14/01/2009
Em gravação, Bin Laden convoca "guerra santa" contra Israel
Folha Online
O terrorista Osama bin Laden, líder da rede Al Qaeda, lançou uma gravação na qual chama "a nação muçulmana" a uma "guerra santa" contra Israel, nesta quarta-feira. Israel, que tem nos Estados Unidos seu principal aliado, ataca a faixa de Gaza há 19 dias, para exterminar o grupo radical islâmico Hamas. A ofensiva já matou ao menos 940 palestinos.
Nenhum órgão independente confirmou a autenticidade da gravação.
"Há apenas uma maneira de promover o retorno da Al Aqsa [famosa mesquita de Jerusalém] e da Palestina, que é a jihad [guerra santa] no caminho de Deus", afirmou Bin Laden no vídeo, que dura 22 minutos e foi divulgado por sites de militâncias islâmicas. "O trabalho é convocar as pessoas à jihad e alistar os jovens em brigadas."
"Nação muçulmana, você pode derrotar a entidade sionista com suas famosas habilidades e sua grande força escondida mesmo sem o apoio de líderes [árabes] e a despeito do fato de grande parte deles [dos líderes árabes] estarem em barricadas" inimigas, disse o terrorista.
Desta vez, a voz atribuída a Bin Laden é reproduzida enquanto fotos dele e da mesquita de Al Aqsa são exibidas. A voz é similar à atribuída ao terrorista em gravações anteriores, mas não há as habituais legendas em inglês nem efeitos visuais, o que pode sugerir que o material foi produzido às pressas.
Na gravação, Bin Laden afirma ainda que os líderes árabes "evitam a responsabilidade" de libertar os palestinos e pediu que, se eles não estão "convencidos da luta", deveriam abrir o caminho para "aqueles que estão".
"Nossos irmãos palestinos, vocês sofreram muito. Os muçulmanos simpatizam com vocês no que veem e ouvem. Nós, mujahedin [os combatentes islâmicos], simpatizamos também." "Nós estamos com vocês e não vamos decepciona-los. Nosso destino está atrelado ao de vocês na luta contra a coalizão sionista, na batalha pela vitória ou pelo martírio."
Segundo a empresa americana IntelCenter, que monitora mensagens de militantes islâmicos, na mensagem, Bin Laden também menciona o fim do governo de George W. Bush e a posse de Barack Obama, no próximo dia 20; além da atual crise financeira mundial.
Conflito
Nesta quarta-feira, Israel mantém grande ofensiva em Gaza, com lançamentos de bombas e ataques, principalmente, contra os túneis que ligam o território israelense ao Egito. "Utilizaram bombas que atingiram os túneis profundos e abalaram o campo de refugiados de Rafah. Todo o chão tremeu sob nossos pés", disse o câmera palestino Bassam Abdallah. "Costumávamos ter medo, mas agora estamos acostumados."
Pela manhã, três mísseis modelo katyusha lançados a partir do Líbano atingiram o norte de Israel sem deixar vítimas. O ataque foi respondido por Israel com artilharia, e os militares do Estado hebreu alertaram o governo e o Exército libanês de que são responsáveis por impedir ataques a partir de seu território --há o temor de que o grupo libanês Hizbollah se envolva no conflito na faixa de Gaza, em favor do Hamas.
Trata-se do quarto ataque a forças israelenses saídos dos países vizinhos a Israel, desde o início da ofensiva. Os outros ocorreram na Síria e na Jordânia.
Horas depois, mais três mísseis --maiores que os Qassam normalmente lançados pelo Hamas-- foram lançados desde a faixa de Gaza.
Por volta das 13h (9h de Brasília), as sirenes de alerta para ataques aéreos soaram por cerca de 30 segundos em vários pontos de Israel, inclusive em Jerusalém, por causa de erros técnicos, informou o Exército. O sinal provocou pânico e levou várias pessoas a se esconderem em abrigos.
Comentário.
Como diz o escritor Eduardo Galeano:"Muito se parecem entre si o terrorismo artesanal e o de alto nível tecnológico, o terrorismo dos fundamentalistas religiosos e dos fundamentalistas de mercado, o terrorismo dos desesperados e o dos poderosos, o dos loucos e os dos profissionais de uniforme.Todos compartilham o mesmo desprezo pela vida humana".
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