Venda de livro de Battisti sobe até 25% após polêmica
Agencia Estado
SÃO PAULO - A polêmica criada pela decisão do governo brasileiro de negar a extradição do ativista Cesare Battisti à Itália elevou em até 25% as vendas do único dos 11 livros de Battisti editado no Brasil - "Minha Fuga Sem Fim". Battisti foi julgado à revelia na Itália pela morte de quatro pessoas em ações do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), crimes que ele negou ter cometido em entrevista à revista IstoÉ desta semana. Em carta encaminhada à imprensa hoje, Battisti reafirmou sua inocência.
"Minha Fuga Sem Fim" foi traduzido e lançado pela editora Martins Fontes em dezembro de 2007. No livro, Battisti conta sua trajetória até sua prisão no Brasil, em março de 2007. Nas oito lojas da Livraria Cultura em São Paulo, Campinas, Recife, Brasília e Belo Horizonte, do início do ano até ontem as vendas haviam crescido 25%, de acordo com a assessoria de imprensa da livraria.
"Durante o tempo em que ele esteve preso, a mídia deu pouco espaço para o caso, que teve grande repercussão só agora. E isso desperta o interesse do público. Ele ainda é retratado como um monstro, especialmente na Itália, onde quem manda é o (Silvio) Berlusconi (primeiro-ministro italiano)", diz o publisher da Martins Fontes, Evandro Mendonça Martins Fontes. Segundo ele, no ano passado apenas 20% dos dois mil livros impressos na primeira edição foram vendidos. "Desde que o caso voltou a ocupar as manchetes, passamos a receber pedidos regulares de livrarias de Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte. Isso é um sinal de que, afinal de contas, a mídia está ajudando nessa demanda." Ele não dispõe de uma estatística de crescimento.
A editora, aliás, quer agora negociar com o autor as publicações de outros títulos, e até circula no mercado uma cópia da sua penúltima obra, o livro "Ser Bambu", que, segundo Fontes, está no computador apreendido pela Polícia Federal quando da prisão do ativista. Segundo ele, uma pessoa que conviveu com Battisti obteve uma cópia do livro e a ofereceu à editora. "Deixei claro que não faria absolutamente nada porque a negociação tem que ser feita com o Battisti", conta o publisher, que apoia a decisão do governo de negar a extradição do italiano.
"Eu sou apartidário e não decidi publicá-lo por questões políticas. Eu tomei uma decisão profissional, porque a história me convenceu. E, como cidadão, apoio a decisão do Tarso (Tarso Genro, ministro da Justiça). Não é oportunismo, mas acho especial esse momento e fico feliz por ter publicado o livro, por poder mostrar a história dele. Torço para que ele saia logo da prisão e possa reconstruir sua vida como escritor. Espero que agora a sociedade o conheça."
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