quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Autor das denúncias de venda de emendas cogita deixar base de Alckmin

É estranho o silêncio de Bob Jefferson sobre esse monumental esquema de corrupção no tucanato paulistano.Nem falo do PiG, pois esse foi comprado pelos tucanos Serra e Alckmin para esconder as suas safadezas.




                   

Autor das denúncias de venda de emendas cogita deixar base de Alckmin

São Paulo – O deputado estadual Roque Barbiere (PTB), autor das denúncias sobre o esquema de venda de emendas na Assembleia Legislativa de São Paulo, fez críticas à postura do governo, por tentar desqualificá-lo, apesar do histórico de proximidade. Ele criticou a forma como as informações sobre emendas liberadas pela administração estadual, com dados incompletos e pouca disposição em sanar práticas ilegais. Barbiere lembrou que faz parte da base aliada há 16, mas não desconsiderou a hipótese de deixá-la.


Partiu do petebista a afirmação, em setembro, de que 25% a 30% dos parlamentares da Assembleia Legislativa de São Paulo vendem suas cotas de emendas ao orçamento paulista a que têm direito todos os anos em troca de parte dos recursos liberados. Na semana passada, o governo decidiu divulgar uma relação de emendas empenhadas desde 2007 separadas por deputado – informação até então ocultada do público.

Emendas à venda

O caso de venda de emendas orçamentárias veio a público a partir de declarações do deputado estadual Roque Barbiere (PTB), em entrevista a um site. Foi dele a afirmação de que os parlamentares vendem a cota de emendas a que têm direito todos os anos em troca de parte dos recursos liberados.


O atual secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e deputado estadual licenciado, Bruno Covas (PSDB), em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, chegou a confirmar ter visto indícios da ilegalidade, e citou um caso no qual um prefeito ofereceu 10% do valor de uma emenda de R$ 50 mil empenhada pelo então deputado como forma de “agradecimento”. Depois, Bruno Covas disse ter sido mal interpretado.


Os parlamentares do PT contabilizam 30 assinaturas a um pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa para investigar as denúncias. A Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social – órgão do Ministério Público de São Paulo – também trabalha no caso.


Para esfriar a discussão, a base do governador Geraldo Alckmin (PSDB) tentou manter a questão em discussão no Conselho de Ética da Assembleia. Sem ter a prerrogativa de convocar os envolvidos, mas de apenas convidá-los, o Conselho pouco contribuiu para investigações. De todos os convidados, somente o deputado Major Olímpio (PDT) prestou esclarecimento, no qual citou o nome de Tereza Barbosa.


O conselho teve atividades encerradas por "falta de nomes a investigar", segundo os deputados aliados de Alckmin. Com o fim do conselho, a oposição aposta suas fichas na criação da CPI. Barbiere, que também recusou o convite para depor no conselho, assinou o requerimento para criar a comissão específica, mas indica pretende falar apenas ao Ministério Público.


Apesar disso, segundo Barbiere, a lista do governo contém distorções. A suspeita de que os dados não estavam corretos foi despertada a partir de casos como o de Bruno Covas (PSDB), atual secretário de Meio Ambiente do estado e deputado estadual. Enquanto ele divulga, em seu site, ter conseguido liberar R$ 9,4 milhões em 2010, na relação oficial da Secretaria da Fazenda, consta terem sido empenhados no ano passado apenas R$ 2,2 milhões.


Barbiere ainda reafirmou que as informações que ele tem serão levados ao promotor Carlos Cardoso, que acompanha o inquérito no Ministério Público. A investigação corre, porém, em segredo de Justiça, o que deve garantir proteção aos acusados de participação no escândalo. O deputado alega que não convém divulgar nomes de deputados que participam do esquema para não prejudicar "o todo" da investigação.


Segundo Barbiere, até o momento, nenhum integrante do governo o chamou para conversar. “Eu virei um leproso politicamente falando, porque no governo ninguém tem nem coragem de chegar perto de mim”, criticou.


Confira a íntegra da entrevista com Roque Barbiere:


O que o sr. achou da lista do governo com a relação de todas as emendas empenhadas desde 2007?

