22/05/2002 - 02h50
FERNANDO RODRIGUES
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O governo derrubou ontem a convocação de Ricardo Sérgio de Oliveira e de Gregorio Marin Preciado para prestarem depoimento na CPI do Banespa. Os dois estavam convocados formalmente desde o último dia 13 e deveriam comparecer hoje para uma sessão da comissão na Assembléia Legislativa de São Paulo.
No final da tarde de ontem, por orientação do governo, o deputado federal Júlio Semeghini (PSDB-SP), apresentou uma questão de ordem à Mesa Diretora da Câmara propondo a derrubada dos depoimentos.
A decisão foi tomada nos últimos minutos da sessão, por volta das 20h, e foi favorável ao governo. Não havia deputados de oposição em número suficiente para entrar com recurso.
Antes da decisão, o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães (BA), estava no plenário e se certificou de que o governo venceria. "As convocações não se referiam ao objeto da CPI", disse o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP).
"Além de fora do período de investigação, o fato é irrelevante para o processo de privatização do banco. Não queremos transformar a CPI em debate eleitoral. Faltam quatro meses para as eleições e temos de trabalhar muito", disse Semeghini.
A CPI foi criada para investigar o período em que o Banespa ficou sob intervenção do Banco Central, a partir de dezembro de 94. Ricardo Sérgio e Gregorio Marin estavam convocados para explicar operações que tiveram com o banco antes de 94.
"Argumentaram que as convocações estão fora do âmbito da CPI, pois as operações seriam de outro período. Não é verdade. Mas é uma demonstração de como o governo teme esses depoimentos. Fizeram uma manobra aos 46 minutos do segundo tempo e ganharam com um gol de mão", disse o deputado Luiz Antônio Fleury Filho, presidente da CPI do Banespa.
"No início da CPI foi feita uma votação e, por unanimidade, ficou decidido que seriam investigados também os fatos que levaram à intervenção", diz o relator da comissão, deputado federal Robson Tuma (PFL-SP).
Ricardo Sérgio, ex-arrecadador de fundos para campanhas de José Serra, estava convocado para explicar operações que teria feito em 92 com o Banespa, envolvendo um valor equivalente a US$ 3 milhões. Em 95, documentos relativos a esse caso teriam "desaparecido", segundo Robson Tuma.
Gregorio Marin foi do Conselho de Administração do Banespa de 83 a 87, com o apoio de José Serra para ocupar o cargo. É casado com uma prima do tucano e foi sócio de Serra num terreno vendido em 95. Teria realizado operações de empréstimos no Banespa que a CPI gostaria de esclarecer.
Na questão de ordem para derrubar os depoimentos, o governo incluiu o pedido de cancelamento da convocação de Vidal dos Santos Rodrigues, Antonio Diamantino Rodrigues, Roberto Visneviski e Ronaldo de Souza.
Todos estariam ligados ao empréstimo de US$ 3 milhões com o qual Ricardo Sérgio estaria relacionado.
Ontem, Ricardo Sérgio também enviou carta à Comissão de Fiscalização e Controle do Senado, que aprovou convite para que o empresário prestasse depoimento, dizendo que não vai comparecer.
"Por orientação de meus advogados, irei tudo esclarecer, num clima de serenidade, de forma discreta, evitando-se assim repercussões políticas neste período pré-eleitoral", diz o documento.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Dossiê do Terror:Alguém se lembra de Gregório Marin Preciado?
PSDB derruba ida de Ricardo Sérgio a CPI
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