quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Estatais investem R$ 53,6 bi em 2009; maior valor em 15 anos


Após os indícios de que a crise global ainda não passou, ao menos nos Emirados Árabes – depois do pedido de moratória do conglomerado Dubai World –, o Brasil prova que por aqui o ritmo de investimentos continua acelerado. As empresas estatais brasileiras, na contramão dos respingos da crise financeira, investiram R$ 53,6 bilhões até outubro, segundo dados divulgados pelo Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Dest), vinculado ao Ministério do Planejamento. A cifra é a maior para o período janeiro-outubro desde 1995, primeiro ano completo de vigência do Plano Real, já desconsiderada a inflação acumulada no período (veja tabela).

O orçamento autorizado para as 68 estatais com programações neste ano também ficou mais robusto; ganhou R$ 544,9 milhões, totalizando 79,9 bilhões. Como resultado, a execução de obras e serviços também cresceu. No início do ano eram 275 projetos e 271 atividades. Agora, são 304 projetos e 270 atividades. Para se ter uma ideia do que a cifra significa, basta considerar que para chegar ao montante autorizado às empresas estatais seria necessário somar o orçamento total de 11 ministérios, incluindo despesas com pessoal e funcionamento dos órgãos. Entre as pastas somadas estariam os ministérios da Ciência e Tecnologia, Justiça, Meio Ambiente, Planejamento, Desenvolvimento Agrário e Cidades.

O setor que mais recebeu investimentos este ano foi o de energia, com R$ 51,6 bilhões aplicados em projetos e atividades por todo o país. O orçamento total do setor que inclui investimentos em energia elétrica, gás, petróleo e combustíveis é de R$ 73,4 bilhões. Apesar do recorde registrado, houve uma desaceleração dos investimentos. Entre o período julho/agosto e setembro/outubro as aplicações caíram 13%. Passaram de R$ 12,9 bilhões para R$ 11,3 bilhões. Contudo, o montante continua sendo o maior valor para o 5º semestre dos últimos 15 anos.

Dos R$ 53,6 bilhões investidos este ano, R$ 9,3 bilhões foram parar no exterior. Entre as regiões mais privilegiadas com projetos e atividades desenvolvidos pelas estatais encontra-se o Sudeste, que recebeu R$ 20,9 bilhões em investimentos, ou 38% do total aplicado este ano. Na contramão, a região Centro-Oeste deteve o menor valor, a cifra de R$ 153,8 milhões. Já a região Nordeste recebeu investimentos de R$ 5,7 bilhões das empresas estatais. A região Norte foi contemplada com R$ 899,8 milhões. O Sul, por sua vez, recebeu R$ 2,6 bilhões.


O economista Paulo Brasil, vice-presidente do Sindicato dos Economistas do Estado de São Paulo, considera que os investimentos são fundamentais em momentos de crise, embora ainda sejam tímidos em relação ao montante aplicado em países de economia semelhante à do Brasil. “É necessária a adoção de uma técnica apurada da equipe econômica do governo para poder lidar com a queda da arrecadação e com a necessidade de corte dos gastos públicos sem afetar as despesas com investimentos. E, ainda, manter a meta de crescimento”, analisa.

Das 68 empresas com programação de gastos em 2009, doze apresentaram, até outubro, desempenho, em termos percentuais de realização dos respectivos orçamentos anuais, superior à média geral de 67%, entre elas encontram-se a Petrobras Netherlands PNBV (99%), Liquigás Distribuidora (94%), Eletrobrás Participações S.A. - Eletropar, (89%), Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil S.A. - TBG (79%), Eletrosul Centrais Elétricas (77%) e Petróleo Brasileiro Petrobras (76%).


Amanda Costa
Do Contas Abertas

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