Ainda vou me filiar ao PSDB. Só assim não tomo processo nas costas tampouco vou preso.
Por esquiber
Nassif, acho que temos obrigação de
contribuir com as investigações da Lava Jato apontando para Moro um
arrecadador tucano que ficou esquecido, apagado pela poeira do tempo.
Trata-se do engenheiro Paulo Vieira de Sousa, vulgo Paulo Preto, que
segundo reportagem da Istoé, "possuía relações estreitas com as
empreiteiras Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, OAS, Mendes Júnior,
Carioca e Engevix." As mesma investigadas na Lava Jato, com exceção da
carioca.
Paulo Preto teria sumido com quase 5
milhões em dinheiro vivo da campanha tucana a presidente de José Serra,
dinheiro arrecadado de empreiteiras. Moro talvez ignore este fato,
embora não esqueça de João Vaccari Neto, o qual mantén trancafiado por
razões de campanha de 2010, a mesma que Paulo Preto apareceu numa
citação pra lá de criminosa.
Nos tempos áureos de Paulo Preto, "em
São Paulo, foi responsável pela medição de obras e pagamentos a
empreiteiras contratadas para construir o trecho sul do Rodoanel, que
custou 5 bilhões de reais, a expansão da avenida Jacu-Pêssego e a
reforma na Marginal do Tietê, estimada em 1,5 bilhão, diz reportagem de
Carta Capital, assinada por Cynara Menezes.
Quando é que Moro vai mandar prender
Paulo Preto para que este faça uma delação premiada contando tudo que
sabe sobre as relações das empreiteiras com os governos tucanos?
Corrupção de empreiteira só é crime se for no governo federal?
Da Carta Capital
por Cynara Menezes
Levada à campanha por Dilma Rousseff, a
história do ex-diretor da Dersa causa constrangimento no tucanato e gera
versões desencontradas de Serra
Na noite do domingo 10, ao fim do
primeiro bloco do debate da TV Bandeirantes, o mais acalorado da
campanha presidencial até agora, cobrada pelo adversário tucano José
Serra sobre as denúncias contra a ex-ministra Erenice Guerra, a petista
Dilma Rousseff revidou: “Fico indignada com a questão da Erenice. Agora,
acho que você também deveria responder sobre Paulo Vieira de Souza, seu
assessor, que fugiu com 4 milhões de reais de sua campanha”. Serra nada
disse – ou “tergiversou”, como acusou a adversária durante todo o
encontro televisivo –, e o País inteiro ficou à espera de uma resposta:
quem é Paulo Vieira de Souza?
Numa eleição em que o jornalismo dito
investigativo só atuou contra a candidata do governo, Dilma Rousseff
serviu como “pauteira” para a imprensa. O pauteiro é quem indica quais
reportagens devem ser feitas – e, se não fosse por causa de Dilma,
Vieira de Souza nunca chegaria ao noticiário. Nos dias seguintes ao
debate, finalmente jornais e tevês se preocuparam em escarafunchar,
mesmo sem o ímpeto habitual quando se trata de denúncias a atingir a
candidatura governista, um escândalo que envolvia o tucanato. A acusação
contra Vieira de Souza, vulgo “Paulo Preto” ou “Negão”, apareceu pela
primeira vez em agosto, na revista IstoÉ.
No texto, que obviamente teve
pouquíssima repercussão na época, o engenheiro Paulo Preto era apontado
como arrecadador do PSDB e acusado pelos próprios tucanos de sumir com
dinheiro da campanha. “Como se trata de dinheiro sem origem declarada, o
partido não tem sequer como mover um processo judicial”, dizia a
reportagem, segundo a qual o engenheiro possuía relações estreitas com
as empreiteiras Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, OAS, Mendes Júnior,
Carioca e Engevix.
Após a citação feita por Dilma, os
jornalistas cuidaram de cercar Serra para tentar extrair a resposta que
ele não deu no debate. De saída, o candidato disse não conhecê-lo. “Eu
não sei quem é o Paulo Preto. Nunca ouvi falar. Ele foi um factoide
criado para que vocês fiquem perguntando”, declarou, na segunda-feira
11.
No dia seguinte, ameaças veladas feitas
pelo ex-arrecadador em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo foram
capazes de refrescar a memória de Serra. “Não somos amigos, mas ele me
conhece muito bem. Até por uma questão de satisfação ao País, ele tem de
responder. Não tem atitude minha que não tenha sido informada a ele”,
disse Paulo Preto. “Não se larga um líder ferido na estrada em troca de
nada. Não cometam esse erro.”
A partir da insinuação de que o já
apelidado “homem-bomba do tucanato” possui fartos segredos a revelar,
Serra não só se lembrou do desconhecido como o defendeu e o elogiou. “A
acusação contra ele é injusta. Não houve desvio de dinheiro de campanha
por parte de ninguém, nem do Paulo Souza”, afirmou o tucano, fazendo
questão de dizer que o apelido “Preto” é preconceituoso. “Ele é
considerado uma pessoa muito competente e ganhou até o prêmio de
Engenheiro do Ano (em 2009). Nunca recebi nenhuma acusação a respeito
dele durante sua atuação no governo.”
O último cargo público do engenheiro em
governos do PSDB foi como diretor de engenharia da empresa
Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), cargo do qual foi demitido em
abril, poucos dias após Serra se lançar à Presidência. Mas sua folha de
serviços prestados ao PSDB é extensa. Há 11 anos ocupava cargos de
confiança em governos tucanos e era diretor da Dersa desde 2005,
primeiro nas Relações Institucionais e depois na engenharia, nomeado por
Serra. Trabalhou no Palácio do Planalto durante os quatro anos do
segundo governo Fernando Henrique Cardoso como assessor especial da
Presidência, no programa Brasil Empreendedor Rural. Em São Paulo, foi
responsável pela medição de obras e pagamentos a empreiteiras
contratadas para construir o trecho sul do Rodoanel, que custou 5
bilhões de reais, a expansão da avenida Jacu-Pêssego e a reforma na
Marginal do Tietê, estimada em 1,5 bilhão.
Quem levou Vieira de Souza para o
Planalto foi Aloysio Nunes Ferreira, recém-eleito senador pelo PSDB, de
quem Paulo Preto se diz amigo há mais de 20 anos. Ferreira dispensa
apresentações. Em 3 de outubro foi o candidato ao Senado mais votado do
Brasil, depois de ter sido chefe da Casa Civil no governo paulista.
De acordo com a IstoÉ, familiares de
Vieira de Souza chegaram a emprestar 300 mil reais para Ferreira,
quantia -assumidamente utilizada pelo novo senador para quitar o
pagamento do apartamento onde vive, em Higienópolis. O engenheiro
mantém, aliás, um padrão de vida elevado, muito acima de quem passou boa
parte da carreira em cargos públicos. É dono de um apartamento na Vila
Nova Conceição em um edifício duplex com dez vagas na garagem, sauna
privê e habitado por banqueiros e socialites. Pela média de preços da
região, um apartamento no prédio não custa menos de 9 milhões de reais.
Vieira de Souza foi demitido da Dersa
oito dias após aparecer ao lado de tucanos graduados na festa de
inauguração do Rodoanel e atribuiu sua saída a diferenças de estilo com o
novo governador, Alberto Gold-man, que assumiu na qualidade de vice.
Goldman parecia, de fato, incomodado com
a desenvoltura, para dizer o mínimo, de Paulo Preto no governo, e
deixou esse descontentamento claro em um e-mail enviado a Serra, em
novembro do ano passado, no qual acusava o então diretor da Dersa de ser
“vaidoso” e “arrogante”, como revelou a Folha de S.Paulo. “Parece que
ninguém consegue controlá-lo. Julga-se o Super-Homem”, escreveu o atual
governador na mensagem ao antecessor, também encaminhada ao secretário
estadual de Transportes, Mauro Arce. Mas Paulo Preto só deixou o governo
quando Serra saiu.
Dois meses após sua exoneração, em
junho, Vieira de Souza seria preso em São Paulo, acusado de receptação
de joia roubada. O ex-diretor da Dersa alega ter comprado de um
desconhecido um bracelete de brilhantes da marca Gucci por 18 mil reais.
Ao levar a joia a uma loja do Shopping Iguatemi para avaliar se era
verdadeira, foi preso em flagrante, após ser constatado pelo gerente que
o objeto havia sido furtado ali mesmo no mês anterior. Solto no dia
seguinte, passou a responder à acusação em liberdade. Hoje, ele atribui o
imbróglio a “uma armação”.
Seu nome aparece ainda na investigação
feita pela Polícia Federal que resultou na Operação Castelo de Areia. Na
ação, -executivos da construtora Camargo Corrêa são acusados de
comandar um esquema de propinas em obras públicas. A empresa nega. No
relatório da PF há várias referências ao trecho sul do Rodoanel,
responsabilidade de Paulo Preto, que teria recebido quatro pagamentos
mensais de 416 mil reais da empreiteira. Vieira de Souza também nega. “A
mim nunca ninguém entregou absolutamente nada. O lote da Camargo Corrêa
na obra era de 700 milhões de reais e a obra foi entregue no prazo, só
com 6,52% de acréscimo. É o menor aditivo que já houve em obra pública
no Brasil.”
À revista Época, que publicou uma
pequena reportagem sobre o caso em maio, Ferreira reconheceu a amizade
antiga com Paulo Preto, mas negou ter recebido doações ilegais da
construtora. Afirmou ainda que o Rodoanel foi aprovado pelos órgãos
fiscalizadores. “O Rodoanel teve apenas um aditivo de 5% de seu valor
total, um recorde para os padrões do Brasil”, disse o senador eleito.
Atualmente, a operação Castelo de Areia encontra-se paralisada em
virtude de uma liminar deferida pelo ministro Cesar Asfor Rocha, do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), até que seja julgado o pedido da
defesa da Camargo Corrêa, que reclama de irregularidades na
investigação.
O vice-presidente do PSDB, Eduardo
Jorge, que teria servido de fonte para a reportagem da IstoÉ, deu
entrevista nos últimos dias na qual nega ter afirmado que Paulo Preto
arrecadara, por conta própria, “no mínimo” 4 milhões de reais – o
próprio engenheiro diz que esse número foi subestimado. Segundo Eduardo
Jorge, não existe nenhum esquema de “arrecadação paralela”, o famoso
caixa 2, entre os tucanos. Paulo Preto processa EJ, o tesoureiro-adjunto
Evandro Losacco e o deputado federal reeleito José Aníbal, chamados por
ele de “aloprados” por tê-lo denunciado à revista. Curiosamente, na
entrevista à imprensa, Eduardo Jorge faz mistério sobre os nomes dos
reais arrecadadores da campanha tucana, a quem chama de “fulano” e
“sicrano”.
Na quinta-feira 14, a bancada do PT na
Assembleia Legislativa de São Paulo entrou com uma representação no
Ministério Público Estadual. Solicita uma investigação contra o
ex-diretor da Dersa por improbidade administrativa. Além da acusação
sobre os 4 milhões de reais arrecadados irregularmente para a campanha
tucana, os parlamentares petistas acusam a filha de Paulo Preto, a
advogada Priscila Arana de Souza, de tráfico de influência, por
representar as empreiteiras que tinham negócios com a empresa pública
desde 2006, quando o pai era responsável pelo acompanhamento e
fiscalização das principais obras viárias do governo paulista, como o
Rodoanel e a Nova Marginal, vitrines da campanha tucana na corrida
presidencial.
Documentos do Tribunal de Contas da
União revelam que Priscila Souza era uma das advogadas das empreiteiras
no processo que analisou as contas da construção do trecho sul do
Rodoanel. Ao contrário do que disse o ex-chefe da Casa Civil de Serra,
uma auditoria da empresa Fiscobras apontou diversas irregularidades na
obra, entre elas um superfaturamento de 32 milhões de reais em relação
ao contrato inicial, despesa que teria sido repassada ao Ministério dos
Transportes, parceiro no projeto. A filha do engenheiro aparece ainda em
uma procuração, datada de maio de 2009, na qual os responsáveis da
construtora Andrade Gutierrez autorizam os advogados do escritório
Edgard Leite Advogados Associados a representarem a empresa em demandas
judiciais.
“Já havíamos encaminhado ao MP uma
representação, em maio, pedindo investigação sobre a suposta arrecadação
ilegal de dinheiro para a campanha tucana, com base nas denúncias da
IstoÉ. Conversei com o procurador-geral, Fernando Grella, e ele me
garantiu que a investigação foi aberta, mas corre em sigilo de Justiça,
por ter sido anexada aos autos da Operação Castelo de Areia, que está
suspensa”, disse o deputado estadual do PT Antonio Mentor.
Para o
presidente estadual do PT, Edinho Silva, há indícios suficientes de uma
relação “pouco lícita” entre o ex-diretor da Dersa e as construtoras.
“Como pode a filha representar as mesmas empresas que são fiscalizadas
pelo pai? O poder público não pode se relacionar dessa forma com a
iniciativa privada”, afirmou Silva, recém-eleito deputado estadual.
“Além disso, é preciso apurar essa história do dinheiro arrecadado
ilegalmente pelo engenheiro. Quem denunciou isso não foi a gente, foi o
PSDB, que não viu a cor do dinheiro e reclamou à imprensa.”
Por meio de nota, o escritório de
-advocacia classificou de “inconsistentes e maldosas” as acusações do
PT. “A advogada Priscila Arana de Souza ingressou no escritório em 1º de
junho de 2006. O escritório presta, há mais de dez anos, serviços
jurídicos a praticamente todas as empresas privadas que compõem os
consórcios contratados para a execução do trecho sul do Rodoanel de São
Paulo”, registra o texto.
Procurado por CartaCapital, Paulo Preto
não foi encontrado. Seus assessores informaram, na quinta-feira 14, que o
engenheiro estava viajando. Na entrevista que deu à Folha, o engenheiro
insinuou que sua função era a de facilitar as doações de empresas
privadas com contratos com o governo de São Paulo ao PSDB. “Ninguém
nesse governo deu condições de as empresas apoiarem (sic) mais recursos
politicamente do que eu”, disse. Isso porque, sustentou, cumpriu todos
os prazos e pagamentos acertados com as empreiteiras nas obras sob seu
comando.
Nos últimos dias, Serra tem se mostrado
irritado com as perguntas de jornalistas sobre o tucano honorário Paulo
Preto. Em Porto Alegre, na quarta-feira 13, chegou a acusar o jornal
Valor Econômico de atuar em favor da campanha de Dilma Rousseff.
Perguntado por um repórter do diário, o presidenciável disse que o
veículo, pertencente aos grupos Folha e Globo, “faz manchete para o PT
colocar no horário eleitoral gratuito”, evidenciando como se incomoda de
provar do próprio remédio. O destempero deu-se minutos depois de o
candidato declarar seu apreço pela liberdade de imprensa. Além do mais, a
reclamação é estranha: as manchetes de jornais e capas de revistas com
críticas e denúncias contra Dilma Rousseff são matéria-prima do programa
eleitoral do PSDB.
No domingo 17, Dilma e Serra voltam a se
enfrentar no debate promovido pela Rede TV! Ninguém espera que se
cumpra o vaticínio frustrado de “paz e amor” dado pelos jornais antes do
primeiro confronto. A petista vai, ao que tudo indica, continuar a
questionar Serra sobre as privatizações do governo Fernando Henrique e
insistirá na comparação dos feitos do governo Lula com aqueles de seu
antecessor. Segundo a pesquisa CNT-Sensus divulgada na quinta 14, os
entrevistados consideraram Dilma Rousseff a vencedora do debate na Band.
Durante o debate, Serra nem sequer
defendeu a própria mulher, Mônica, apontada por Dilma como uma das
líderes de uma campanha difamatória de cunho religioso contra o PT, ao
declarar a um evangélico no Rio de Janeiro que a candidata governista
“gosta de matar criancinhas”. O fez depois, em seu programa eleitoral,
ao tentar assumir o papel de vítima (segundo ele, a adversária tinha
partido para a baixaria e atacado até a sua família).