segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Dois lados do rio: a água no sertão e o pio do tucanato

Nem Schoppenhauer, o pessimista mais brilhante e influente que a humanidade já produziu (era melhor nem ter nascido, filosofava ele), se igualaria à cantilena vazia do tucanato contra os investimentos que o governo Lula está fazendo nas obras de transposição e revitalização do rio São Francisco.

por Osvaldo Bertolino

no blog O Outro Lado da Notícia


Leio na Terra Magazine que o deputado federal José Anibal (PSDB-SP) critica a caravana do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Vale do São Francisco. Ele disse que o PSDB solicitará formalmente à Casa Civil informações sobre os gastos da viagem do presidente. O partido também entrará com representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por campanha eleitoral antecipada, promete o deputado tucano.

Acompanhado de prefeitos, ministros, empresários e governadores, o presidente iniciou na quarta-feira, 14, um périplo pelas obras de transposição do Rio São Francisco — a chamada Coluna Lula. No fim de semana passado, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), também esteve na região. Durante visita à cidade de Petrolina, no interior de Pernambuco, observou projetos criados pelo governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), mas que hoje estão com as obras paradas.

Provável candidato do PSDB às eleições presidenciais de 2010, Serra aproveitou para criticar a falta de obras de irrigação na região. “Qual o problema? O governador vai com avião que não é do Estado, não há uma transgressão do ponto de vista do que determina a legislação. Ele faz isso fora do expediente”, disse Aníbal a Terra Magazine. Sobre Lula, obviamente, a avaliação é outra. “É grotesco isso que está sendo feito pelo presidente, além de ser uma transgressão absoluta, margeando a corrupção”, disse o deputado.

Polígono das Secas

Os desafetos de Lula o chamam de várias coisas: inculto (claro preconceito social), indeciso (pode ser), corinthiano (é). Mas o deputado tucano foi além — ele ataca um pedaço importante do Brasil para fazer politicagem. Nem Schoppenhauer, o pessimista mais brilhante e influente que a humanidade já produziu (era melhor nem ter nascido, filosofava ele), se igualaria à cantilena vazia do tucanato.

É difícil falar em obras prioritárias em um país como o Brasil, onde há muitas delas a serem feitas. Mas, como o dinheiro é escasso, a definição de uma lista básica deve ser a meta número 1. E nela certamente deve constar o plano de transposição das águas do rio São Francisco, concebido para melhorar a condição de vida de 12 milhões de habitantes do Polígono das Secas. Como dizia Euclides da Cunha, “as secas do extremo norte delatam, impressionadoramente, a nossa imprevidência, embora sejam o único fato em toda a nossa vida nacional ao qual se possa aplicar o princípio da previsão”.

Passado um século desde sua morte, permanecem inalteradas as razões que levaram o autor de Os Sertões a manifestar seu inconformismo diante da falta de solução para a tragédia da seca que, volta e meia, se abate sobre boa parte do Nordeste brasileiro. Os brasileiros que hoje assistem com atenção a mais uma polêmica sobre como amenizar a penúria dos flagelados dos períodos de estiagem prolongada também se inquietam com o histórico descaso do poder público — resultado da chamada “indústria da seca”, uma forma que os setores dominantes da região utilizam para se aproveitar do povo. Leia artigo completo


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