segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Rio olímpico 2016: uma pedra nos sapatos de Gabeira e Serra

A escolha do Rio como cidade-sede para a Olimpíada de 2016 conferiu fôlego ao governador e candidato à reeleição, Sérgio Cabral Filho (PMDB). A constatação — que é da própria oposição no estado — tem servido até de pretexto para uma possível desistência do deputado Fernando Gabeira (PV).

Prestes a abandonar a corrida pelo Palácio Guanabara, Gabeira avisava, antes mesmo do anúncio, que a escolha do Rio pesaria na sua decisão. Hoje, Gabeira reitera que a escolha do Rio "tem um peso grande positivo para quem esteve à frente do processo".

"Fortalece. Uma vez a pessoa conquistando uma vitória na Olimpíada, ela fica com crédito para concretizar a proposta que tornou vitoriosa", afirmou. Dizendo-se disposto a concorrer ao Senado — “essa é a tendência” —, Gabeira avalia que a vitória do Rio atenua até a pressão para que dispute o governo do Estado. "(A escolha do Rio) não é o ponto que definiu meu caminho. Mas, se ele tivesse perdido a Olimpíada, haveria uma pressão maior sobre mim para que eu fosse candidato."

No Rio, um W.O. de Gabeira debilita ainda mais o palanque do governador e potencial candidato do PSDB à Presidência, José Serra. Gabeira é hoje o único candidato da oposição ao governo federal no estado. Além dele e de Sérgio Cabral Filho, estão no páreo o ex-governador Anthony Garotinho (PR) e o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT). Os dois da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Tanto Lindberg como Garotinho reconhecem que o anúncio garante musculatura ao governador — mas minimizam. "Cabral vai capitalizar politicamente. Ele estava mal. Só tinha Lula. Agora, tem Lula e Rio-2016. Mas essa euforia não dura 30 dias", disse Lindberg. Segundo Garotinho, "num primeiro momento", a escolha tem impacto. "Se fizer uma pesquisa agora, é claro que ele (Cabral) vai dar uma subida. Mas depois dilui."

Também para Gabeira, o governador será responsabilizado pelas limitações enfrentadas pelo estado para sediar os Jogos Olímpicos. Candidato ao Senado pelo DEM, o ex-prefeito Cesar Maia afirma que, "se a eleição fosse na semana seguinte à escolha", haveria maior impacto. "Mas agora entra a fase das cobranças onde o eleitor não tem por que ter noção dos tempos e cronogramas — e aí entra a fase do desgaste para quem governa."

Entre os tucanos, o clima de pessimismo é claro. "O estado é o maior problema do PSDB. A Olimpíada é um dado a mais", admite o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). A situação é tão delicada que o prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito dos Santos Filho (PSDB), não descarta uma aliança com Cabral. "Não vejo nada de anormal nisso."


Folha de S.Paulo

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