Berna (Suiça) - A ministra
da Comunicação Social, Helena
Chagas, não previu, com sua
incompetência, os riscos de financiar o monopólio da informação pela grande
imprensa.
Ministra Helena Chagas,
antes de tudo, quero lhe transmitir meus mais efusivos cumprimentos por sua
inédita e vitoriosa campanha publicitária – nunca, digo bem, nunca, o Brasil
mereceu tanto destaque na mídia internacional.
Durante dias, não só aqui na
Europa, como em todos os países do mundo, o Brasil foi manchete. Bandeiras,
verde e amarelo, fogos, manifestações de rua como num enorme carnaval, polícia
brincando de pega-pega com jovens maratonianos, brindes ousados com coquetéis
molotov, nenhuma pré-estréia da Copa do Mundo poderia ter sido melhor do que
essa armada, na maior discreção, por seu Ministério.
Parabéns Helena Chagas !
Como alguém tão recatada, embora participe de todos os trens da alegria nunca
se vê na imprensa e nem nas imagens dos seus amigos do Jornal Nacional, seu
rosto de sorriso superior com óculos escuros, conseguiu tão grande façanha ?
Imagine Helena que, aqui na
Europa, muitos jornais e canais de televisão compararam a explosão juvenil em
São Paulo, no Rio e outras capitais, numa versão Iphone moderna, movimentada e
nada fiel à Ópera dos 20 Vintens de Bertold Brecht, com o rebentar da primavera
árabe na orla africana mediterrânea !
Acho que aí você exagerou,
porque sua fiel amiga, a presidenta, que lhe reserva sempre um lugar nas comitivas,
foi comparada com Ben Ali, Khadafi, Hosni Mubárak, como se os jovens no Brasil
quisessem se descartar da ditadora Dilma Rousseff.
Provavelmente não foi culpa
sua, acredito mesmo na sua inocência, mas seus amigos, aos quais você concede
mais de 70% da verba de publicidade da União e, recentemente, uma isenção de
pagamentos sociais, que lhes permite economizar quase um bilhão e meio de
reais, ainda estão cagando de rir dessa troça passada na imprensa
internacional.
Em apenas dois dias, a
imagem do Brasil foi para o brejo e vale agora o que o Globo, Folha, Estadão,
Band tinham tentado impor há tantos anos sem conseguir, desde Lula até sua
vitoriosa gestão nas Comunicação Social do Governo. Com um pouco de chance é
até capaz de ganhar um promoção ou de lhe oferecerem um caché especial numa
conta secreta nas ilhas Caimãs.
Terminado o elogio, lhe
peço, com o maior respeito, aquele gesto de honra digno dos grandes perdedores
– demita-se.
Uma pessoa com o cargo de
responsável pela Comunicação Social de um país tão grande e tão importante como
é este novo Brasil não pode se permitir o luxo de errar. Uma pessoa capacitada
para esse cargo tem de lançar bases sólidas de comunicação e tem de saber
prever. Não foi seu caso – nem lançou bases sólidas e nem soube prever. Ou
seja, além de ser a ministra menos visível é a mais incompetente e a mais
medíocre.
Demita-se!
Não sou apenas eu, um
simples e anônimo jornalista em fim de carreira, que lhe solicita
encarecidamente esse ato de contrição, de reconhecimento por ter favorecido o
inimigo no momento mais inoportuno possível. Numa rápida pesquisa pelo Google
sobre a questão do favorecimento desproporcional e escandaloso da grande mídia
brasileira constatei haver colegas mais credenciados e mais conhecidos que eu,
assim como parlamentares do próprio PT insatisfeitos com sua gestão que premia
os linchadores da nossa masoquista presidenta.
Não sei se chegou a
imaginar, porém sua falta de previdência e competência pode ter provocado
reações políticas irreversíveis. A reeleição de Dilma não está mais assegurada.
Haddad, o prefeito de São Paulo, colocado por Lula para ser um futuro
governador e presidente, e assegurar uma renovação, bobeou, pisou na bola e
perdeu o difícil capital paulistano que lhe fora presenteado por Lula.
Acuada, vexada e
mesmo desmoralizada pela imprensa internacional talvez nossa grande presidenta
não lhe peça, por uma questão de cortesia. Mas eu e tantos outros que apoiarão
este sincero pedido, nós lhe rogamos ministra Helena Chagas – demita-se!
Rui Martins - BernaJornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura, é líder emigrante, membro eleito do Conselho Provisório e do atual Conselho de emigrantes (CRBE) junto ao Itamaraty. Criou os movimentos Brasileirinhos Apátridas e Estado dos Emigrantes, vive em Berna, na Suíça. Escreveu o livro Dinheiro Sujo da Corrupção sobre as contas suíças secretas de Maluf. Colabora com o Expresso, de Lisboa, Correio do Brasil e agência BrPress.
Direto da Redação
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