terça-feira, 6 de outubro de 2009

DERROTA DE CHICAGO RESPINGOU EM OBAMA



Apesar do reconhecido carisma de Obama e de seu poder de persuasão, seu empenho pessoal na indicação de Chicago para hospedar a Olimpiada de 2016, fracassou.

Foi uma derrota extremamente embaraçosa, porque a cidade que ele escolheu para viver e onde construiu sua carreira politica, não apenas perdeu, mas ficou em último lugar. Caiu logo na primeira rodada, enquanto as outras candidatas continuaram na disputa.

Bem, a derrota de Chicago logo poderia ser esquecida, seria encarada apenas como um capricho político, e não como uma derrota pessoal do presidente. Mas, se por qualquer motivo, Obama começar a colecionar outras derrotas, seu desempenho nesse caso cresce de importância e passa a ser emblemático.

O fato de Obama ter permanecido em Copenhagen apenas quatro horas e lá não ter ficado para a votação, indica duas possibilidades. Ou ele estava tão certo da vitória que achou que não era necessário ficar até o final ou pressentiu a derrota de sua cidade e escafedeu-se antes.

Na volta à Casa Branca, só lhe restou o choro dos vencidos: “uma das coisas mais valiosas do esporte é que você pode jogar uma grande partida e ainda assim não ganhar”.

Na semana em que se concentrou na tentativa de emplacar Chicago, as críticas a Obama ganharam terreno. A direita conservadora americana está marcando em cima e aproveitou para desancar o presidente por dedicar seu tempo ao projeto olímpico, quando tem uma agenda lotada de problemas que merecem uma solução já.

Em matéria de problemas, a bola da vez é a guerra no Afeganistão, um tema que ganhou espaço na última semana depois que o general Stanley McCrystal, comandante geral das tropas naquele país, chamou a atenção para um possível fracasso militar se não houver uma mudança na estratégia de guerra e se as tropas não receberem um reforço imediato de 40 mil homens. A Casa Branca tem dúvidas, ainda não se pronunciou e está avaliando a situação na frente de guerra, onde o número de baixas norte-americanas cresceu rapidamente nas últimas semanas.

Mas como a oposição republicana, que parece ter esquecido que foi Bush que meteu o pais nessas duas encrencas (Iraque e Afeganistão), acusou o presidente de não dar importância às observações do general, Obama aproveitou as poucas horas na capital dinamarquesa para conversar com McChrystal, a quem mandou chamar com urgência.

McChrystal tem falado mais do que deve em público e criado situações embaraçosas para a Casa Branca. Os dois se reuniram durante meia hora a bordo do Air Force One, teoricamente para tratar da guerra, mas há quem diga que Obama deve ter passado um pito no general boquirroto que fala muito e fornece munição para a direita conservadora do país. Oportunista, a oposição já pensa em entronizar McChrystal como herói e até em convocá-lo para uma audiência na Câmara dos Representantes.

É inegável a capacidade de trabalho do presidente norte-americano. Mas como muitas de suas promessas de campanha não avançaram porque dependem de fatores alheios à administração, seus críticos preferem dizer que ele tenta muitas coisas ao mesmo tempo, mas é bem sucedido em poucas.

É nessa conta-corrente que entra a derrota do projeto olímpico de Chicago.


Eliakim Araujo, Direto da Redação.

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