sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Dilma critica jeito tucano de governar

Paulo de Tarso Lyra e Danilo Fariello
Valor Econômico - 09/10/2009



A chefe da Casa Civil e pré-candidata do PT à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministra Dilma Rousseff, marcou ontem o 8º Balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), coordenado por ela e uma peça fundamental de sua campanha presidencial, com críticas à incapacidade dos governos anteriores de investir e planejar ações para o país. Dilma, que há duas semanas reassumiu integralmente sua candidatura e viaja pelo Brasil em campanha, voltou a criticar o Tribunal de Contas da União (TCU), que apontou indícios de irregularidade em grandes obras incluídas no programa. Segundo ela, são apenas 0,09% das obras, mas o governo faz questão de que sejam tocadas. "Obras públicas deveriam ser como pessoas físicas: ninguém é culpado até que se prove o contrário", disse.

A pré-candidata terá uma agenda intensa de visitas a obras e participação em eventos políticos neste fim de semana. Ela vai a Salvador, onde participa de uma Missa na Igreja do Bonfim e visita obras assistenciais da Irmã Dulce, vai ao aniversário do presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Aroldo Lima, filiado ao PCdoB, partido que pretende conquistar para a sua aliança, e segue para Belém onde participa da maior procissão do planeta, a do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Dali, vai ao Sertão do Nordeste onde participa da "Caravana do S. Francisco" ao lado de Lula, quando visitará as obras da transposição.

No discurso de ontem, Dilma colocou em prática o que o Diretório Nacional do PT discutiu como uma das linhas de sua campanha: a comparação entre os oito anos do presidente Lula e os oito de Fernando Henrique Cardoso. Disse que o Brasil paga o preço pela ausência de projetos estruturantes e de linhas de crédito para financiamentos em infraestrutura.

"Foi um preço pago por 20 anos de ausência de planejamento
. O Estado não executa nada, quem executa são as empresas". A ministra fez um elogio aos empresários e comparou o volume de orçamento do governo federal em 2002 - último ano de mandato de FHC - destinado ao saneamento, com os dados atuais. "Em 2002, o governo destinou R$ 268 milhões para obras em todo o Brasil. O nosso governo reservou R$ 500 milhões, com o mesmo fim, apenas para Boa Vista [capital de Roraima]", disse a ministra.

Dilma afirmou que a maturidade dos empresários e dos gestores públicos permite ao PAC andar com mais celeridade a partir de agora. "Podemos dizer hoje, com certeza, que as coisas estão 500% melhores do que estavam quando o PAC foi lançado em 2007. Não vou ser modesta nisso", disse a ministra.

Elogiou a disposição dos empresários em apostar em projetos de infraestrutura, mas afirmou que, como "mãe do PAC", não vai considerar um fiasco se todas as metas prometidas em 2007 não forem cumpridas.

A ministra insistiu em debater com o TCU a avaliação negativa das obras. Das 15 obras apontadas pelo tribunal com indícios de irregularidade, Dilma afirmou que sete delas já tinham saído do programa, tiveram editais ou licitações canceladas e outras nem sequer haviam entrado no PAC. "Eu já disse e vou repetir: parar obra significa torná-la mais cara. Antes de mandar suspender os repasses de verbas, vamos conversar - governo, TCU e Congresso.

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