terça-feira, 13 de outubro de 2009

Gabrielli fala em oposição 'atordoada' e defende Petrobras como operador único


Folha Online

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmou nesta terça-feira, em sabatina da Folha que a oposição está "atordoada" com os projetos apresentados pelo governo para o marco regulatório do pré-sal. 'Eles [oposição] não têm posição de confronto. Todas as emendas feitas aos projetos são pontuais. Nenhuma é confrontante', afirmou.

Ele admitiu que o petróleo é uma bandeira política no país. "É uma boa bandeira política, sempre foi. Porque ele é a característica fundamental da vida moderna. Por isso tem guerra por causa dele, por isso é tão relevante política e eleitoralmente", disse.


Gabrielli voltou a defender o papel da Petrobras como operador único dos blocos do pré-sal. Os projetos de lei criados pelo governo determinam que a empresa estatal seja operadora de todos os blocos, e tenha uma participação inicial de 30% em cada um deles.

Além disso, a empresa poderá competir com as concorrentes pelos outros 70%. Toda a operação será regulada por uma nova companhia a ser criada, que ficou conhecida como Petro-sal.

"Se o Congresso aprovar os projetos, a Petrobras será operadora de 100% do pré-sal. Mas isso não quer dizer que será a única. Ela terá 30% de investimento mínimo, e as outras empresas podem entrar com os outros 70%", disse o executivo. Segundo ele, a vantagem principal de ser operadora única é o conhecimento que a empresa adquire com a atividade.

Ele ressaltou ainda que, mesmo que alguns poços não sejam 'tão rentáveis', 'se a alguma empresa fosse oferecida a oportunidade de ser operador único, de explorar cinco bilhões de barris e de explorar o pré-sal, duvido que qualquer uma no mundo recusasse'.

Risco mínimo

O presidente da Petrobras defendeu que o risco de exploração nos campos do pré-sal é mínimo e, justamente por isso, a regulação do setor deve ser alterada. "A regra atual privilegia quem assume mais risco", disse.

De acordo com ele, de 47 poços do pré-sal perfurados, foi encontrado petróleo em 41. "Desses, 13 foram perfurados com o objetivo de atingir a camada pré-sal. Nesses 13, a taxa de acerto foi de 100%", disse. "Considerando os 47, a taxa de acerto foi de 87%, enquanto a média mundial é de 25%. Ou seja, a nossa taxa é três, quatro vezes maior que a média mundial. É um fato geológico."

No evento, Gabrielli defendeu também os incentivos do governo federal para que as empresas instaladas no Brasil possam competir com as estrangeiras na produção de equipamentos para a exploração, aumentando a participação de empresas brasileiras no pré-sal.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, foi encarregado de montar uma política industrial para a exploração do petróleo do pré-sal. O objetivo é que, em três anos, dois terços dos equipamentos sejam produzidos no Brasil.

Capitalização

Gabrielli comentou também o projeto que trata da capitalização da Petrobras. Segundo ele, o governo vai ceder a exploração de 5 bilhões de barris do pré-sal à companhia, que, em um segundo momento, emitirá ações. Todos os acionistas poderão comprar esses papéis, mas a Petrobras devolverá ao governo --maior acionista da empresa-- tudo o que for pago por ele em troca das ações. Ou seja: o governo vai aumentar sua participação na empresa sem gastar recursos.

"O efeito da operação no deficit público é zero. No final do dia, o que o governo perdeu para abrir mão da exploração desses barris, ele vai ganhar em ações. A operação se completa inteiramente", disse. O dinheiro colocado pelos outros acionistas será utilizado para capitalizar a Petrobras, assim como os recursos obtidos com a exploração dos barris.

O presidente da companhia ressaltou que a emissão de ações vai envolver apenas os atuais acionistas da Petrobras o que dificulta, de acordo com ele, a utilização do FGTS para que os detentores do Fundo comprem os papéis.

"Há duas assimetrias nessa proposta: a primeira é permitir que quem tem FGTS compre os papéis e outras pessoas que querem ser acionistas da empresa não. E a segunda é, dentro do FGTS, as pessoas que já são acionistas poderem usar mais recursos do Fundo e os outros não", disse.

Segundo Gabrielli, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) já está perfurando dois poços do pré-sal para definir de onde virão os 5 bilhões de barris para a capitalização. O presidente da empresa não afirmou, porém, quais são eles.


A programação de sabatinas da Folha pode ser acompanhada no endereço eletrônico www.twitter.com/Folhadebate.

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