domingo, 27 de julho de 2008

O QUE ALCKMIN ESTAVA FAZENDO NA COLÔMBIA NO DIA DA PRISÃO DO ALIADO DE URIBE? SERÁ QUE ELE ESTAVA PEDINDO AJUDA PARA A OPUS DEI?


O senador colombiano Carlos García Orjuela, presidente do principal partido da coalizão do governo do presidente Álvaro Uribe, foi preso nesta sexta-feira (25) por ordem da Corte Suprema de Justiça, acusado de manter vínculos com os grupos paramilitares da ultradireita colombiana. García foi detido no contexto do escândalo da chamada parapolítica, que estourou em 2006, enquanto passava férias no balneário de Santa Marta, no Caribe colombiano.
García: ''completamente inocente''?

O líder uribista declarou-se ''tranqüilo'' e ''completamente inocente''. Presidente do Partido Social de Unidade Nacional ou simplesmente ''Partido do U'', criado em 2005 para apoiar a reeleição de Uribe, García viu-se envolvido desde abril do ano passado no escândalo que vincula políticos da base do governo com os ultradireitistas paramilitares, em particular os paras atuantes em seu departamento, Tolima. Ele foi denunciado por um paramilitar desmobilizado e as denúncias levaram à abertura das investigações que agora acarretaram sua prisão.Crise volta ao primeiro planoA prisão ocorreu quando García se colocava à frente da campanha por um terceiro mandato presidencial para Uribe.
O movimento ganhou força depois do cinematográfico resgate de Ingrid Betancourt e outros prisioneiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), no início do mês, que fortaleceu o governo e amainou temporariamente as repercussões do escândalo. Agora a crise política volta ao primeiro plano. Além de comprometer os planos do terceiro mandato, ela coloca em cheque a legitimidade da própria reeleição do presidente em 2006. Segundo a confissão de uma ex-senadora, a mudança constitucional que permitiu a reeleição foi aprovada por meio do pagamento de propinas aos parlamentares.
O correspondente da BBC em Medelín, Jeremy McDermott, disse que há acusações, negadas por Uribe, de que ele venceu as eleições presidenciais de 2002 e 2006 graças ao apoio dos paramilitares.García, que está no Senado desde 1998 e presidiu-o em 2001 e 2002, é considerado um dos principais representantes do uribismo no Parlamento. Entre os peixes grandes presos durante a investigação do escândalo, o único que se equipara a ele é Mario Uribe Escobar, primo-irmão do presidente e dirigente de outro partido governista, o Colômbia Democrática. Jea são 33 parlamentares presosO escândalo da parapolítica compromete ainda um grande número de parlamentares e também ex-governadores, prefeitos, deputados e políticos regionais. Até o momento foram envolvidos 68 congressistas dos 268 eleitos em 2006. Trinta e três deles estão presos, acusados de reunião para delinqüência e formação de grupos armados ilegais. Os paramilitares, estruturados para combater as guerrilhas revolucionárias à margem da lei, possuem cerca de 30 mil homens em armas. Eles mantêm conexões tanto com os poderosos cartéis do narcotráfico colombiano como com o aparelho de Estado. Em 1997 se confederaram nas AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia).
Em 2003, a AUC fez um acordo com o governo Uribe e concordou em desmobilizar-se, mas as milícias de extrema direita continuaram atuando, com o nome de Águias Negras.Entre os crimes atribuídos às organizações paramilitares, que García é acusado de acobertar e proteger, estão os de tráfico de drogas, seqüestros, extorsão, massacres, torturas e a grilagem de 6 milhões de hectares de terras. O Movimento Nacional de Vítimas de Crimes de Estado aponta-as como responsáveis pela eliminação de cerca de 15 mil colombianos; muitos deles foram assassinados e enterrados em fossas comuns, outros tiveram seus corpos jogados em rios.Efeitos colaterais na campanha
Quem terminou sofrendo por tabela os efeitos negativos do episódio foi o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, hoje candidato do PSDB a prefeito da capital paulista. Admirador declarado de Uribe, Alckmin estava Bototá quando García foi preso. O candidato tucano foi à metrópole de 8 milhões de habitantes manter contatos com ex-autoridades direitistas de Bogotá (hoje a cidade tem um governo de centro-esquerda, liderado pelo prefeito Samuel Moreno Rojas, um ex-sindicalista da CUT colombiana). Enquanto García era preso no Caribe, Alckmin andava de bicicleta numa ciclovia e conhecia os transportes coletivos de Bogotá. A visita terminou eclipsada na imprensa colombiana pelos desdobramentos da crise. O caso García abalou seriamente os já problemáticos frutos que a ligação com o uribismo poderia render ao tucano nas urnas paulistanas de 5 de outubro.

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