Agência Estado
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, previu nesta quinta-feira, 11, que a economia brasileira crescerá acima de 5,7% em 2010. Segundo ele, se nada mais ocorresse na economia, o crescimento do PIB já seria de 2,7%, por causa do efeito carregamento de 2009.
Ele considerou que, embora negativo, o resultado do PIB em 2009 foi "razoável" porque o mundo viveu a maior crise do capitalismo nos últimos anos. Ele destacou que a indústria e os investimentos puxaram a expansão do PIB no quarto trimestre do ano passado. "Aquele vigor que a economia tinha antes da crise foi retomado. O crescimento é de boa qualidade", disse o ministro, destacando que a alta dos investimentos tem sido maior do que o consumo, o que é salutar para a economia. "A economia brasileira já deixou a crise para trás. O resultado do quarto trimestre demonstra isso", afirmou.
Mantega disse que o Brasil teve o melhor desempenho do que a maioria dos países do mundo. Segundo ele, os dados do quarto trimestre anualizados só não foram melhores que os da China, Rússia, Indonésia e México dentre os países que compõem o G-20. Ele destacou ainda o crescimento da demanda não só pelo aumento do consumo das famílias, mas também pela alta das vendas do comércio varejista. "2010 começou muito bem, com a demanda aquecida", disse, ao citar os setores de móveis, que recebeu incentivo fiscal do governo, e hipermercados e supermercados. "Janeiro foi um mês forte de crescimento da demanda e certamente será dos investimentos", declarou.
O ministro também ressaltou que o Brasil foi um dos poucos países que geraram emprego durante a crise, com quase um milhão de novos postos de trabalho com carteira assinada, o que explica porque o mercado consumidor continua crescendo. Mantega disse ainda que as medidas adotadas pelo governo para superar a crise foram muito eficazes, tanto na reativação do crédito quanto na redução de tributos para alguns setores. "A redução dos tributos está sendo retirada porque a economia está recuperada e não precisa desses empurrões do governo", acrescentou.
'Fechamos 2009 com 'chave de ouro'
Mantega também afirmou acreditar que o resultado do PIB no último trimestre mostra que o País fechou o ano passado com "chave de ouro", em termos de crescimento econômico.
No quarto trimestre, o PIB cresceu 2%, ante o terceiro trimestre, o que em termos anualizados representa alta de 8,4%. O ministro ressaltou que 2009 foi um ano de crise, cujo impacto negativo foi muito forte no primeiro semestre, que teve PIB negativo. No segundo semestre, a economia se recuperou e cresceu de forma "extraordinária".
Ele lembrou que a queda de 0,2% do PIB no ano passado é a média do desempenho do primeiro semestre com o segundo semestre. Apesar do recuo da economia no ano passado, Mantega considerou "bom" o desempenho do ano, em comparação com o de outros países.
"A maioria dos países teve um desempenho negativo muito forte", disse Mantega, lembrando que a crise econômica foi a pior em 80 anos.
Ainda há capacidade ociosa
Mantega avalia que a indústria ainda tem capacidade ociosa e pode crescer 7% ou 8% este ano
tranquilamente. "Insisto que o crescimento brasileiro é sustentável", disse Mantega explicando que a sobra na capacidade produtiva permite que haja expansão sem pressionar os preços.
Ele explicou que não há precisão nas projeções de PIB e que "há pouca diferença entre um crescimento de 5,4%, 5,5% e 5,7%". "Do ponto de vista da economia, é praticamente a mesma coisa", considerou ao lembrar que o IBGE costuma revisar suas projeções de PIB. O ministro disse que, oficialmente, a projeção do Ministério para este ano continua de expansão de 5,2%.
Mantega disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem se reuniu hoje pela manhã, ficou satisfeito com o resultado do PIB de 2009 porque o desempenho brasileiro foi melhor do que a maioria dos países. De acordo com o ministro, o presidente ficou mais preocupado em analisar os dados do último trimestre e olhar para o presente, questionando se o crescimento que está ocorrendo é sustentável e não gera inflação. Mantega disse ter respondido que sim, que o crescimento ocorre sem pressionar preços.
O ministro disse ter dito a Lula também que a alta da inflação em janeiro e fevereiro foi sazonal e que, a partir de março, os índices devem vir comportados. "Em termos de inflação, teremos resultados satisfatórios em 2010", afirmou.
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