quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Pré-sal não é ameaça ao etanol, garante presidente da EPE

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério das Minas e Energia, Maurício Tolmasquim, declarou ontem (7) que a as reservas gigantes de petróleo do pré-sal não ameaçam a matriz energética brasileira "limpa", em especial o setor de etanol. "A exploração do pré-sal é estratégica e garantirá um salto no desenvolvimento do País, mas o modelo é totalmente compatível com a produção de combustíveis como o etanol", disse Tolmasquin.

Ele argumentou que a produção de etanol, hoje na ordem de 25 bilhões de litros/ano, deverá chegar a 60 bilhões de litros anuais em 10 anos, se mantidos o crescimento da indústria automobilística nos padrões atuais e a política de preços de combustíveis. Dos veículos novos, 93% usam o sistema bicombustível e três quartos dos proprietários optam pelo uso do álcool. "O consumidor é naturalmente atraído para a compra do etanol", disse Tolmasquin.


O etanol é competitivo com a gasolina, com petróleo até US$ 40 por barril. Pela política atual, o preço da gasolina é vinculado às cotações internacionais do petróleo. Na opinião de Tolmasquin, não há cenários que apontem o petróleo abaixo dos US$ 40 por barril. Já na área elétrica, Tolmasquin notou que o óleo e o gás não têm competitividade para deslocar hidrelétricas. E o Brasil só usou 1/3 de seu potencial de geração hidrelétrica.


As declarações do presidente da EPE foram feitas ao participar de audiência a pública da comissão especial que analisa a adoção do sistema de partilha para a exploração do petróleo do pré-sal. Segundo ele, o temor difundido pela oposição sobre os reflexos do pré-sal nos programas de energia limpa do País não procedem. "O pré-sal é uma dádiva da natureza, não podemos transformá-lo em algo ruim. Qualquer país do mundo gostaria de ter essas gigantescas reservas, que vão mudar a história do Brasil e saldar um histórico passivo social", disse.


O presidente da EPE mostrou vários números que comprovam a viabilidade do pré-sal, a começar pelo sucesso nas perfurações experimentais ocorridas até agora. "Só na bacia de Santos, que é o filé mignon, o sucesso é de 100% nas perfurações da Petrobras", disse. No conjunto de testes em todo o pré-sal, o êxito foi de 87%. As empresas do setor trabalham com uma taxa de risco mínima de 20% para medir a rentabilidade de áreas petrolíferas.


Tolmasquin defendeu o modelo de partilha proposto pelo governo num dos quatro projetos enviados ao Congresso Nacional. "A União ficará com a maior parte do petróleo extraído, definindo seu destino conforme os interesses do País", disse. Segundo ele, as empresas estrangeiras não serão afugentadas com adoção da partilha, pois poderão se associar à Petrobras via consórcios.


Ele também ressaltou que a autossuficiência do Brasil em petróleo, conseguida com o governo Lula, não decorreu do atual sistema de concessão instituído em 1997 pelo governo FHC, que quebrou o monopólio da Petrobras e abriu o setor a petrolíferas estrangeiras. "Hoje, 98,5% do petróleo extraído no Brasil vem da Petrobras, de áreas concedidas antes do inicio dos leilões pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), em 1998.

Prazo das comissões


Os presidentes das quatro comissões especiais que analisam os projetos que regulamentarão a exploração de petróleo na camada pré-sal se reuniram hoje com o presidente da Câmara, Michel Temer, para relatar o andamento dos trabalhos.


O presidente da comissão que analisa as regras para exploração e produção no pré-sal, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), explicou que eles relataram a Temer que o cronograma está sendo cumprido. O parlamentar acredita que as propostas serão votadas até 10 de novembro - data-limite estabelecida pelo governo em acordo com os líderes partidários.


Além de Chinaglia, participaram da reunião os deputados Brizola Neto (empresa de gerenciamento dos contratos), Rodrigo Rollemberg (fundo social) e Arnaldo Jardim (capitalização da Petrobras).

http://www.ptnacamara.org.br/

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