Por Marco Aurélio Carone
O esquema criminoso montado
pelo secretário de governo do Estado de Minas Gerais, Danilo de Castro,
denominado “Gangue dos Castros”, que vinha sendo noticiado apenas por
Novojornal há mais de seis anos, finalmente começa a ganhar destaque na
imprensa nacional após o assassinato de dois jornalistas, no Vale do Aço.
Porém, operando há mais de
uma década junto aos diversos Poderes e instituições do governo mineiro, a
organização criminosa detém hoje quase que as totalidades do comando das
Polícias Civis e Militares, do Ministério Público e Tribunal de Justiça, além
de maioria quase que absoluta na Assembleia Legislativa e no Tribunal de Contas
de Minas Gerais.
Desta forma, tornando
praticamente impossível qualquer punição de seus membros, principalmente da
cúpula das instituições. Diante desta realidade o governo mineiro, de maneira
surpreendente com o aparente consentimento do Secretário de Defesa Social,
Rômulo Ferras, conhecido anteriormente por sua lisura, como integrante do MPMG,
optou por dar satisfação à mídia e à população, através da prisão dos
integrantes de menor importância no esquema criminoso, provocando uma enorme
insatisfação de seus colegas.
“Estão escolhendo a dedo os
peixes pequenos para serem sacrificados, para livrar a cara dos tubarões, a
exemplo do que ocorreu no TJMG, onde um funcionário que recebia ordens foi
entregue aos leões para salvar quase uma dúzia de desembargadores, verdadeiros
culpados pelo esquema de corrupção denunciado”, afirma a correspondência
encaminhada ao Novojornal.
Acompanha a correspondência
uma cópia do dossiê entregue, segundo informado na mesma, através de Danilo de
Castro ao governador Antonio Anastasia, são 1.626 páginas, contendo cópia de
sentenças, inquéritos, certidões, perícias, fotos, boletins de ocorrências,
autos de apreensões de documentos e drogas.
Em outra parte da
correspondência é denunciada a participação de delegados que,segundo informado
no documento, foram promovidos a secretário de segurança por manter na gaveta
inquéritos que apuravam a participação de diversas autoridades mineiras, dentre
elas o ex-governado e atual senador Aécio Neves em crimes, ocorridos de 1983
até os dias de hoje.
Novojornal, contudo apurou
que o dossiê fora elaborado pela considerada “velha guarda”, da Polícia Civil,
insatisfeita com o caminho tomado pela corporação.
O dossiê mostra o que sempre
foi de conhecimento de um pequeno grupo do Poder Judiciário, Ministério Público
e da área de segurança pública em Minas Gerais o lado escuro do ex-governador e
atual senador Aécio Neves, que introduziu hábitos e costumes na sociedade
mineira que governou por oito anos, capazes de constranger até mesmo quem o
acompanha politicamente.
Fruto de uma década de
omissão e convívio com a criminalidade, o Governo de Minas encontra-se
imobilizado, frente à cobrança nacional e internacional de medidas enérgicas no
combate do que na verdade foi e ainda é seu pilar de sustentação política
montado por Danilo de Castro, principal articulador do grupo, junto à
Assembléia Legislativa, ao Poder Judiciário, Ministério Publico, Polícia
Militar e Civil.
Evidente que dentro das
corporações envolvidas ainda existem membros que resistiram e foram afastados
por este motivo e podem agora servir a sociedade mineira promovendo o expurgo
dos maus integrantes, porém, desde que, a exemplo do ocorrido no Rio de Janeiro,
respaldados pelo Ministério da Justiça, Polícia Federal, pela Força Nacional de
Segurança Publica e até mesmo pelo Exercito Nacional, pois os principais cargos
de comando na Polícia Civil e Militar, no Ministério Publico e Tribunal de
Justiça de Minas Gerais encontram-se hoje ocupados por integrantes do grupo
criminoso.
Sabidamente liderados no
Estado pelo secretário do Governo de Minas Gerais, Danilo de Castro e na região
do Vale do Aço pelo Secretário Alexandre Silveira, o grupo criminoso é formado por
juízes, desembargadores, promotores, procuradores, membros de alta patente da
Policia Militar e delegados da Polícia Civil. Não apenas por cabos, tenente,
sargentos, agentes e outros servidores menores da Polícia Civil como o Governo
mineiro que mostrar.
Segundo a mesma
correspondência diante da ameaça de prisão e “abandonados por seus
companheiros”, em represália pretendem levar consigo outras autoridades. Como informado o relatado vai de participação
em venda de sentenças, assassinatos, assaltos, fraudes, proteção de assaltantes
e traficantes de drogas inclusive dentro do sistema prisional de Minas Gerais.
