terça-feira, 16 de novembro de 2010

Quem quer incendiar o Brasil?


Leonardo Calvano

16 de novembro de 2010

O jornalista Leonardo Calvano estreia sua coluna sobre América Latina no site de CartaCapital comparando a imprensa dos países vizinhos e a brasileira.

O clima de guerra das últimas eleições presidenciais, alimentado por parte da imprensa e pela candidatura do derrotado José Serra (PSBD), criou um sentimento que muito me faz lembrar o que acontece há alguns anos na Venezuela e na Bolívia. Efeito disso foi a avalanche de atos preconceituosos contra nordestinos nas mídias sociais. Ignorância tamanha comparada a aristocracia cafeeira de outrora, a República café-com-leite e demais levantes fascistas de Getúlio e cia. Ah, vale lembrar que a situação venceria no Brasil mesmo sem os votos do Norte/Nordeste.

Sabemos que nos vizinhos os meios de comunicação são tão cruéis e nefastos que já colocaram em risco inclusive a democracia. Um golpe muito bem articulado contra Hugo Chávez foi tramado e só não foi bem sucedido graças ao apoio popular, que exigiu, imediatamente a volta de seu comandante.

Esse fato pode ser comprovado no documentário independente “A revolução não será televisionada”, da emissora britânica BBC. Os documentaristas estavam na hora dos incidentes e registraram todas as etapas, desde as mobilizações populares dos bairros da periferia de Caracas até os acontecimentos decisivos dentro do palácio presidencial de Miraflores.





É evidente como os meios de comunicação, principalmente a RCTV, colaboraram para o golpe. Caso tenham interesse, amigos, posso gravar o documentário para vocês.

Na Bolívia, a imprensa defende a autonomia dos departamentos mais ricos (aqueles que possuem em abundancia gás e petróleo). Em Santa Cruz de la Sierra, onde a maioria da população é de origem europeia e estão em melhores condições daquelas cuja maioria é indígena, como La Paz e Potosí, ficou evidenciado “a guerra suja de classes” numa viagem recente que fiz. Pichações de ordem racistas estão em toda parte. Assim como Chávez, Evo Morales goza de uma grande popularidade, já que está conseguindo tirar parte da população do seu país da linha da miséria, com projetos tidos como “populistas”, por seus opositores.

Por aqui, o ódio pode se tornar um agente desestabilizador da nossa jovem democracia. É preciso tomar cuidado! Uma onda de intolerância pode surgir e bater de frente aos nossos avanços em áreas primordiais para o desenvolvimento: políticas sociais, economia e relações internacionais.

Ao sul da fronteira – Este é um documentário essencial para compreender a escalada de líderes latino-americanos de esquerda na região. Foi dirigido por Oliver Stone e exibido, sem muita atenção da mídia local, nos cinemas brasileiros.



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