Veja faz isso porque Dilma não tem coragem de peitar a Veja.O governo tem mil maneiras de foder a Veja, se não faz, paciência.Enquanto isso a blogosfera fica brigando com um monstro.Até quando a gente vai aguentar?
Como de costume, mais uma
vez, a revista semanal da Abril distorce a realidade, para fazer prevalecer
seus propósitos políticos; na semana em que o ministro Gilmar Mendes invadiu a
competência do Congresso Nacional, impedindo a tramitação de um projeto sobre
fidelidade partidária, e foi desafiado pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL),
Veja trata da "República Bolivariana do Brasil", que estaria
amordaçando o Judiciário, e ainda coloca a faca no pescoço do ministro Teori
Zavascki, avisando que se ele decidir revisar o julgamento da Ação Penal 470
terá a reputação arruinada para sempre; jovem amordaçada e com os olhos
vendados contra uma estrela do PT é o momento "Cinquenta Tons de
Vermelho" da Abril
Aos fatos concretos. Quando
o Congresso Nacional decidiu, de forma soberana, redistribuir os royalties do
petróleo, o ministro Luiz Fux concedeu liminar à minoria, representada pelas
bancadas do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, melando o resultado. Na última
semana, também depois de a Câmara dos Deputados ter aprovado novas regras para
a criação de partidos, o ministro Gilmar Mendes concedeu outra liminar à
minoria, reduzindo a pó a maioria parlamentar. Diante dessa realidade, em que o
Supremo Tribunal Federal, com seu ativismo político, se converte aos poucos em
linha auxiliar das minorias, fazendo prevalecer o tapetão e não a soberania do
voto popular, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reagiu e
condenou a "invasão" do Supremo Tribunal Federal.
É também nesse mesmo
contexto que o deputado Nazareno Fonteles (PT-PI) apresentou uma Proposta de
Emenda Constitucional, a PEC 33, cuja relatoria é de João Campos(PSDB-GO), que submete ao plenário do Congresso Nacional,
algumas decisões do STF, sobretudo as relacionadas a Ações Diretas de
Inconstitucionalidade (ADINs). Como toda PEC, só se transformará em lei se for
aprovada por três quintos dos parlamentares, em dois turnos, nas duas casas. A
proposta de Fonteles é um projeto que tenta responder à crescente interferência
do Judiciário em questões relativas ao Congresso (leia aqui sua entrevista ao
247). Mais do que uma excentricidade, a soberania parlamentar faz parte de
algumas constituições, como na Inglaterra e em Israel, que não são propriamente
ditaduras.
Tanto as decisões liminares
do STF, como a PEC apresentada pelo deputado Nazareno Fonteles são parte do
mesmo fenômeno: a usurpação dos poderes do Congresso pelo Judiciário e a
desmoralização constante da atividade política, com apoio explícito dos meios
de comunicação.
Pois, neste sábado, chegou
às bancas mais um exemplar da revista Veja, que prova que a revista da Abril é,
de fato, incorrigível. A capa traz uma bela jovem com olhos vendados e
amordaçada a uma estrela do PT – à la cinquenta tons de vermelho – e é capaz de
transformar o agressor em agredido. Na lógica de Veja, não é o STF que agride e
humilha o Congresso Nacional, mas justamente o oposto. E tudo não passaria de
uma resposta de radicais do PT e de condenados à cadeia ao julgamento do
chamado mensalão. Não custa lembrar que, se dependesse do ministro Celso de
Mello, parlamentares legitimamente eleitos não estariam hoje exercendo suas
funções.
No editorial de Eurípedes
Alcântara, a PEC 33 é comparada à constituição do Estado Novo, em que o
presidente Getúlio Vargas podia cassar decisões da suprema corte, quando se
trata, tão somente, de ampliar o quorum do STF na apreciação das ADINs e
submeter algumas decisões ao plenário do Congresso. Diga-se mais uma vez que
essa proposta se inspira mais na Inglaterra e em Israel (alô, Civita) do que no
Estado Novo.
Internamente, a reportagem
se chama "República Bolivariana do Brasil", com as imagens de três
fantasmas, Cristina Kirchner, Hugo Chávez e Evo Morales, pairando sobre o STF.
Há até um quadro sobre uma suposta "PTópolis", em que não haveria
lugar para instituições independentes. Mas o mais grave de tudo é a ameaça
explícita que a revista Veja faz ao ministro Teori Zavascki, em que
praticamente coloca a faca no seu pescoço, como se fosse um assaltante num
sinal de trânsito tentando bater sua carteira – no caso, o seu voto. Será Veja
um trombadinha?
No quadro "o mundo
aplaudiu", Veja estampa uma foto de Zavascki e destaca citações da
imprensa internacional sobre o caso. A revista avisa ainda que um retrocesso
seria "chocante". Mais claro do que isso, impossível. Se o ministro
do STF decidir rever alguma das condenações da Ação Penal 470, terá sua
reputação arruinada para sempre. O que ainda não se sabe é se Zavascki será, de
fato, um juiz ou mais um capacho de uma mídia que se preocupa apenas com seus
propósitos políticos – e apenas tangencialmente com a noção de Justiça.
No fundo, no fundo,
quem realmente ameaça a democracia é uma imprensa que tenta acovardar juízes e
fazer com que votem de acordo com seus próprios interesses. São estes que, na
prática, acorrentam, amordaçam, violentam e sodomizam a Justiça.Da redações, com informações do Brasil 247
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