Vamos à pergunta que não
quer calar e à dúvida que está no ar: o sistema midiático de negócios privados
é a favor das manifestações de estudantes, mas por que nunca apoia as greves,
por exemplo, dos servidores públicos, dos bancários, dos rodoviários, dos médicos
e dos professores? E agora vamos a outra pergunta que também teima em não
calar: por que a imprensa corporativa e alienígena sempre atacou, com
veemência, intolerância e preconceito os partidos trabalhistas, além de
distorcer a realidade de praticamente todos os movimentos da sociedade
organizada e que lutam há décadas por seus direitos constitucionais e civis?
Dou como exemplo os
Movimentos dos Trabalhadores Sem-Teto, Sem-Terra e dos indígenas, somente para
explicitar esses, porque existem milhares de grupos sociais que lutam
diuturnamente para conquistar uma vida de melhor qualidade e que não são
ouvidos e muito menos reconhecidos como força da sociedade pelos grupos
econômicos midiáticos, que, conservadores, recusam-se a ouvir e a dar voz aos trabalhadores,
aos índios e aos despossuídos, bem como combatem e distorcem os objetivos de
suas legítimas reivindicações.
Então, por que a Rede Globo
e todos os grupos de mídia eletrônica e impressa que seguem a agenda econômica
e financeira dos interesses do capitalismo internacional apoiaram
incondicionalmente o movimento dos estudantes, inclusive incitando-o, ao vivo,
a ocupar espaços públicos, como a Ponte Rio-Niterói, o que, evidentemente, é o
fim da picada e a falta de total responsabilidade por parte dos donos, dos
diretores e dos jornalistas da Globo, que estão a apagar o incêndio com
gasolina, pois não é necessário ser um gênio para perceber que um conflito no
decorrer de um trajeto como o de uma ponte de grandeza monumental certamente
pode acabar em tragédia.
Dito isto, vamos à resposta:
a imprensa, as mídias de caráter hegemônico e, portanto, monopolistas, apoiaram
o movimento dos estudantes por oito motivos: 1- Se partidarizaram e são de
oposição aos governos trabalhistas; 2- Ano que vem tem eleições presidenciais e
o PSDB está enfraquecido; 3- As Organizações(?) Globo e seus principais
parceiros midiáticos não querem que os eventos esportivos (Copa das
Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas) sejam um sucesso para o País e o seu
povo, mas apenas um sucesso para os seus bolsos e cofres, com inserções de
propaganda ao preço de R$ 400 milhões no horário nobre, ao tempo em que
desqualifica e desconstrói os eventos esportivos no Jornal Nacional, no Bom Dia
Brasil e incessantemente na Globo News e até mesmo no canal SporTv; 4- Quem
trouxe os megaeventos para o Brasil foi o ex-presidente trabalhista Lula, cuja
administração efetivou as conquistas sociais, e, para o desgosto da direita, as
evidenciou internacionalmente; 5- A presidenta trabalhista Dilma Rousseff é a
mandatária herdeira de Lula e, oficialmente, a anfitriã dos jogos; 6- A
imprensa de direita e de tradição histórica golpista está de olho nas eleições
de 2014 e não vai permitir que Dilma Rousseff, eventual candidata a presidente
do PT, colha os frutos da Copa; e 7- O movimento dos estudantes é conservador,
sem objetivos concretos e se diz “apolítico”, sendo que não existem
manifestações e protestos apolíticos, pois ninguém é ingênuo, nem mesmo os
“ingênuos” que se dizem “contra a corrupção”, como se a grande maioria dos
trabalhadores e das pessoas em geral não o fossem; e 8- A Globo sabe que o
movimento é conservador e por causa disto apoia os protestantes, porém, se for
necessário e perceber que não vai ser alvo de retaliações e protestos, vai,
seguramente, retomar as críticas à moda Arnaldo Jabor, que ofendeu
desrespeitosamente os estudantes e depois recebeu uma ordem de algum dos irmãos
Marinho para se retratar, porque nas ruas muitos cantavam “O povo não é bobo;
abaixo a Rede Globo!”
Trata-se de uma
manifestação, irrefragavelmente, solta e com episódios de violência explícita,
que fez a Globo, logo no início dos protestos, volto a repetir, escancarar os
dentes do establishment e rosnar, propagar seu discurso moralista tradicional,
que faz da palavra “ordem” uma espécie de ultimato antes de bombardear com seu
canhão midiático aqueles que tal empresa “global” considera como grupos ou
pessoas que possam colocar em “perigo” os seus interesses políticos, bem como
os interesses das grandes corporações que têm a Globo como sua porta-voz e
ferramenta de propaganda de combate aos movimentos sociais desde 1965 quando
ela foi criada em plena ditadura militar.
