segunda-feira, 8 de março de 2010

2010 é o ano da mulher na política


Serys Slhessarenko


Jornal do Brasil - 08/03/2010

O mês de março é simbólico para nós mulheres, quando comemoramos o Dia Internacional da Mulher – 8 de março.

A mulher tem sido tema de discursos, principalmente por 2010 ser um ano eleitoral.

Resolvi, por isso, fazer uma pesquisa na internet sobre a relação “mulher” e “eleições” e deparei com manchetes questionáveis: “Fulana é a única candidata mulher a concorrer às eleições”, “Representatividade pequena de mulheres nas eleições da cidade tal”, “Cotas de mulheres não é preenchida”.

É lastimável ler este tipo de notícia, em tempos nos quais a mulher conquista espaço na profissão e na família.

E por que não ocupar no meio político? A resistência feminina na política é antiga, desde 1922, quando Bertha Lutz, uma das pioneiras nessa batalha pela igualdade de direitos das mulheres, criou a Federação Brasileira para o Progresso Feminino, para lutar pela extensão de direito de voto às mulheres. O voto feminino no Brasil só passou a ser obrigatório a partir de 1934. No entanto, até hoje as mulheres ainda têm dificuldades.

Precisamos alterar esta lógica de que neste país política é coisa de “macho”.

Muitas mulheres são excluídas do processo eleitoral.

Não se candidatam, não ousam entrar neste meio.

Aquelas que rompem a barreira sofrem com a falta de apoio e de recursos financeiro e humano.

Soa paradoxal que sejamos maioria na hora de votar (somos mais de 50% do eleitorado) e minoria na hora de representar o poder. Algumas pesquisas revelam que as mulheres nem sempre votam em mulheres. O motivo, muitas vezes, é cultural. Não estamos acostumadas a ver mulheres candidatas e, muito menos, no exercício do poder.

É preconceituoso, mas nossa cultura paternalista nos impede de enxergar que a mulher pode executar política.

Este é um desafio que costuma mover o segmento feminino, mostrando sua capacidade de superação.

Segundo levantamento da ONU, de cada cinco assentos nos parlamentos do mundo, apenas um pertence a uma mulher. O ideal é que se atinja o equilíbrio. Em alguns lugares isso já acontece. Suécia e Noruega, por exemplo, as mulheres participam com 40% das cadeiras do Legislativo e 50% do Executivo.

No Brasil, é bem diferente.

Dos 513 parlamentares da Câmara dos Deputados, só 45 são mulheres (8,77%).

Nenhuma delas, mesmo em mandatos anteriores, jamais ocupou cargo titular na Mesa Diretora. No Senado, não é muito diferente. Somos 81 senadores e apenas 11 mulheres (13,58%). No entanto, conseguimos avanços, embora modestos. Na Mesa Diretora composta atualmente, dos 11 cargos disponíveis, o segmento feminino ocupa dois. Como disse o presidente Lula, “a verdade é que a mulher ainda é tratada no submundo de cada residência, como se fosse um objeto de segunda classe”, ela não participa da política, uma vez que não é um setor considerado próprio DELAS. O voto ajuda, a Constituição federal também, mas o que é necessário é a quebra do preconceito.

Há tempos, nós, mulheres, lutamos por uma posição na política brasileira. Este ano, as eleições estão aí. Teremos, pela primeira vez, várias candidatas potenciais do sexo feminino concorrendo à vaga de presidente da República.

É a chance de fazermos a diferença. As mulheres estão chegando.

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