segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O FUTURO DOS JORNAIS

Publicada em:09/02/2009

Antônio Tozzi

Miami (EUA) - A reportagem de capa desta semana da revista Time aborda exatamente os tempos negros vividos atualmente pelos jornais. Evidentemente, o autor da análise pessimista, Walter Isaacson, ex-editor da própria Time, aborda a questão dos jornais americanos, apresentando números que comprovam a queda de faturamento das empresas de mídia, enquanto se constata o aumento do número de leitores – sobretudo entre o público jovem que, normalmente, rejeitava o formato de jornal impresso.

A questão é saber como as empresas poderão sair desta sinuca em que se encontram. Ao mesmo tempo que a tecnologia democratizou o acesso à mídia global, dificultou os mecanismos de faturamento. Ou seja, pode-se ler publicações de países do mundo inteiro num simples clicar de botão – com exceção feita, infelizmente, àqueles países governados por regimes ditatoriais que impedem o livre acesso à informação. Para estes governantes, informação válida apenas aquela que lhes agrada. Desnecessário citar os nomes dos países, os mesmos de sempre, que querem dominar as mentes dos seus povos controlando a informação, caso de China, Coréia do Norte, Cuba, Birmânia,etc.

Mas, voltando ao mundo real, o jornalismo, segundo Isaacson, está seriamente ameaçado. Tanto a profissão de jornalista, porque, em breve, as empresas não mais poderão pagar salários justos a seus profissionais, como o próprio jornalismo, que pode perder força, como instituição, pois ficará rendido completamente ao poder dos anunciantes, uma vez que as outras fontes de renda praticamente estão deixando de existir: venda em banca e assinatura. Ora, por que alguém vai assinar uma publicação se pode lê-la – e outras também – on-line sem pagar um centavo por isto?

Para piorar a situação, os anúncios em webpages e portais não estão revelando-se a fonte de receita que os provedores de conteúdo esperavam. E a crise econômica veio somente agudizar e tornar público a agonia das empresas de mídia.

Além dos tradicionais (e cruéis) cortes de pessoal, algumas empresas estão tentando saídas criativas para superar a crise e não perecer. Aqui, no sul da Flórida, dois jornais concorrentes – Sun Sentinel e The Palm Beach Post – uniram suas equipes de entrega para otimizar os custos. Em vez de dois entregadores de jornais, as empresas estão empregando apenas um para fazer o mesmo trabalho. Isto, é claro, cortou empregos neste setor.

O Christian Science Monitor e o Detroit Free Press decidiram suspender suas edições impressas e continuam publicando conteúdo on-line. No Brasil, a Tribuna da Imprensa, do Rio, e a Gazeta Esportiva, de São Paulo – um dos mais tradicionais jornais de esporte do país – também adotaram esta postura.

Isaacson admite ter sido um erro a liberação gratuita de conteúdo e sugere, pelo menos, um pagamento mínimo, do tipo assinatura eletrônica via pay pal. Na opinião dele, mesmo que fosse um centavo, a quantidade gerada possibilitaria uma boa arrecadação para as publicações, como, aliás, faz atualmente o Wall Street Journal.

Na mesma edição, porém, uma matéria de Josh Quittner é mais pragmática. O autor não acredita que tentar cobrar por aquilo que já é gratuito surtirá qualquer efeito junto aos usuários, até porque sempre haverá alguém fornecendo conteúdo grátis e quebrando a corrente.

Em vez de culpar a tecnologia, ele propõe fazer da tecnologia uma aliada. Por isto, defende a adoção de e-readers, instrumentos que transformam a leitura eletrônica um prazer, eliminando as torturantes chamadas de e-mails, messengers pop-ups e afins, que apenas irritam quem está interessado em ler um artigo.

A verdade é que, mais do que nunca, as empresas de mídia precisam unir-se e buscar alternativas para sobreviver – e lucrar, a fim de garantir emprego para os jornalistas e demais funcionários que trabalham no setor. O duro mesmo será convencer alguém a pagar por aquilo que já recebe de graça, como frisou Quittner.

A pergunta que fica é a seguinte: você pagaria para ter acesso a conteúdo ou simplesmente manteria os canais abertos, sob risco de ver as companhias jornalísticas desaparecerem?
Direto da Redação.


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