terça-feira, 2 de abril de 2013

PSDB apela aos americanos

 

Eron Bezerra *


Os meios de comunicação estão divulgando que o PSDB vai recorrer aos quadros do departamento de estado dos Estados Unidos para tentar ajudar a pré-candidatura de Aécio Neves à presidência da república. Os escolhidos são David Axelrod (conselheiro político de Obama) e Antonio Villaraigosa, prefeito de Los Angeles. Nada pode ser mais simbólico, para expressar o desespero e a absoluta falta de compromisso com o elementar princípio de soberania nacional.

Que o PSDB não tem qualquer identidade com o povo e sempre se orientou por políticas alheias a nossa realidade não é surpresa. A aplicação mecânica e acrítica da teoria neoliberal desenvolvida por Friedrich Hayek em 1944 e a condição de Fernando Henrique Cardoso como “sócio honorário” do reacionário “Clube de Roma” – que defende abertamente o crescimento zero sem se importar se milhões de pessoas ainda vivem na extrema pobreza – são exemplos emblemáticos dessa postura de subserviência dos tucanos aos seus amos americanos.

Mas, talvez, nem mesmo o mais ardoroso simpatizante da tucanada pudesse imaginar que eles chegariam a recorrer abertamente aos americanos para tentar salvar o seu projeto de retorno ao comando central do país.

E retornar pra que?

Para ampliar o crescimento econômico, a infraestrutura nacional, a valorização do serviço público, a expansão do colchão social que hoje vai, dentre outras, da bolsa família a juros bancários anuais de 2% para a agricultura familiar?

Não. No período em que governaram não só foram contra, mas abertamente praticaram ações contra tudo isso, em absoluta subserviência ao receituário neoliberal. E nem agora quando essa política está inteiramente desmoralizada pelo caos que suas orientações provocaram na Europa eles fazem autocritica. Insistem na mesma tecla e, sem qualquer pudor, apelam aos americanos de maneira explicita. É necessário dizer mais?

Por outro lado, o desespero dos tucanos tem causa objetiva. As pesquisas lhe são desfavoráveis. E deveria ser ainda pior, se eles não contassem com um enorme colchão de proteção dos meios de comunicação, cuja atitude parcimoniosa não é mais sequer dissimulada.

O movimento popular, de sua parte, precisa ter clareza de propósitos e de objetivos. Não pode se dispersar e nem estranhar a generosidade com que os meios de comunicação tratam a direita. Tampouco deve se intimidar com a virulência de que são vítimas por esses mesmos veículos de comunicação. Tudo isso nada mais do que a constatação de que, de fato, “o estado nada mais é do que um instrumento de dominação da classe dominante”, que alguns por conveniência ou ignorância teórica confundem com governo.

Como não há problema sem solução, venceremos mais essa etapa política e teórica.

* Secretário de Produção Rural do Amazonas, Membro do CC do PCdoB, Secretário Nacional da Questão Amazônica e Indígena e doutorando em "Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia".

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