Filho de Barbosa quis bolsa no Itamaraty, mas falou à entrevista
Considerada
"uma das instituições mais discriminatórias do Brasil" pelo
presidente do STF, o Itamaraty quase concedeu uma bolsa para negros ao seu
filho, Felipe Tavares Barbosa Gomes, que, apesar de ter se classificado para a
seleção final, ficou com zero na última seleção, a entrevista técnica,
provavelmente por não ter comparecido; o benefício, porém, sequer foi lembrado
por Joaquim Barbosa quando criticou o Itamaraty em entrevista ao jornal O
Globo; notícia foi publicada pelo blog Tijolaço, do jornalista Fernando Brito
247-Em entrevista
ao jornal O Globo no último final de semana, o presidente do STF, Joaquim
Barbosa, afirmou que o Itamaraty é "uma das instituições mais
discriminatórias do Brasil". E contou ainda à jornalista Miriam Leitão
que, ao ser reprovado, ele próprio foi discriminado quando prestou concurso
para a carreira diplomática.
Barbosa não
lembrou, no entanto, de um importante benefício concedido pelo Ministério das
Relações Exteriores: a bolsa para negros. À qual, inclusive, seu próprio filho,
Felipe Tavares Barbosa Gomes, se inscreveu. De acordo com o blog Tijolaço, do
jornalista Fernando Brito, Felipe foi classificado para a seleção final, mas
ficou com zero na última prova, uma entrevista técnica, provavelmente por não
ter comparecido - foi o único que ficou nessa condição.
Leia abaixo a
íntegra do post:
Filho de Barbosa
quis bolsa para negros no Itamaraty, mas faltou à prova
O Itamaraty reagiu
hoje, em nota, às acusações de racismo feitas por Joaquim Barbosa contra a
instituição, em entrevista ao jornal O Globo.
Apesar de não
comentar diretamente o suposto caso de discriminação a que o ministro se
referiu, obliquamente, o órgão divulgou nota recordando que "mantém (há
dez anos) programa de ação afirmativa a Bolsa Prêmio Vocação Para a Diplomacia,
instituída com a finalidade de proporcionar maior igualdade de oportunidades de
acesso à carreira de diplomata" e que reserva 10% das vagas para
afrodescendentes na primeira fase de seu concurso de admissão.
De fato, o edital
do programa oferece bolsa de estudos para "incentivar e apoiar o ingresso
de afrodescendentes (negros) na Carreira de Diplomata, mediante a concessão de
bolsas-prêmio destinadas ao custeio de estudos preparatórios ao Concurso de
Admissão à Carreira de Diplomata". São R$ 25 mil para custear cursinho e
material didático, durante dez meses.
Não há notícia de
cotas raciais no concurso feito para admissão como servidor no STF.
O Dr. Joaquim
poderia, ao menos, ter feito esta referência elogiosa ao gesto do Itamaraty, em
lugar simplesmente de afirmar apenas que "o Itamaraty é uma das
instituições mais discriminatórias do Brasil".
Até porque o Dr.
Joaquim conhece muito bem este programa, porque seu filho Felipe Tavares
Barbosa Gomes participou das provas de seleção para ele, salvo a remota
hipótese de tratar-se de um homônimo.
Felipe só não
ganhou a bolsa por ter, apesar de ter se classificado para a seleção final,
ficado com zero na entrevista técnica que é a ultima prova, provavelmente por
não ter comparecido. Foi o único, aliás, a ficar nessa condição.
Era direito dele
não querer se submeter a essa seleção e dispensar, com isso, a bolsa de estudos
a que se candidatou.
Mas seria um dever
básico de justiça, ao menos, seu pai reconhecer que – havendo, como deve haver,
ou não discriminação no corpo diplomático – a direção do Itamaraty tem
trabalhado para que a instituição reflita a composição do povo brasileiro.
O Dr. Barbosa,
porém, não parece possuidor deste senso de equilíbrio.
Ou por não
acreditar no ditado popular de que o peixe morre pela boca.
PS. O Tijolaço já
tinha, há tempos, esta informação. Elas estão publicadas em editais. Não a
veiculou porque não era relevante com caso que enfrenta o Dr. Joaquim, porque
não está interessado em devassar a vida familiar de ninguém. Nem em
desclassificar o que é conseguido por mérito, como Felipe o fez. Mas a revela,
agora, porque a hipocrisia é uma abominação em qualquer um, e mais ainda
naqueles que, personificando a a mais alta instituição judicial, devem ter o
equilíbrio que a balança da Justiça simboliza.
Por: Fernando Brito
Um comentário:
Noticia ridicula. O fato de o Itamaraty hoje conceder bolsa aos afrodescendentes não apaga o fato de aquele órgão público haver discriminado e ainda discriminar. O Ministro Joaquim Barbosa é uma pessoa extremamente honrada e não falaria que foi discriminado se não tivesse sido.
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