quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Fiéis a Lula esperam pelo candidato dele


Valor Econômico - 15/10/2009

O prestígio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre os beneficiários do Bolsa Família do Semi-árido nordestino segue em alta, mas a hipótese de que ele venha a transformar esse prestígio em milhões de votos para um candidato à sua sucessão em 2010 vai exigir um enorme esforço e marketing eleitoral durante a campanha.

Todas as pessoas ouvidas pelo Valor sobre o tema sabiam que haverá eleição presidencial em 2010, disseram que votariam no Lula se fosse possível, mas mostraram total desconhecimento da existência de um candidato indicado pelo presidente. Mais ainda: nenhuma delas soube dizer quem era Dilma Rousseff, a provável candidata do PT à sucessão de Lula. Nem mesmo Marlúcia Aureliana do Nascimento, que migrou de Cícero Dantas, Bahia, para Tabatinga, São Paulo. Em 2005 ela declarou-se eleitora de Lula em todas as eleições que ele disputou e afirmou que votaria por sua reeleição em 2006, embora naquele momento o presidente estivesse na berlinda, acossado pelo mensalão. "Não sei quem é candidato", disse. Marlúcia mantém-se fiel ao presidente e promete seguir o caminho que ele apontar. "Se o Lula mandar votar em um candidato, eu voto."

Em Campinas do Castro, o povoado natal de Marlúcia, o discurso é muito semelhante. "Eu gosto muito de Lula, mas não sei em quem votar. Ele vai indicar alguém?", pergunta Maria Eunice Conceição de Souza, 44, que recebe R$ 82 do Bolsa Família.

Alexandra Guerra dos Santos, comerciante do povoado, não tem resposta diferente. "Não sei quem será o candidato do Lula." Reação parecida teve Josefa do Nascimento, irmã de Marlúcia, que recebe R$ 62 por mês do programa. "Já estão falando de alguém (para substituir Lula)?", perguntou.

No município de Fátima, o quadro não muda. Josefa Santos Vieira, 30, R$ 102 do Bolsa Família, mostra total desconhecimento do quadro sucessório e joga o problema para o futuro: "Vamos ver quem o Lula vai apoiar." Tamires Souza dos Santos, 16, que votará em 2010 pela primeira vez, mostrou, além do desconhecimento, um precoce desencanto. "A gente aqui não liga para votar. Só se ouve falar em roubalheira." (CS)

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