segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

MARCHA CONTRA O MASSACRE LEVA 7 MIL ÀS RUAS DE SÃO PAULO

11 DE JANEIRO DE 2009



Como em todo o mundo, cresce no Brasil a onda de protestos contra o genocídio de Israel à população da Faixa de Gaza. Neste domingo (11), fechando uma semana de mobilizações, 7 mil foram às ruas em São Paulo — segundo a organização — para manifestar sua solidariedade ao povo palestino. A passeata destacou imagens do genocidio palestino, denunciou os grandes meios de comunicação pelo apoio aos ataques, e pediu empenho total do governo brasileiro, e de todas as nações, pela paz na região.

A concentração do protesto iniciou às 10 horas no Vão Livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na Avenida Paulista, e após um percurso de três quilômetros terminou no Obelisco do Parque do Ibirapuera. Foram ditas repetidas palavras de ordem como “Estado de Israel, estado assassino, viva a resistência do povo palestino”.

Para a Polícia Militar, 3500 estavam presentes. Segundo o chefe da operação montada para acompamanhar a atividade, tenente Wantuil Andrade, 100 homens foram mobilizados e a manifestação correu em clima de ''colaboração, respeito e amizade''.

''Foi uma boa manifestação. Participaram partidos políticos, entidades sindicais, estudantis, populares, comunitárias e grande representação da comunidade árabe palestina. Estamos percebendo que a medida que o massacre se intensifica também se ampliam e se multiplicam os atos de protesto'', afirmou ao Vermelho Nivaldo Santana, vice-presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil).

Nivaldo destacou o caráter das ações e o crescente isolamento do Estado de Israel . ''O governo de Israel está isolado e sofre forte repúdio de diferentes segmentos da sociedade. As mobilizações ocorrem em todo o mundo e vai se formando uma consciência universal contra as práticas terroristas do Estado israelense e seu principal aliado, os EUA.''

Famílias inteiras participaram da caminhada, que teve ainda grande apoio de ciclistas. Muitos país levaram seus filhos nos braços e em carrinhos de bebê. Faixas com pedidos de paz, “Pelo fim do massacre na faixa de Gaza”, “Cadê a ONU?”, fotos ampliadas com cenas de crianças e idosos sendo brutalmente assassinados por soldados israelenses, e uma enorme bandeira palestina foram carregadas.

Muitos parlamentares e lideranças de partidos políticos — como o PCdoB, PT, Psol e PSTU —, falaram no carro de som. Entre eles os vereadores de São Paulo Jamil Murad (PCdoB) e Juliana Andrião Damus (PP), os deputados federais Paulo Teixeira (PT-SP) e Ivan Valente (Psol-SP), e o deputado estadual Adriano Teixeira (PT).


Holocausto palestino


Alli Ahmad Majdoub, da UNI (União Nacional das Entidades Islâmicas) e presidente da Uemb (União dos Estudantes Muçulmanos do Brasil), criticou a mídia. ''Apesar das mentiras da imprensa oficial, o mundo dá mais uma prova de que não aceita o holocausto palestino. O que se assiste não é uma guerra, mas um genocídio feito por Israel que nunca cumpriu os acordos diplomáticos, nem as leis pactuadas entre países em guerra '', disse ao Vermelho.

“O que está precisando para a paz voltar é honestidade. Mas queremos justiça, paz não vem sem justiça. Tem de haver um Estado palestino, onde passam viver os muçulmanos, os cristãos e os judeus. O Brasil serve de exemplo, porque aqui acolhe todos os povos e aqui todo mundo vive em paz”, defendeu o libanês naturalizado brasileiro, Jamal Mourad.

Para Alli, a tendêcnia é que na próxima semana a indignação mundial só aumente. ''Os ataques contínuos, sem cessar-fogo, estão impedindo qualquer ajuda humanitária. Estamos vendo nossos irmãos morrerem sem ao menos terem o direito de serem enterrados'', relatou. Ele ainda informou que nesta segunda-feira (12) as entidades farão uma reunirão aberta, às 19 horas na SBM (Sociedade Beneficente Muçulmana) de São Paulo, para definir os próximos passos do movimentos de solidariedade a Palestina.


Luta universal


Bartíria Perpétua Lima, presidente da Conam (Confederação Nacional das Associações de Moradores) explicou a grande participação na luta em defesa da Palestina. ''Lutamos pela moradia digna. Pelo quê lutam os palestinos? Pelo mesmo. Vemos a resistência da população de lá para que não sejam roubadas as suas terras assim como aqui vemos a luta do MST. Além do mais é desproporcional o poderio do Exército de Israel.''

A avaliação de Bartíria foi compartilhada por Angela Aparecida da Silva, da CMP (Central dos Movimentos Populares).

''Todos sabemos que na Faixa de Gaza as condições de vida da população são miseráveis assim como as da maioria da população daqui. O que vemos nesta passeata nada mais é do que a unificação dos movimentos sociais em uma bandeira que é universal: a defesa do direito à vida'', afirmou a liderança que também é da Marcha Mundial das Mulheres.

Juventude, mulheres e negros

A juventude, o movimento negro e de gênero marcaram forte adesão ao protesto. ''Toda essa participação expressa o sentimento humanista e solidário que o povo brasileiro tem'', reflete Augusto Chagas, presidente da UEE-SP (União dos Estudantes de São Paulo). ''A gente tem visto que a juventude, em especial, tem sido uma das principais protagonistas aqui e no mundo dos protestos contra os ataques.''

''Os negros daqui sofrem racismo como os negros de lá, por isso a nossa luta está relacionada com a dos palestinos. Exigimos que seja reconhecido o Estado da Palestina como, apesar das ações desumanas, se reconhece um Estado de Israel'', defendeu Edson França, coordenador da Unegro (União dos Negros pela Igualdade).

As mulheres mostraram a sua sensibilidade com a dor de centenas de famílias palestinas. ''Mães estão vendo seus filhos serem assassinados todos os dias. Crianças estão sendo enterradas — muitas estão vivas entre os escombros. Uma geração já está comprometida. O mínimo que nós podemos fazer é sair às ruas e dar toda solidariedade possível'', disse emocionada Rosina Conceição de Jesus, da UBM (União Brasileira de Mulheres).
Portal Vermelho.

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