segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

BRASIL DE LULA: UMA LIDERANÇA INCONTESTÁVEL


Segunda, 15 de dezembro de 2008

'La Nación': vizinhos têm receio de liderança de Lula

O presidente Luís Inácio Lula da Silva enfrenta receio de seus colegas sul-americanos quanto à busca do Brasil pela liderança regional, segundo reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal argentino La Nación, por ocasião da cúpula presidencial em Salvador.

O encontro vai reunir 29 presidentes latino-americanos. "Alguns analistas avaliam que o país anfitrião vai mostrar sua liderança regional nesta cúpula quádrupla - a do Mercosul, da Unasul, a primeira da América Latina e do Caribe e a do Grupo do Rio - mas outros analistas advertem que nem todos os líderes estão contentes com o presidente Luís Inácio Lula da Silva, inclusive a Argentina", diz o jornal.

"Há mal-estar da Argentina, Equador, Bolívia e Paraguai com o Brasil", diz o jornal, que diz que estes países "questionam a orientação que (o Brasil) quer impor na economia".

Segundo o La Nación, as diferenças começaram durante as negociações da Rodada Doha de comércio global em julho, em Genebra, quando o Brasil, que negociava em nome dos países em desenvolvimento, aceitou a proposta dos países ricos apesar da oposição argentina.

"O Brasil usa os países em desenvolvimento para se posicionar como jogador global e depois faz com eles o mesmo que os países desenvolvidos", disseram analistas do governo de Cristina Kirchner ao jornal. Segundo esses analistas, a Índia e a África do Sul também teriam ficado descontentes com a mudança de posição brasileira em Doha.

Já o Equador, segundo o jornal, está envolvido em duas disputas com o Brasil, um por conta da expulsão da Odebrecht por conta de uma represa e outra por um empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a construção dessa empresa.

"Os países reunidos no bloco Alternativa Bolivariana para a América (Alba), liderados pela Venezuela de Hugo Chávez, se solidarizaram com o Equador neste caso. Diferentemente da petro-diplomacia de Chávez, Lula não saiu pela região apoiando candidatos presidenciais nem assegurando o abastecimento energético."

O La Nación afirma que Bolívia e Paraguai também mantêm tensas negociações com o Brasil, a Bolívia por conta do preço do gás vendido ao vizinho, e o Paraguai por conta do preço da eletricidade gerada por Itaipu.

Em editorial sobre as cúpulas paralelas em Salvador, o La Nación afirma que, no encontro, os presidentes Lula e Chávez vão continuar disputando dissimuladamente a liderança regional, mas que, provavelmente, será difícil que os líderes regionais cheguem a um acordo sobre uma política comum e como colocá-la em prática.

BBC Brasil

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