De todos os sumiços anotados pela cúpula da campanha de José Serra, nenhum causa mais espécie que o de Arthur Virgílio (PSDB-AM), informa a coluna "Painel" da Folha de S.Paulo. É mais um capítulo para a série de debandadas tucanas na eleição.
Na duríssima tentativa de viabilizar sua reeleição, Virgílio se aliou ao candidato a governador Alfredo Nascimento (PR), que apoia a presidenciável Dilma Rousseff. Com isso, o senador rifou a campanha presidencial tucana no Amazonas.
Outra praça a preocupar o comando serrista é o Rio Grande do Norte. Ali a oposição tem a líder nas pesquisas, Rosalba Ciarlini (DEM), pupila do senador Agripino Maia (DEM). Mas a campanha esconde o candidato presidencial. Trata-se de conselho da marquetagem para não contrariar o eleitorado tão simpatizante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e potencial apoiador de Dilma.
A situação de Serra já era complicada, conforme revelou levantamento da Folha. Com 25 dias de campanha, os candidatos a governador aliados ao tucano nos oito maiores colégios eleitorais do país — que representam 94 milhões de eleitores — ainda não haviam incorporado a imagem de Serra em seus santinhos, adesivos e cartazes.
Até sexta-feira (30), só a campanha de Antonio Anastasia, em Minas Gerais, começava – timidamente e sob muita pressão – a produzir material casado. Mesmo em São Paulo, base de Serra, ainda não há material com ele ao lado de Geraldo Alckmin, exceto painéis em encontros de sua coligação.
Nos sites dos candidatos nesses oito estados, não havia um único material de campanha casado disponível para download. Nem mesmo na apresentação das páginas havia uma foto do candidato. A foto oficial de Serra, em alta resolução, está disponível no seu site oficial desde o início da corrida presidencial. Com ou sem Serra, o custo de imprimir um adesivo, por exemplo, é o mesmo.
Na campanha a governador de Marcos Cals (PSDB-CE), em vez do presidenciável Serra, o postulante à reeleição no Senado Tasso Jereissati é onipresente nas propagandas. Segundo José Liberato, coordenador da campanha de Cals, Serra ainda não entrou por "dúvidas na hora de contabilizar os custos" da impressão da imagem do candidato.
No Paraná, onde Beto Richa (PSDB) lidera as pesquisas e por onde Serra iniciou oficialmente sua campanha, a promessa era que o material casado comece a ser distribuído nesta segunda-feira. Ou seja, quando a campanha estará quase entrando na quarta semana.
O “esquecimento” se estende a Pernambuco, segundo maior eleitorado do Nordeste, região onde Serra tem o pior desempenho nas pesquisas. A coordenação da campanha de Jarbas Vasconcelos (PMDB) disse, na quarta-feira, que a imagem do tucano chegara na véspera. Até sábado, contudo, ainda não havia material casado.
Coordenador da campanha de Serra, o senador Sérgio Guerra nega que os aliados estejam escondendo deliberadamente a imagem do presidenciável tucano nos estados. Ele mesmo disse não ter Serra em seus santinhos para deputado federal. Segundo Guerra, por erro na montagem do material.
Mas, ao tentar minimizar o problema, o coordenador de Serra aponta uma razão equivocada: diz que a falda de material casado atinge também a campanha Dilma Rousseff (PT) – o que não é verdade. A imagem de Dilma acompanhava o material de campanha de seus aliados em sete dos oito maiores estados.
Guerra citou um exemplo equivocado da Paraíba – em que a imagem de José Maranhão (PMDB), aliado de Dilma, estaria associada exclusivamente ao presidente Lula. "Por que tinha material dele só com o Lula? Porque o Lula dá voto, e a Dilma não dá", disse Guerra. O material de Maranhão, no entanto, inclui Dilma.
Da Redação Vermelho, com informações da Folha de S.Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário