terça-feira, 20 de outubro de 2009

Só deputados da direita assinaram pedido de CPI do Campo


Das 185 assinaturas de deputados que constam no requerimento para criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Campo protocolado nesta terça-feira (20), pela oposição, na Secretaria da Mesa do Congresso - 117 são de parlamentares que pertencem a partidos da oposição e 68 são de outros partidos, como o PMDB (22) e o PR (16), que integram a base de apoio ao governo, mas se enquadram no perfil de parlamentares da direita.

Até mesmo os dois deputados do PDT que assinaram o requerimento são deputados ligados à bancada ruralista.

O pedido de CPI foi encabeçado pelo DEM. Os deputados Ronaldo Caiado (DEM-GO), Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), líderes da bancada ruralista, protocolaram o pedido.

Os deputados do DEM estão orientando as entidades ligadas ao agronegócio para monitorar cada deputado e senador que assinou o documento a verificarem se as assinaturas não serão retiradas.

Essa é a segunda vez que a oposição tenta criar a comissão para investigar o repasse de recursos de organizações não governamentais (ONG's) para o Movimento dos Trabalhadores Ruais Sem Terra (MST). Na primeira tentativa, há cerca de um mês, os governistas conseguiram impedir a criação da CPMI, fazendo com que parlamentares retirassem a assinatura do requerimento. Pelas normas do Congresso, é permitida a inclusão ou retirada de assinaturas em CPIs até a meia-noite do dia da leitura do requerimento de criação.

Nesta quarta-feira (21), o pedido deve ser lido em sessão conjunta da Câmara e do Senado.

A Secretaria da Mesa ainda não divulgou a lista dos 35 senadores que assinaram o requerimento. Para instalação da CPMI, são necessárias 171 assinaturas de deputados e 27 de senadores.

Tentativa de criminalização

Para o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), uma CPI não é o melhor caminho para a solução dos conflitos no campo. "A ideia da oposição, especialmente do líder do Democratas, é reeditar esse velho conflito UDR-MST que é um conflito superado no Brasil", afirmou.

Fontana defende que o Brasil "precisa de paz no campo, precisa de apoio à agricultura familiar, à agricultura empresarial, de mais políticas de financiamento, ampliar programas como o Mais Alimentos, que é um programa que está em pleno curso hoje, e não de briga política, usando o meio rural. Nós precisamos de tranquilidade e de apostar em políticas positivas e propositivas".

O deputado Fernando Ferro (PT-PE) vê como despropositada a criação de uma CPMI para investigar o MST. Ele vê na CPMI uma tentativa de criminalizar o MST e afirma que os ruralistas são os responsáveis pela estrutura latifundiária injusta predominante no País. Ferro defende uma CPMI que investigue a violência no campo.

"É muita mais uma reação dos ruralistas desta Casa ao MST, uma reação político-ideológica, por conta da possibilidade de o governo rever os índices de produtividade, e se aproveitaram de um incidente lamentável, provocada por alguns integrantes do movimento", acrescenta Ferro.

Abaixo, a lista com o número de assinaturas por partido:

DEM - 49
PSDB - 55

PPS - 13
PMDB - 22

PR - 16
PP -14
PDT - 2
PHS - 1
PRB -1
PSC - 4
PTB - 4
PTC - 1
PV - 2
PTdoB - 1

Da redação, Vermelho, com agências

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