sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Ainda a disputa no tucanato


Redação Carta Capital

5 de novembro de 2010

Nos primeiros dias de novembro, a Divisão de Inteligência da Polícia Federal colocou em campo duas equipes de agentes – uma em Belo Horizonte, outra em Brasília – para encontrar o jornalista Josemar Gimenez, do Grupo Diários Associados. Queria convocá-lo a depor na superintendência da capital federal. Diretor de redação dos jornais Estado de Minas e Correio Braziliense, Gimenez é peça fundamental para esclarecer a participação do ex-governador Aécio Neves, do PSDB, na origem de um dossiê montado para atingir o também tucano José Serra, candidato derrotado à Presidência da República. Após dois dias de busca, a PF conseguiu notificá-lo.

Na quarta-feira 3, Gimenez disse ao delegado federal Hugo Uruguai não ser o responsável pela pauta do dossiê, iniciativa que o jornalista Amaury Ribeiro Jr. teria tomado por conta e risco (como se isso fosse possível numa redação), embora tenha sido financiado pelo jornal para tocar o projeto. O diretor do Estado de Minas admitiu à PF que os Diários Associados financiaram as empreitadas do repórter até 23 de julho do ano passado – providencialmente dois meses antes das quebras de sigilo fiscal, encomendadas pelo jornalista, de políticos tucanos e de Verônica Serra, filha do ex-governador de São Paulo.


Gimenez só não explicou como um funcionário pode ter decidido apurar uma reportagem contra Serra, após, como afirma, descobrir uma trama contra Aécio, sem o consentimento da direção do veículo no qual trabalhava. E pior: ter sido financiado e liberado da rotina normal de trabalho por um jornal que diz nada ter a ver com o caso.

Ribeiro Jr., 47 anos, foi levado a Belo Horizonte no início de 2008 por Gimenez, após ser baleado enquanto cobria uma guerra de traficantes no entorno de Brasília. São amigos de longa data, tanto que o repórter é, inclusive, padrinho de um dos filhos do diretor do Estado de Minas. Gimenez também é amigo de Luiz Lanzetta, dono da Lanza Comunicação, demitido da pré-campanha de Dilma Rousseff depois de ter tentado levar Ribeiro Jr. para trabalhar no comitê da petista, acusado de querer montar um suposto “núcleo de inteligência”.

A Polícia Federal também vai convocar Andréa Neves, irmã do ex-governador de Minas, responsável pelas relações de Aécio com a mídia mineira.

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