Uma semana antes de morrer,
o jornalista Rodrigo Neto apresentou, para a Comissão de Direitos Humanos da
Assembléia Legislativa de Minas Gerais, uma relação de crimes em Ipatinga e
outras cidades da região. Nela estão os nomes dos assassinos.
Novojornal teve acesso e
divulga com exclusividade o relatório do Comitê Rodrigo Neto que traz os
principais crimes que se encontravam sendo analisados pelo jornalista pouco
antes de sua morte. Sobre um dos crimes,
o relativo ao assassinato do soldador Natanael Alves de Abreu, 26 anos, Rodrigo
Neto tinha publicado no Novojornal matéria, que já previa o que iria ocorrer,
Após publicação desta matéria assim com outras a este respeito, por determinação do TJMG as mesmas foram
retiradas.
Na Assembléia, quando Aécio
Neves era governador, um deputado deu um tapa na cara de uma jornalista
diretora da Assessoria de Imprensa Parlamentar. Um coronel da guarda do governador
fez uma jovem jornalista ajoelhar, com um revólver engatilhado na cabeça.
O presidente da Comissão dos
Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, deputado Durval Ângelo, apontou a
participação de um juiz no extermínio de jornalistas no Vale do Aço, porém
indaga-se porque o mesmo não traz a público seu nome e a íntegra do depoimento
prestado pelo jornalista Rodrigo Neto na comissão?
A situação é grave e vai
além da necessidade de se fazer a justiça tão rogada pelos familiares e pelos
amigos dos dois profissionais mortos; assim como no caso Tim Lopes, quando
traficantes cariocas popularizaram o termo “micro-ondas”, estamos diante de um
verdadeiro atentado à liberdade de imprensa e à democracia.
Mesmo com a instituição
comprometida, diante do clamor popular, cinco promotores foram nomeados para
acompanhar as investigações da Polícia Civil de Minas Gerais sobre as mortes de
dois jornalistas, nas últimas seis semanas, na região do Vale do Aço.
A chefia do Ministério
Público designou para os casos os três promotores que atuam nas cidades
contíguas de Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo, um promotor de BH e a
coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Defesa dos
Direitos Humanos e de Apoio Comunitário, Nívia Silva.
Eles irão acompanhar os
trabalhos da polícia, mas estão impedidos de falar sobre as investigações. O
motivo alegado é que as investigações ocorrem sob sigilo, segundo a
Procuradoria Geral de Justiça. Em razão das mortes dos jornalistas, toda a
cúpula da Polícia Civil na região do Vale do Aço foi trocada. Um
delegado-corregedor assumiu o comando.
O chefe do 12º Departamento
de Polícia Civil da cidade, delegado José Walter da Mota, foi substituído pelo
subcorregedor da polícia, Elder D´Ângelo, que vai acumular os dois cargos. Já
Irene Angélica Franco, que atuava na Delegacia da Mulher, assumirá o cargo de
delegada regional de Ipatinga, que antes era ocupado por Gilberto Simão. Mesmo
admitindo relações de policiais com os crimes, Cylton negou que os delegados
substituídos tenham participação neles.
Para Robson Sávio,
pesquisador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais (PUC Minas), as trocas podem indicar alguma
participação ou conivência dos substituídos.
"Uma mudança de chefes
da polícia no meio de uma investigação grave não é comum. Aliás, isso indica
que outros policiais podem ser afastados. A questão é: se as trocas forem para
enterrar o processo ou dar qualquer proteção a esses delegados, o que pode
acontecer, aí temos uma situação terrível".
A troca de comando na cúpula
da Polícia Civil em Ipatinga, na região do Vale do Aço, não é novidade. Em
menos de um ano, essa é a segunda reestruturação em meio a denúncias de
envolvimento de policiais em crimes como o tráfico de drogas e assassinatos. Um
dos delegados que perderam o cargo, em novembro passado, foi investigado por
participação no caso Natanael, um dos crimes sem solução que foi objeto de
matéria no Novojornal e estava sendo investigado pelo jornalista Rodrigo Neto,
morto em 8 de março.
A chefia do 12° Departamento
de Polícia Civil era ocupada até por José Walter da Mota, ele assumira o cargo
em dezembro de 2012, menos de um mês depois do até então titular, Walter
Felisberto, perder o posto. O delegado estava entre um dos policiais investigados
de participação de uma organização criminosa responsável pela morte do soldador
Natanael Alves de Abreu, 26 anos.
Ele foi morto a tiros em 28
de outubro, depois de denunciar em matéria do Novojornal o envolvimento de Felisberto com crimes. A
Corregedoria da Polícia Civil chegou a investigar o caso.