Vai chegar uma hora que ele (governo) vai colocar ela corretamente. A minha (parte) e a dos demais. Para onde foram, qual o valor, se foi pago, se teve aditivo, se obra foi feita, se está inacabada, se foi entregue.


Então o sr. concorda que a lista tem distorções?

Sim, ainda não está 100% (correta).


O senhor se sentiu prejudicado? De acordo com o levantamento, o senhor é o 22º deputado que

mais empenhou recursos.

Não, nesse aspecto não.


Em que aspecto se sentiu prejudicado?



Fiquei magoado pela maneira como o presidente da Assembleia (Barroz Munhoz - PSDB) e o governo trataram do assunto com relação a mim, tentando me desqualificar, exigindo que eu desse nomes, quando a própria Constituição me ampara. Eles fingiram que não me conheciam. Esse é um governo que apoio há quase 20 anos, e nunca pedi nada desonestamente. O governo me ignorou por completo.


Explique melhor isso.



Como se eu tivesse falado a maior mentira do mundo, como se fosse uma surpresa, um absurdo a entrevista que eu dei, como se ninguém tivesse nem cogitado algo semelhante que pudesse ocorrer dentro da Assembleia.


O senhor acha que o governo se sentiu prejudicado por suas denúncias?

Talvez, talvez tenham sim, mas a denúncia foi para o bem, não foi para o mal. Paciência, quem não deve não teme.


Alguém do governo chegou a conversar com senhor?

Não, ninguém conversou comigo, nem na boa e nem na ruim. Eu virei um leproso politicamente falando, porque, no governo, ninguém tem nem coragem de chegar perto de mim.


O senhor concorda que nunca houve diferenciação entre emenda e indicação?

Sim, concordo. Mas com a aprovação dessa nova lei vai ter discriminado o que é emenda, indicação e pedido verbal.


O que achou de o governo dizer que o Bruno Covas gastou apenas R$ 2,1 milhões em 2010?

O Bruno Covas primeiro disse que o prefeito ofereceu propina para ele, depois disse que foi hipoteticamente. Do Covas eu gostava muito era do Mário.


O sr. se arrepende da sua entrevista dizendo que 30% dos deputados vendem emendas?

Depois daquela minha entrevista, tenho certeza que vai sobrar mais recursos para o povo de São Paulo, as pessoas vão pensar dez vezes antes de fazer alguma coisa de errado.


A informação de que foram empenhados R$ 3 milhões em emendas apresentadas pelo sr. procede?



Não sei, preciso ver se bate com a minha relação. Não concordo nem discordo.
A base do governo está rachada?


Não quero emitir opinião sobre isso, não sei como está, estou tendo pouco contato por conta dos problemas pessoais.


Está descartada a hipótese de o senhor deixar a base?

Não, não está nada descartado. Vou esperar aprovar o orçamento, cumprir minha obrigação com o povo de São Paulo, depois, no ano que vem, eu vou me posicionar politicamente.


O presidente do PTB em São Paulo, deputado estadual Campos Machado, foi o grande defensor do governo nesse caso. Ele fez o que nenhum outro deputado governista fez. Por que isso?

O Campos Machado é apaixonado pelo governador Geraldo Alckmin, que realmente é uma pessoa cativante, mas em determinado momento temos que fazer uma separação do governador e do governo. E o Campos Machado não consegue fazer isso. O compromisso dele é apoiar o governo, estando certo ou errado. Ele mostra a cara, ele tem lado.


Não seria o momento de o senhor dizer algum nome, para não deixar o assunto esfriar?


Eu não posso, para satisfazer parte, prejudicar o todo. Primeiro vou conversar com o promotor. Depois, se ele seguir o caminho, com a aparelhagem que ele tem, ele vai chegar aos nomes.


Dona Terezinha, presidente da ONG Centro Cultural Educacional Santa Terezinha, disse que 40% dos deputado vendem emendas, o que acha desse número?

Isso é irrisório, insignificante, se 0,5% da Assembleia vender emendas, o Parlamento já está sujo. Isso aqui não é uma casa de anjos. Se com Jesus, que tinha 12 apóstolos, tinha um traidor, um falso e um incrédulo, você imagina uma Assembleia com 94 deputados. Mas volto a dizer que a maioria daqui é gente boa.

Nenhum comentário: