segunda-feira, 2 de maio de 2011

Resolução do PT ressalta "crise de identidade" das oposições

O Diretório Nacional do PT aprovou, neste fim de semana, uma resolução em que ressalta a fragmentação dos partidos de oposição no país. Segundo a legenda, os oponentes passam por uma “profunda crise de identidade”.
Rui Falcão
O documento cita a criação do PSD e o esvaziamento do DEM. A legenda atribui os problemas enfrentados pelos adversários a "sequelas" da derrota nas eleições presidenciais de 2010.

“Envoltos numa guerra de cúpula pelo comando do partido e às voltas com a debandada de seis vereadores paulistanos, os tucanos debatem-se à procura de um rumo para a oposição. (...) A dispersão, a tática confusa, a fragilidade aparente dos oponentes não nos deve levar a subestimá-los”, afirma o partido no documento.

Em outro ponto da resolução, o PT ironiza o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que em artigo publicado recentemente disse que a oposição não deveria "disputar o povão" com os partidos da base do governo. "Até seu patrono intelectual desistiu de dialogar com o povo", diz o PT.

Nomeado na sexta (29) presidente da sigla, o deputado Rui Falcão (SP), disse que os partidos que fazem oposição ao governo da presidenta Dilma Rousseff perderam sua perspectiva de projeto por causa da “falência de ideias”. Segundo ele, ideias “conservadoras e neoliberais”.

“Existe fragmentação dos partidos de oposição”, afirmou Falcão, após reunião do diretório em Brasília. “A oposição parece ter perdido a sua perspectiva de projeto, muito devido à falência de algumas das ideias que defendiam e que entraram em crise no plano internacional, ideias conservadoras, neoliberais.”

"PSD é oposição"

Ligado ao ex-ministro José Dirceu, Falcão assumiu a presidência do PT na sexta-feira (29) passada, após José Eduardo Dutra renunciar por motivos de saúde. Seu mandato vai até 2013.
Com a tarefa de montagem de palanques para a corrida municipal do ano que vem, ele afirmou que o partido lançará candidato à Prefeitura de São Paulo e afastou a chance de aliança com o PSD, recém-criado pelo atual prefeito, Gilberto Kassab.

Apesar de o partido nascer pautando uma aproximação com o governo Dilma Rousseff, Falcão disse que, em São Paulo, o PT está na oposição ao governo Kassab. "Há uma contradição", afirmou o petista. Segundo ele, a política praticada pelo prefeito, ex-DEM, é "totalmente contraditória não só com o que o PT defende, mas com o que ele propôs na campanha".

"Não há um hospital em andamento, dez corredores não se realizaram, a população ficou lá abandonada nas enchentes", atacou. Falcão é deputado estadual em São Paulo e integrou a gestão de Marta Suplicy na prefeitura.

Ao apresentar proposta de resolução política ao PT durante encontro do Diretório Nacional, no fim de semana, Falcão chegou a incluir uma ironia ao PSD, resgatando a afirmação de Kassab de disse que a sigla "não era de centro, nem de direita, nem de esquerda". O trecho, porém, foi suprimido. “Tiramos as coisas mais adjetivas para não tirar o foco do essencial”, disse o presidente do PT.

Insistindo em que o PSD "ainda não se materializou", Falcão acredita ainda no apoio do ex-democrata à candidatura do ex-governador José Serra (PSDB) no ano que vem. "Se existe alguma possibilidade de convergência entre o PSD, se materializando, o DEM e, eventualmente, até o PSDB em São Paulo, é a candidatura do Serra. Há quem diga até que o PSD poderia ser uma via alternativa para o ex-governador caso o PSDB não lhe assegure legenda."

O petista descarta hoje a hipótese de aliança com o deputado Gabriel Chalita (PSB) caso ele se filie ao PMDB para disputar a prefeitura. Falcão afirmou que o PT terá candidato. "Respeitamos a dinâmica dos diretórios. A disposição do diretório municipal é que o PT construa uma candidatura própria em São Paulo."

Apesar de reconhecer a influência do ex-presidente Lula, Falcão diz que a escolha sobre o candidato cabe ao partido. Ele afirma que nunca ouviu de Lula que o ministro Fernando Haddad (Educação) é seu candidato.

Governo Dilma
Na resolução, a cúpula petista também faz avaliação positiva do cenário no início do governo da presidente Dilma Rousseff. Os petistas ressaltam a aprovação popular à atual gestão e elogiam a política adotada pela presidente para o controle da inflação sem comprometer políticas sociais.

“O combate à inflação não se resume à flexibilidade da taxa de juros, mas é acompanhado também de restrições ao crédito, de elevação do imposto sobre operações financeiras, do aumento do depósito compulsório dos bancos. Tudo isso se faz sem sacrificar os programas sociais. Sob o governo Dilma, sob o governo Lula não se combate inflação promovendo recessão”, afirmou o presidente do PT.

Para Falcão, a popularidade do partido é cada vez maior, depois de dois governos do ex-presidente Lula e da gestão de Dilma.“O amplo apoio resulta da grande confiança iniciada pelo Lula e pelas primeiras ações do atual governo, que vêm reforçando as bases do desenvolvimento econômico com justiça social”, disse.

Reforma Política
O PT aprovou ainda uma resolução específica sobre a reforma política. A legenda quer dar prioridade à defesa do voto direto proporcional, financiamento público de campanha e das listas fechadas.

“O financiamento público é algo que não resolve tudo, mas ele inibe seguramente a corrupção eleitoral”, afirmou o presidente do PT. Para eles, as propostas do Pt têm chances de serem aprovadas.“Vejo possibilidade porque há um eco na sociedade por essas propostas. A sociedade espera e o PT se considera um dos responsáveis por essa mudança”, afirmou.

Delúbio
Outro assunto que que foi aprovado no encontro do PT foi a refiliação do ex-tesoureiro Delúbio Soares, que deixou o partido em 2005, em decorrência de acusações envolvendo o mensalão.
Falcão negou que os petistas tenham concedido anistia a Delúbio.

“Não é anistia, os erros estão lá, não foram extintos. Mas não há pena perpétua no PT. Ele sustentou a estrela e ideias do PT, mas nada depôs contra ele nesse período que dura quase seis anos”, disse.Vermelho

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