Meses antes, em maio, o
então delegado regional de Ipatinga João Xingó de Oliveira foi afastado (e se
aposentou) após também ser investigado pela corregedoria por relação com o
tráfico de drogas e com uma organização criminosa. No lugar dele, entrou o
delegado Gilberto Simão, substituído, depois da morte dos jornalistas.
O especialista em segurança
pública e coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ciências Sociais da
PUC Minas, Luiz Flávio Sapori, condena a necessidade de constantes trocas de
comando. "Isso não pode ser encarado como uma medida rotineira. A troca de
delegados que estavam há menos de um ano no cargo é um indício claro de
conivência do comando policial local com grupos de extermínio. É uma medida com
um caráter punitivo", afirmou o especialista.
A prisão preventiva de dois
integrantes da polícia civil que são investigados por envolvimento com o grupo
responsável pelo assassinato de dois jornalistas e por mais de 20 homicídios no
Vale do Aço não foi suficiente para trazer de volta a segurança a familiares
das vítimas e integrantes da imprensa da região.
A dupla foi presa pela
força-tarefa composta por policiais de Ipatinga e de Belo Horizonte, na tarde
de sexta-feira. Para quem se sente ameaçado pela ação do suposto esquadrão da
morte, as investigações, que ontem teriam resultado na prisão de um cabo do 14º
Batalhão da PM, não confirmada oficialmente pela Polícia Civil, são apenas o
primeiro passo de um longo trabalho.
O fato de um dos presos ser
médico-legista trouxe ainda mais suspeitas aos familiares do fotógrafo Walgney
Carvalho, de 43 anos, executado no último domingo, em Coronel Fabriciano. “Ele
trabalhava para os legistas e para os policiais da perícia, além de entregar
fotos e informações para os jornais. Não sei até onde isso pode ter relação com
essas prisões”, disse uma parente do repórter fotográfico que pede para não ser
identificada.
“Não sei o que pode ter
ocorrido com ele. Estamos no escuro, sem saber de nada das investigações. Mesmo
com as prisões, ainda não dá para sentir segurança”, disse. Ontem, as duas
delegacias permaneceram fechadas.
De acordo com a Comissão de
Direitos Humanos (CDH) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), há
pelo menos 20 policiais envolvidos em mais de 20 homicídios denunciados pelo
repórter do Jornal Vale do Aço Rodrigo Neto, morto na madrugada de 8 de março,
e por seu colega, o fotógrafo Walgney.
“Ainda vai levar tempo para
termos segurança para trabalhar. As prisões são um início, mas muito mais terá
de ser feito. Não adianta também prender, como se fez antes, e a Justiça não
condenar os envolvidos”, declarou ontem um dos participantes do Comitê Rodrigo
Neto, formado por jornalistas da região para acompanhar o desenrolar das investigações.
Cinco testemunhas da região
foram levadas para locais seguros em outros estados. Uma parente próxima do
repórter assassinado, que não quer aparecer por medo de represálias, também
declara que as prisões estão longe de lhe devolver a paz. “Ainda mais depois do
que aconteceu no último domingo (a morte do fotógrafo).
Estou apavorada. Em pânico.
Não sei de nada que possa comprometer a nossa segurança, mas ainda assim a
gente perde toda a confiança”, desabafou. De acordo com a mulher, a série de
assassinatos e a impossibilidade de contar com a polícia local a obrigaram a
ficar exilada e com medo, juntamente com o filho.
Repórteres locais também não
consideram que o ambiente tenha melhorado. “Estamos cumprindo nossa obrigação,
mas com medo. Não queremos nos expor além da obrigação, porque nossas vidas
estão em jogo e não há ninguém que possa assegurá-las, nem mesmo o poder
público”, diz um profissional de um dos três jornais diários de Ipatinga.
Apesar de todo o aparato de
investigação montado no Vale do Aço e das primeiras prisões, familiares das
vítimas de assassinatos denunciados pelo repórter Rodrigo Neto não se sentem
livres das ações do que consideram um grupo de extermínio que age na região.
Pior ainda é a situação
daqueles cujos crimes não integram os 14 inquéritos investigados pela polícia,
já que o jornalista preparava mais matérias sobre vítimas do mesmo grupo
criminoso. “Quando colaborei com a polícia, durante as investigações sobre a morte
de meu irmão, recebi várias ameaças”, lembra um dos oito irmãos do mototaxista,
Diunismar Vital Ferreira, o Juninho, de 41, umas das vítimas dos crimes que
Rodrigo Neto ainda iria denunciar nas páginas do jornal em que trabalhava.