A Globo medrou, pois ciente
de que poderia ser alvo dos manifestantes, recuou, retirou sua logomarca dos
microfones dos repórteres e passou a cobrir os eventos de helicóptero, bem
longe do povo que ela diz gostar todos os dias no RJ TV e em seus jornais similares
nos estados outros da Federação, pois, arrogante e presunçosa, quer fazer a vez
dos prefeitos e das autoridades eleitas, pois sua intenção é desconstruir os
políticos, desqualificar a política e, por intermédio desse processo
draconiano, efetivar o domínio político e econômico das corporações privadas
sobre o estado nacional.
A Globo quer governar no
lugar dos eleitos, e, esperta e malandra, aderiu ao movimento estudantil vazio
de propósitos, porque sem pauta, sem coordenação e perigosamente “apolítico”,
como afirmam muitos dos estudantes.
Quando grupos ou pessoas ou multidões são contrários à politica, que é a
essência natural dos entes humanos e das sociedades, resta o caminho perigoso e
violento do fascismo, pois com a falta de uma referência que sirva de ponte
entre os poderes e a sociedade, quem vai ocupar esse vácuo de poder vão ser os fascistas, os fundamentalistas do
mercado e os aventureiros. Essas realidades se repetiram muitas vezes na
história da humanidade. Não é novidade. Ponto.
E os empresários como ficam?
Qual é a responsabilidade deles? E as caixas pretas que escondem e acobertam
todas as mazelas do sistema de transportes em todas as grandes e médias
cidades, que movimentam bilhões de reais e não apresentam à sociedade, de forma
transparente, os lucros, os dividendos e os gastos. A imprensa comercial e
privada praticamente não questiona esse segmento empresarial. Por quê? É
cúmplice? Afinal, a revista Veja, a Última Flor do Fáscio, foi cúmplice e
parceira do bicheiro Carlinhos Cachoeira, que a Folha de S. Paulo, o diário que
emprestava os seus carros para carregar presos da ditadura militar, insistia em
chamar o bicheiro de empresário. E os governantes? Eles vão rever os custos, no
que é relativo à responsabilidade dos empresários, além de mudar a relação
institucional com esses magnatas dos transportes? Quem viver verá.
O Ministério Público, que
atualmente se preocupa em fazer política partidária e embargar obras
importantes para o desenvolvimento do País, e, consequentemente, não exerce
condignamente a sua função e trabalho, resolveu se mexer. Até então não
denunciava, com a ênfase necessária, os desmandos de mandatários e de
empresários, no que tange a defender o povo dos maus serviços do transporte
público e da ganância dos empresários que atuam nesse setor. Esse meio é uma
máfia poderosa, influente e violenta e que financia fortemente as campanhas
eleitorais. Todo mundo sabe disso. Até os recém-nascidos e os idiotas por
convicção.
Entretanto, o Ministério
Público aparentemente não se mexia e somente agora anuncia que vai exigir, em
nome do povo, satisfações aos empresários e às prefeituras municipais. É que o
MP, com representações em todos os estados — leia-se Procuradoria Geral da
República (PGR) — do procurador Roberto Gurgel, antes desses protestos, estava
a se preocupar com a PEC 37, ou seja, a PGR está preocupada, e há muito tempo,
em fazer politica e não trabalha pelos interesses e desejos do povo brasileiro,
que talvez tal instituição os considere ordinários, simples, de rotina ou do
dia a dia, e essas realidades devem deixar certos promotores ou procuradores
deprimidos, aborrecidos, fragorosamente entediados, e por isto e por causa
disto muitos deles preferiram fazer politica, em âmbito federal, para que suas
vidas se tornassem mais emblemáticas, emocionantes, aventureiras, além de
favorecerem, evidentemente, o espectro em que grande parte desses promotores
agem e atuam: o campo político da direita.
O Movimento Passe Livre
(MPL) não iniciou suas atividades hoje e nem ontem. Ele existe há anos e nunca
foi levado a sério pela imprensa e muito menos pela maioria dos estudantes da
classe média tradicional e média alta, que não se locomovem de ônibus, trens ou
metrô, pois a maioria anda de carros e veículos escolares. São jovens que
compõem a parte da classe média oportunista politicamente, pois despolitizada,
rancorosa e colonizada, que tem ódio da ascensão social dos pobres, dos negros,
dos recentemente incluídos e que vota em partidos conservadores e consomem os
produtos editoriais da mídia conservadora e velhaca. Igualzinho aos seus pais.
A mesma mídia de mercado que combatia o Movimento Passe Livre nos tempos do
ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, aliado na época dos políticos do
PSDB paulista. O MPL era escondido pela imprensa imperialista e desqualificado
pelos seus jornalistas pagos para pensar o que seus patrões pensam.
O pau está a quebrar nas
ruas das capitais brasileiras, e a polícia não pode intervir sem ser alvo de
críticas açodadas para preservar o patrimônio público, mesmo quando em perigo
de ser depredado, não pelos estudantes e, sim, pelos vândalos rebeldes sem
causa. Opino sobre as ações policiais especificamente no concerne ao aspecto
legal, que fique claro a quem lê este artigo, pois sou contra, terminantemente,
a qualquer violência praticada pelo estado contra os estudantes.
