticos, onde esse caso se enquadra perfeitamente.
Só que para perder o mandato, os políticos precisam de
autorização do Congresso. Ele foi investido de poder pelo povo, só o povo pode
tirar. Se a gente relativiza isso, relativiza a própria democracia. E isso é
paradoxal.
Paradoxal em que sentido?
É paradoxal porque no Brasil, a democracia sempre foi
fragilizada, num discurso de que nosso povo é analfabeto. Acho paradoxal que
alguém como o Joaquim [Barbosa, relator do processo], que veio das camadas mais
pobres da população, venha relativizar a vontade dessas pessoas, os negros, os
pobres. Porque isso representa contornar a vontade do eleitor.
A democracia tranforma todos em iguais, e quando a gente a
relativiza, a vontade de alguns fica sobre a vontade de outros. Essa decisão
indo para o Congresso, representará a vontade do povo. Para mim, o que está em
jogo não é a interpretação da Constituição, mas a supremacia judicial.
O que viria a ser a supremacia judicial?
O estabelecimento de um governo de juízes, que diriam
"o Congresso não tem poder, quem tem somos nós, e nós vamos decidir".
Analisando os votos de ontem [quinta-feira 6], vê-se que, com exceção do
Lewandowski, os ministros não têm argumentos jurídicos.
Os réus só poderão recorrer quando houver a publicação do
acórdão. Quanto tempo leva esse processo e qual o prazo para eles entraram com
o recurso?
Estima-se que o acórdão desse caso será publicado em
fevereiro e aí então abre-se o prazo de até 15 dias para se entrar com os
recursos. Depois de todas as questões resolvidas, do segundo julgamento, o caso
estará concluído.
O que acontecerá com os réus se o Judiciário decidir que pode
cassar os mandatos?
Se o Supremo cassar diretamente os mandatos, sem se submeter
à Câmara, pode acontecer qualquer coisa. Porque aí ele [o STF] mostrou que o
que vale é a sua decisão, e não a Constituição. Se ele mandar prender no outro
dia, o réu estará preso. O que está em jogo é isso: ou a corte se sircunscreve
às normas da Constituição, ou ela dirá que tem poder sobre tudo. A tendência é
dizer que ele pode tudo.
Quando o senhor diz que a Constituição é política, apenas, e
não jurídica, o que quer dizer?
A Constituição é resultado de um amplo direito da sociedade.
Esses direitos não vêm do judiciário, vêm da Constituição brasileira. O
Ministério Público e o judiciário foram partícipes da ditadura. Então a
Constituição é uma carta política, que reconheceu os anseios da sociedade da
época, baseados em liberdade, democracia... Eles tentam se apropriar desse
direito político para dizer que a Constituição é jurídica. E daí cabe a decisão
interpretativa dos juízes. Por que a interpretação do [presidente da Câmara]
Marco Maia valeria menos que a do Supremo? É um poder regido pela mesma
constituição.
Qual o maior prejudicado em todo esse impasse?
O valor do voto. Porque aquela casa, a Câmara dos Deputados,
representa o povo brasileiro. O que o Supremo está dizendo é que a opinião de
11 ministros vale mais do que a de todo o povo brasileiro. É isso que eles
tentam mostrar, a perda de poder do Câmara.
Qual sua visão geral sobre o julgamento do 'mensalão'?
Foi um julgamento de exceção. Eu acho que o Supremo usou
esse caso para se sobrepor aos demais poderes. Não por acaso, eles aproveitaram
um julgamento que sofreu uma forte pressão midiática e que se estabeleceu uma
divisão entre os que são a favor do combate à corrupção, que estariam ao lado
do Supremo, e os que não são.
O que está em jogo é a democracia. Só a discussão já é
gravíssima, pois essa questão é absolutamente simples. E os ministros do
Supremo sabem disso, mas eles não estão se importanto com argumentos jurídicos,
só políticos. Eles querem passar por cima das regras constitucionais para
transformar o Supremo no protagonista da República, enfraquecendo assim os
poderes do Congresso.
3 comentários:
Joaquim Barbosa é o satanás em pessoa. O que é pior: Um satanás psicopata.
Joaquim Barbosa é o satanás em pessoa. O que é pior: Um satanás psicopata.
bom se o joaquim barbosa e gilmar mendes como o fux resolverem atropelar o congresso so resta a ele se juntar e cassar os ministros do supremo corrupto. [e do congresso essa obrigaçao e antes que eles tomem o poder melhor cassa-los
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