terça-feira, 18 de junho de 2013

O problema do transporte público é o transporte individual

carro

O horário nobre da Globo vomita dezenas de comerciais de automóveis em seu telespectador. Ângulos espetaculares mostram carros com design ultra moderno, sedutor, brilhante. Geralmente o motorista tem uma gata ao lado, é tranquilo e bem humorado. Dirige sozinho seu carrão pelas ruas. Sem trânsito, congestionamentos, fumaça, barulho, estresse.

O brasileiro é o cara mais aficionado por carros do mundo. Nunca foi meu caso, mas a maioria das pessoas tem como objetivo na vida:

1º comprar um carro, 2º o restante dos planos. Foram condicionadas a isso. Ter automóvel (principalmente o primeiro da vida) é sinônimo de status. Entre outras vantagens, uma tem que ser destacada: Não é imprescindível, mas facilita na hora de conquistar uma mulher (sem hipocrisia, é fato!).

O problema do transporte público é o transporte individual.

Por que é tão ruim? O ônibus balança muito? Os assentos são sujos, desconfortáveis? Não, não é isso. O transporte público é ruim porque te obriga a ficar dentro de um ônibus superlotado e que não anda. Ora, se não houvesse a ocupação maciça dos automóveis, o transporte público seria eficiente e sobraria mais espaço para ampliação da frota. Independente do valor da passagem, faria seu papel: transportar com rapidez e conforto.

Imagine os comerciais de automóvel. O carro deslisando suavemente pela pista, sem trânsito. Potência, conforto, segurança… Agora mude apenas o veículo da cena. Troque por um ônibus, sem as centenas de carros que o cercam na vida real. É isso que Maurícios, Patrícias todos nós queremos para o transporte público.

Já o metrô, concebido para aliviar o trânsito dos automóveis particulares e se encarregar de transportar a grande massa, tornou-se pior que cela de prisão. O metrô, tem um limite de 200 passageiros por vagão. Mas os automóveis particulares empurram para o subsolo das ruas o dobro de sua capacidade de passageiros. No subsolo, a briga é diretamente com o PSDB – que constrói 2 km de metrô por ano, em média e, mesmo assim, é mantido no governo há mais de 20 anos pelos paulistas.

Então qual é a solução?

As ruas de SP recebem 1200 novos automóveis por dia. Isso tem que parar. É preciso TIRAR DE CIRCULAÇÃO grande parte dos automóveis e aumentar as frotas de ônibus. Qualquer outra medida é paliativa. Como é o rodízio (do qual muitos se livraram comprando um segundo carro!).

Mas como se contrapor aos interesses da indústria automobilística? Vai brigar com esses tubarões? Sem contar os tubarões maiores, os do petróleo. Levaremos 500 anos até queimar a última gota do estoque de petróleo mundial. A indústria automobilística tem dezenas de projetos alternativos à queima de derivados de petróleo. Todas trancadas no porão. Se surge uma nova invenção, eles compram e trancam.

Se o Maurício e a Patrícia conseguirem melhorar o transporte coletivo, teremos menos automóveis, menos poluição, mais ônibus, menos aperto e mais rapidez pra se locomover.

Perfeito. Só falta acertar alguns detalhes com a Globo e toda a mídia, que terão menos comerciais de automóveis para empanturrar seus cofres. Também é preciso fazer um acordo os donos de automóveis, que terão que deixá-los em casa. (Mesmo sabendo que o brasileiro não troca seu carro nem pelo melhor ônibus ou metrô do mundo!) E finalmente, fazer as multinacionais de petróleo se conformarem em vender menos petróleo ao consumidor (e aos consumidores de outros países que resolverem seguir nosso exemplo).

As consequências a médio e longo prazos seriam:

1 – Diminuição da poluição em todo o planeta.

2 – Diminuição dos motivos para invadir países e trucidar populações.

3 – Diminuição das mortes no trânsito.

4 – Menos neurose coletiva em trânsito caótico.

5 – Mais tempo para leitura ou papo com amigos enquanto o motorista do ônibus/metrô nos leva para casa.

Como podem ver, Maurício e Patrícia, estamos “quase lá”. Mais algumas passeatas e o mundo será um lugar melhor de se viver.

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