“Recebi mensagens no celular
de telefones sem identificação que diziam: pare de tentar descobrir o que
aconteceu, ou você será o próximo”, lembra. Diante disso, o irmão de Juninho
simplesmente parou de se envolver no caso. “Tenho filho. Gostava demais do meu
irmão, mas o que pude fazer, já fiz. Meu depoimento está lá (com a polícia).
Agora, que eles façam seu trabalho e prendam os assassinos”, cobra.
Juninho foi morto em 2007 em
uma padaria da Avenida Macapá, no Bairro Veneza I, no meio de clientes e
funcionários. Um motociclista de capacete entrou no estabelecimento e acertou
seis dos 11 tiros disparados no seu alvo. Segundo testemunhas, a vítima estava
namorando uma mulher que também tinha caso com um capitão da Polícia Militar.
Um dia antes de ser assassinado na padaria, a mulher o ameaçou. “Ela disse: ‘De
hoje você (Juninho) não passa’”, lembra o irmão da vítima.
O investigador José Cassiano
Guarda e o médico-legista da Polícia Civil de Ipatinga José Rafael Miranda
Americano seriam os primeiros detidos durante as investigações dos assassinatos
do jornalista Rodrigo Neto, no dia 8 de março, e do fotógrafo Walgney Assis
Carvalho, no dia 14 deste mês. Os nomes foram revelados pelo jornal
"Diário do Aço", mas não foram confirmados pela corporação.
Além de legista, Americano
também atua em um hospital da cidade. Ele e José Guarda são lotados na 1ª
Delegacia Regional de Ipatinga, mesma unidade onde atuava o delegado Gilberto
Simão, substituído pela delegada Irene Angélica Franco. A Polícia Civil
confirmou que existem indícios das participações dos dois nas mortes, mas nada
será revelado antes dos depoimentos. Os suspeitos já estão recolhidos na Casa
de Custódia da corporação, no bairro Horto, na região Leste da capital.
O clima ainda é de
preocupação entre os profissionais da imprensa. "Nunca se viu tanta
polícia nas ruas. É como se a cidade estivesse sitiada", disse um dos
profissionais da imprensa referindo-se às várias blitze da Polícia Militar
(PM). Ele pediu para não ser identificado.
Somente em uma avenida, três
barreiras policiais foram montadas, ontem e anteontem, em um trecho de cerca de
dois quilômetros. O comandante do 14º Batalhão da PM de Ipatinga,
tenente-coronel Edvânio Carneiro, disse que as ações são preventivas e
"para trazer segurança à população".
O jornalista Rodrigo Neto já
havia comunicado às autoridades o risco que estava correndo há pelo menos dois
anos. No fim de 2010, ele enviou ao Ministério Público de Ipatinga um e-mail
detalhando as ameaças sofridas.
A informação foi confirmada
pelo promotor Bruno Jardini, que atua na área criminal da cidade, mas que
informou não ser possível localizar a mensagem. "Esse e-mail foi recebido
e encaminhado para a PM". O tenente-coronel Edvânio Carneiro desconhecia o
comunicado do Ministério Público, pois assumiu a chefia da corporação há dois
meses.
Fonte:Novo Jornal
5 comentários:
Terror, dê nome aos bois. Diga: ...governo de MG monta farsa no Vale do Aço. Se fosse do PT, apareceria não só o partido como o nome da Dilma. Temos que dar o troco. E O Novo Jornal já veicula notícias dos fatos de bastante tempo. Só o PIG é que faz cara de paisagem.
Terror, corrija o título. ...governo de MG, Anastasia/Aócio, monta farsa no Vale do Aço.
Não podemos deixar de dar nome aos bois.
O Novo Jornal de a muito vem chamando a atenção para a Gangue dos Castros.
Só o PIG, por conveniência, não viu nem sabe de nada.
Terror, dê nome aos bois. Diga: ...governo de MG monta farsa no Vale do Aço. Se fosse do PT, apareceria não só o partido como o nome da Dilma. Temos que dar o troco. E O Novo Jornal já veicula notícias dos fatos de bastante tempo. Só o PIG é que faz cara de paisagem.
Agora estamos entendendo a cassaçao tao rapida do prefeito de turmalina Soelson Barbosa araujo, e o poque do desmando politico na rejiao,entendemos tudo com mais clareza,todo o sistema na mao de um corrupto, que vai nos defender?
E aí pessoal, mais nada sobre isso?! O Pimentel já tomou alguma providência ou é da gangue também?! Afinal, o pt tem uma ala atucanada não é mesmo (o Zé da Justiça q o diga)?!
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