O historiador inglês Eric Hobsbawm elogiou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Partido dos Trabalhadores por terem mostrado ao mundo, desde 2003, que ainda é possível "que a classe trabalhadora forme o esqueleto de movimentos mais amplos de transformação social".
"O Brasil, que tem um caso clássico de partido trabalhista nos moldes do fim do século 19 -baseado numa aliança de sindicatos, trabalhadores, pobres em geral, intelectuais e tipos diversos de esquerda- que gerou uma coalizão governista notável. E não se pode dizer que não seja bem-sucedida, após oito anos de governo e um presidente em final de mandato [a entrevista foi feita no final de 2010] com 80% de aprovação", disse Hobsbawn, em entrevista ao jornal inglês The Guardian, republicada hoje (25) pelo jornal Folha de S. Paulo.
Aos 93 anos, Hobsbawm publica um novo livro e diz que , hoje, do ponto de vista ideológico, se sente mais em casa na América Latina. " É o único lugar no mundo em que as pessoas fazem política e falam dela na velha linguagem -a dos séculos 19 e 20, de socialismo, comunismo e marxismo", disse.
Leia a entrevista:
'Sinto-me mais em casa na América Latina', diz Hobsbawm
Hampstead Heath, em Londres, orgulha-se do seu papel na história do marxismo. Era lá que, aos domingos, Karl Marx subia o Parliament Hill com sua família. Nos dias de semana, Marx se juntava a Friedrich Engels para caminhar pelo parque. A ambição marxista permanece viva na casa de Eric Hobsbawm, numa rua lateral que sai do parque. Na última vez em que o entrevistei, em 2002, ele enfrentava outro ataque da mídia pela ligação com o Partido Comunista.
As coisas mudaram: a crise global transformou os termos da discussão, e a crítica marxista da instabilidade do capitalismo ressurgiu. Parecia não haver momento melhor para Hobsbawm reunir seus ensaios mais famosos sobre Marx em um volume, com material sobre o marxismo visto à luz do crash.
Guardian - Há no âmago desse livro um senso de algo que provou seu valor? De que, mesmo que as propostas de Marx possam não mais ser relevantes, ele fez as perguntas certas sobre o capitalismo?
Eric Hobsbawm - Com certeza. A redescoberta de Marx está acontecendo porque ele previu muito mais sobre o mundo moderno do que qualquer outra pessoa em 1848. É isso, acredito, o que atrai a atenção de vários observadores novos -atenção essa que, paradoxalmente, surge antes entre empresários e comentaristas de negócios, não entre a esquerda.
O sr. tem a impressão de que o que pessoas como George Soros apreciam em parte em Marx é o modo brilhante com que ele descreve a energia e o potencial do capitalismo?
Acho que é o fato de ele ter previsto a globalização que os impressionou. Mas acredito que os mais inteligentes também enxergaram uma teoria que previa o risco de crises. A teoria oficial do período, fim dos anos 90, descartava essa possibilidade.
E o sr. acha que o interesse renovado por Marx também foi beneficiado pelo fim dos Estados marxistas-leninistas?
Com a queda da União Soviética, os capitalistas deixaram de sentir medo, e desse modo tanto eles quanto nós pudemos analisar o problema de maneira muito mais equilibrada. Mas foi mais a instabilidade da economia globalizada neoliberal que, creio, começou a ficar tão evidente no fim do século.
O sr. não está surpreso com o fato de a esquerda marxista e a social-democrata não terem explorado politicamente a crise dos últimos anos?
Sim, é claro. Na realidade, uma das coisas que procuro mostrar no livro é que a crise do marxismo não é só do seu braço revolucionário, mas também do seu ramal social-democrata. O reformismo social-democrático era, essencialmente, a classe trabalhadora pressionando seus Estados-nações. Com a globalização, a capacidade dos Estados de reagir a essa pressão se reduziu concretamente. Assim, a esquerda recuou.
O sr. acha que o problema da esquerda está em parte no fim da classe trabalhadora consciente e identificável?
Historicamente falando, isso é verdade. O que ainda é possível é que a classe trabalhadora forme o esqueleto de movimentos mais amplos de transformação social.
Um bom exemplo é o Brasil, que tem um caso clássico de partido trabalhista nos moldes do fim do século 19 - baseado numa aliança de sindicatos, trabalhadores, pobres em geral, intelectuais e tipos diversos de esquerda- que gerou uma coalizão governista notável. E não se pode dizer que não seja bem-sucedida, após oito anos de governo e um presidente em final de mandato [a entrevista foi feita no final de 2010] com 80% de aprovação.
Ideologicamente, hoje me sinto mais em casa na América Latina. É o único lugar no mundo em que as pessoas fazem política e falam dela na velha linguagem -a dos séculos 19 e 20, de socialismo, comunismo e marxismo.
O título de seu novo livro é "How to Change the World". No final, o sr. escreve: "A substituição do capitalismo ainda me parece possível". A esperança continua forte?
Não existe esperança reduzida hoje. O que digo agora é que os problemas do século 21 exigem soluções com as quais nem o mercado puro nem a democracia liberal pura conseguem lidar adequadamente. É preciso calcular uma combinação diferente. Que nome será dado a isso não sei. Mas é bem capaz de não ser mais capitalismo, não no sentido em que o conhecemos aqui e nos EUA. PT Org.
"O Brasil, que tem um caso clássico de partido trabalhista nos moldes do fim do século 19 -baseado numa aliança de sindicatos, trabalhadores, pobres em geral, intelectuais e tipos diversos de esquerda- que gerou uma coalizão governista notável. E não se pode dizer que não seja bem-sucedida, após oito anos de governo e um presidente em final de mandato [a entrevista foi feita no final de 2010] com 80% de aprovação", disse Hobsbawn, em entrevista ao jornal inglês The Guardian, republicada hoje (25) pelo jornal Folha de S. Paulo.
Aos 93 anos, Hobsbawm publica um novo livro e diz que , hoje, do ponto de vista ideológico, se sente mais em casa na América Latina. " É o único lugar no mundo em que as pessoas fazem política e falam dela na velha linguagem -a dos séculos 19 e 20, de socialismo, comunismo e marxismo", disse.
Leia a entrevista:
'Sinto-me mais em casa na América Latina', diz Hobsbawm
Hampstead Heath, em Londres, orgulha-se do seu papel na história do marxismo. Era lá que, aos domingos, Karl Marx subia o Parliament Hill com sua família. Nos dias de semana, Marx se juntava a Friedrich Engels para caminhar pelo parque. A ambição marxista permanece viva na casa de Eric Hobsbawm, numa rua lateral que sai do parque. Na última vez em que o entrevistei, em 2002, ele enfrentava outro ataque da mídia pela ligação com o Partido Comunista.
As coisas mudaram: a crise global transformou os termos da discussão, e a crítica marxista da instabilidade do capitalismo ressurgiu. Parecia não haver momento melhor para Hobsbawm reunir seus ensaios mais famosos sobre Marx em um volume, com material sobre o marxismo visto à luz do crash.
Guardian - Há no âmago desse livro um senso de algo que provou seu valor? De que, mesmo que as propostas de Marx possam não mais ser relevantes, ele fez as perguntas certas sobre o capitalismo?
Eric Hobsbawm - Com certeza. A redescoberta de Marx está acontecendo porque ele previu muito mais sobre o mundo moderno do que qualquer outra pessoa em 1848. É isso, acredito, o que atrai a atenção de vários observadores novos -atenção essa que, paradoxalmente, surge antes entre empresários e comentaristas de negócios, não entre a esquerda.
O sr. tem a impressão de que o que pessoas como George Soros apreciam em parte em Marx é o modo brilhante com que ele descreve a energia e o potencial do capitalismo?
Acho que é o fato de ele ter previsto a globalização que os impressionou. Mas acredito que os mais inteligentes também enxergaram uma teoria que previa o risco de crises. A teoria oficial do período, fim dos anos 90, descartava essa possibilidade.
E o sr. acha que o interesse renovado por Marx também foi beneficiado pelo fim dos Estados marxistas-leninistas?
Com a queda da União Soviética, os capitalistas deixaram de sentir medo, e desse modo tanto eles quanto nós pudemos analisar o problema de maneira muito mais equilibrada. Mas foi mais a instabilidade da economia globalizada neoliberal que, creio, começou a ficar tão evidente no fim do século.
O sr. não está surpreso com o fato de a esquerda marxista e a social-democrata não terem explorado politicamente a crise dos últimos anos?
Sim, é claro. Na realidade, uma das coisas que procuro mostrar no livro é que a crise do marxismo não é só do seu braço revolucionário, mas também do seu ramal social-democrata. O reformismo social-democrático era, essencialmente, a classe trabalhadora pressionando seus Estados-nações. Com a globalização, a capacidade dos Estados de reagir a essa pressão se reduziu concretamente. Assim, a esquerda recuou.
O sr. acha que o problema da esquerda está em parte no fim da classe trabalhadora consciente e identificável?
Historicamente falando, isso é verdade. O que ainda é possível é que a classe trabalhadora forme o esqueleto de movimentos mais amplos de transformação social.
Um bom exemplo é o Brasil, que tem um caso clássico de partido trabalhista nos moldes do fim do século 19 - baseado numa aliança de sindicatos, trabalhadores, pobres em geral, intelectuais e tipos diversos de esquerda- que gerou uma coalizão governista notável. E não se pode dizer que não seja bem-sucedida, após oito anos de governo e um presidente em final de mandato [a entrevista foi feita no final de 2010] com 80% de aprovação.
Ideologicamente, hoje me sinto mais em casa na América Latina. É o único lugar no mundo em que as pessoas fazem política e falam dela na velha linguagem -a dos séculos 19 e 20, de socialismo, comunismo e marxismo.
O título de seu novo livro é "How to Change the World". No final, o sr. escreve: "A substituição do capitalismo ainda me parece possível". A esperança continua forte?
Não existe esperança reduzida hoje. O que digo agora é que os problemas do século 21 exigem soluções com as quais nem o mercado puro nem a democracia liberal pura conseguem lidar adequadamente. É preciso calcular uma combinação diferente. Que nome será dado a isso não sei. Mas é bem capaz de não ser mais capitalismo, não no sentido em que o conhecemos aqui e nos EUA. PT Org.
12 comentários:
Um "brontossauro" das "zesquerdas" européias faz apologia dos "raptores" (*) da América do Sul.
(*) Os raptores eram predadores terríveis, que poderiam ser comparados aos lobos selvagens dos dias de hoje. Tinham o tamanho aproximado de um homem. Caçavam em bando, em regime de perseguição implacável, e podiam abater presas muito maiores do que eles. Separavam um animal ferido da manada, saltavam sobre seu dorso e mordiam sua garganta e quadris, enquanto alguns usavam as enormes garras curvas, retráteis e em forma de foice (a "garra terrível"), para abrir o abdome da vítima. O raptor só era uma máquina mortal quando em grupo.
Ah! entendi, os tucanos são descendentes dos raptores.É isso, anônimo?
Por favor a funerária responsável pelo defunto: enterrem no Rio de Janeiro.
O Coveiro
São Paulo é melhor.
"Descendentes", não: protetores, salvadores e, não raro, comparsas.
"Raptores":
(*) Definição perfeita da quadrilha DEMO-TUNGANA!!!
Os "raptores", que se identificam melhor, hoje, com os bandoleiros da "SOFISTICADA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA", não deixam de ter uma relação de parentesco, ainda que longínquoa, com as aves, o que, de certo modo os liga, também, à "quadrilha demo-tungana". Tanto que eles, estranhamente, possuíam algumas penas, o que é uma característica própria das aves e, não, dos répteis. Esse exótico achado palentológico não deixa de ser um indício de que os petralhas da "Sofisticada", bem como os que integram o partido que o Estadão chamaou de "Partido da Bandidagem", e os "demo-tunganos" têm raízes ancestrais comuns. Essa ancestralidade compartilhada nos remete, sem dúvida alguma, ao marxismo-leninismo, em cujo espectro os "petralhas" se situam mais à esquerda e, os "demo-tunganos", mais à direita. Não deixam, portanto, de ser vinhos da mesma pipa, o que é amplamente confirmado pelo silêncio obsequioso que as "oposições" vem guardando diante dos assombrosos desmandos do desgoverno Lula, já no seu nono ano, e do partido que o Estadão chamou de "Partido da Bandidagem". Esse "obséquio" chegou ao cúmulo de as "oposições" terem salvo, da degola, na ocasião do "Golpe do Mensalão Nacional", o desgoverno e o partido dos diabólicos "raptores".
Correção: substituir, na quarta linha, "longínquoa" por longínqua.
"Frase do Dia" do blog do Noblat, hoje...
"Como é que nós vamos dizer que ele [Delúbio Soares] não pode se filiar? Nenhum de nós tem condição moral ou política de dizer que ele não pode militar no PT.
André Vargas, secretário de Comunicação do PT, coberto de razão"
Desculpe, mas ele é um idiota que fala para uma massa de idiotas maior ainda.
ADVERTÊNCIA À DONA VERA "PETRALHA DEMO-TUNGANONA DA SILVA":
DAQUI EU NÃO PASSO! É QUE, A PARTIR DESTE PONTO, COMEÇA A TERRA DA DESOLAÇÃO E DA MORTE, DO CHORO E DO RANGER DE DENTES, ONDE A SENHORA, DEPOIS DE TER SIDO ESMAGADA POR MIM COMO SE FOSSE UM VERME, VAI EXERCITAR, SOLITARIAMENTE, A SUA COVARDIA IMPOTENTE. NÃO SE ESQUEÇA DE DEIXAR, A PARTIR DESTA POSTAGEM DO BLOG ("BRONTOSSAURO DAS ZESQUERDAS" ELOGIA DESGOVERNO LULA E O PARTIDO QUE O ESTADÃO CHAMOU DE PARTIDO DA BANDIDAGEM"), UMA ÚLTIMA SOPINHA DE LETRAS LOGO APÓS O COMENTÁRIO OU MENSAGEM QUE DEIXEI. EU NÃO A LEREI, CLARO, POIS ELA SERÁ APENAS UM RECIBO PASSADO PELA SENHORA, COMPROVANDO QUE LEU A ÚLTIMA PALAVRA SOBRE O TÓPICO, DADA, OBVIAMENTE, POR MIM. LEU TUDO? VÁ EM FRENTE, ENTÃO, SUA TROUXA!
De vez em quando, o ANÔNIMO DEMO-TUNGANO ASSUME que seus correligionários são CRIMINOSOS e, para justificar seus crimes, tenta arrastar a outrem para o mesmo chiqueiro em que chafurdam!!! Acorda, sujeito, e seja menos covarde!!!
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