sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O POBRE SEMPRE PAGA O PATO

Em busca dos votos perdidos?

Eduardo Paes iniciou o mandato de prefeito impondo o que chamou de “choque de ordem” no Rio de Janeiro.

Um dos objetivos dessas ações é o de liberar as calçadas da cidade para o trânsito dos pedestres. Com essa finalidade, o novo prefeito mandou recolher os pobres que acampam nas ruas e buscam o abrigo das marquises contra a chuva e o sereno da madrugada.

A iniciativa, que, genericamente, tem méritos, começa, nesse ponto, a desandar e ganhar objetivos eleitorais.

É da zona sul da cidade que surgem as pressões organizadas capazes de influenciar políticas públicas do poder municipal. Nessa região, mais rica e de maior atração turística, as ações administrativas sempre ganham destaque nos meios de comunicação. Circunstancialmente, é também onde está concentrada a maioria dos eleitores que votavam em Paes e que, na última eleição, foi seduzida pela candidatura de Fernando Gabeira.

Estaria Paes apenas em busca dos votos perdidos?

A zona sul – Copacabana, Ipanema e Leblon, entre outros bairros – merece atenção. Há mesmo uma ocupação indevida das calçadas. O foco, no entanto, deveria ser centrado nos automóveis estacionados nelas e nos “puxadinhos” de bares e restaurantes que avançam sobre os passeios públicos.

Fora isso, tudo se restringirá ao espetáculo da repressão. Até porque os moradores de rua não desaparecerão por milagre. Ou, pelo menos, enquanto a preferência no Brasil for a de exterminar os pobres em vez de acabar com a pobreza. E isso já escapa da competência do prefeito.
Maurício Dias.

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