sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Com um certo atraso, mas vale a pena ler


Nova ordem mundial
Autor(es): Hilton Mattos


Jornal do Brasil - 02/10/2009

RIO - O Brasil é postulante a um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Sonha ser o representante sul-americano após a reformulação da entidade para se juntar a China, EUA, Inglaterra, Rússia e França. Alguns passos foram dados nesse sentido, política e economicamente falando. Para ganhar nova visão de mundo, a escolha do Rio como cidade-sede da Olimpíada de 2016 pode impulsionar essa candidatura.

Na visão do cientista político David Fleischer, a decisão hoje à tarde do Comitê Olímpico Internacional provocará mudanças impactantes para o país no cenário mundial. Se o Brasil vencer(COMO DE FATO VENCEU) a disputa com Madri, Chicago e Tóquio pelo direito de sediar os Jogos, terá tudo para se tornar um país grande e ser respeitado mundialmente.

– Antes do Pan (Rio-2007), o grande evento realizado no Brasil foi a Copa do Mundo de 1950. Agora, temos dois (eventos) seguidos: a Copa de 2014 e (Olimpíada) 2016. Isso mostrará do que o Brasil é capaz – analisa Fleisched.

A tarefa não é simples. As cidades concorrentes apresentaram, além de economicamente mais fortes, oferecem estrutura e equipamentos prontos. À candidatura brasileira, as garantias vieram da união dos três setores de governo. Antes, os esforços com vistas a 2004 e 2012 não passaram da primeira fase. O quadro, hoje, é diferente. Muito se deve à credibilidade com a qual o país é visto, principalmente, no primeiro mundo.

– A vitória amanhã (sexta-feira) vai comprovar que somos um país bastante maduro. Temos crescido muito, já colocamos o dedo no Oriente Médio e a ambição brasileira no momento é o Conselho de Segurança da ONU – reiterou o cientista político.

Dependendo do ponto de vista dos países mais evoluídos, o Brasil está entre a oitava e décima economia do mundo. Não há, por exemplo, um sistema de transporte compatível com o exigido pelo COI ou pela Fifa. O mesmo para rede hoteleira, aeroportos e segurança. Há dois anos, o Rio sediou os Jogos Pan-Americanos. No entanto, pelo tamanho do evento olímpico, não há parâmetros. E de onde veio a tolerância das entidades que controlam o futebol e os Jogos Olímpicos?

A relação política dos presidentes da CBF e COB (respectivamente, Ricardo Teixeira e Carlos Arthur Nuzman) com as esferas máximas dos esportes do mundo responde parte da pergunta. E outra parte pode ser atribuída à transformação do país e ao comprometimento dos políticos no projeto. Prefeito, governador, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e até o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, deram garantias aos comitês executivos tanto do COI quanto da Fifa.

– O governo Lula tomou medidas importantes. Lula afirmou que somos os líderes da América do Sul. O BNDES agora empresta dinheiro para os vizinhos. Só país grande fazia isso. O Brasil está se posicionando como um líder mundial – observou Fleisched.

País só do futebol?

Antes, era comum citar o Brasil apenas como o país do Carnaval e do samba. De uns tempos para cá, a credibilidade foi além dos gramados e do Sambódromo.

– O Brasil hoje desponta no mundo como referência em muitas atividades, como cirurgia plástica, arquitetura, pesquisa básica na área de saúde e de saneamento, engenharia de grandes estradas e de monumentos – defende Maurício Murad, sociólogo da Uerj e da Universo.

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