Contudo, ocorrem saques,
pichações, roubos, furtos, assaltos, depredações de lojas e agressões físicas.
A própria imprensa aliada dos protestos mostra e ameniza os crimes, que não
devem ser amenizados, porque se fossem levados a efeito pelos movimentos
sociais que, ao contrário dessas manifestações, tem agenda política e lutam por
seus direitos há décadas, a exemplo do MST, a imprensa burguesa e as
instituições e os órgãos de repressão do estado já estavam, sem sombra de
dúvida, a criticar açodadamente e a reprimir duramente aqueles que, porventura,
ousassem quebrar as vidraças ou tocar em algum caixa eletrônico de uma agência
de banco. É verdade ou não é? Sua consciência decide.
Há quase duas semanas os
jovens que se relacionam pela internet ou pelas redes sociais realizaram a
primeira manifestação das muitas que se sucederam em todo o País. Tais
protestos se transformaram, ratifico mais uma vez, em grandes eventos
heterogêneos, politicamente e ideologicamente primitivos, desorganizados, com
vândalos infiltrados e pessoas, como se comprovou depois, que se mostraram
alheias às reivindicações. Os pleitos se transformaram em uma miscelânea de
contestações, na verdade um emaranhado de gritos de ordens e de cartazes, que
não condizem com os propósitos e os objetivos iniciais das manifestações de
ruas contra o aumento de R$ 0,20 das tarifas de ônibus. Os prefeitos recuaram,
abriram-se ao diálogo, mostraram as planilhas e informaram que o orçamento vai
ter de ser modificado, a fim de atender as reivindicações dos estudantes.
Haverá uma reengenharia e considero que a sociedade brasileira já sabe disso.
O Brasil avançou, e muito,
em suas conquistas sociais e econômicas. É visível e palpável e somente não
reconhece quem não quer enxergar, por motivos ideológicos, partidários,
culturais, de ordem preconceituosa, de classe social, que leva à intolerância
política e, por seu turno, à contestação vazia, porque falta uma agenda que
elenque as reivindicações e que prevê também a abertura de diálogo, de maneira
democrática e respeitosa. Não adianta os reacionários de plantão apostarem no
golpismo, tão a caráter das classes privilegiadas, que querem impedir a
distribuição de renda e de riqueza. Não é de bom alvitre as classes média
tradicional e alta, frequentadoras há mais de cem anos de universidades
federais e estaduais reeditarem a Marcha da Família com Deus e pela Liberdade,
porque a que está a acontecer é maior,
com maior tempo de duração e não tem, insisto, uma ainda uma agenda política
para debater o Brasil e dialogar com consciência, com seus interlocutores, que
são e têm de ser as autoridades eleitas e não a os donos e os seus empregados
do sistema midiático privado.
O MPL foi questionado por
vários grupos extremistas, à esquerda e à direita, que apostaram e ainda
apostam em rompimento institucional para favorecer a oposição partidária ao
Governo trabalhista. A oposição (PSDB, DEM, PPS e PSOL) que neste momento está
enfraquecida, porque não tem programa de governo, projeto de País, enfim,
propostas para o povo brasileiro. Em 2014, veremos se a corrente politica
democrática que está no poder e mudou o Brasil para melhor tem ainda fôlego
para vencer as eleições. Do contrário, a oposição tucana assume a Presidência,
com o apoio dos barões proprietários do sistema midiático, dos setores ricos e
rentistas inconformados com os juros mais baixos e, inapelavelmente, com o
apoio da classe média conservadora, cujos filhos estão nas ruas, pois portadora
dos valores e dos princípios das classes dominantes. Todos os países brigam, ou
seja, disputam duramente para ter em suas terras eventos internacionais, que,
evidentemente, proporcionam inúmeros benefícios em infraestrutura, sociais e
econômicos. Não tem como ser diferente. Torna-se imperativo ter muito espírito
de porco para não compreender essas questões, que inclusive transformam o
Brasil em um País ainda mais internacional. O tempo mostrará, pois ele é o
senhor da razão.
A Copa das Confederações já
é um sucesso de público e o retorno financeiro vai se concretizar. A Copa do Mundo de 2014 vai ser uma das
melhores. A Globo vai encher a burra de dinheiro, bem como os seus anunciantes,
e, malandramente, no Jornal Nacional, vai dizer que os eventos são e serão um
fracasso, ainda mais no Governo do PT. Só não dá mais para dizer que o Brasil
não sabe construir estádios. Quando essa gente viu os estádios prontos ficou
furiosa, porque não imaginava tanta competência. Eles torcem contra o Brasil e
tergiversam, distorcem, manipulam e disfarçam seus desprezos e rancores e
desamores. Vários grupos e em diferentes capitais gritavam: “Foda-se o Brasil”!
Afirmo novamente: todos os países disputam duramente para ter em suas terras
eventos esportivos internacionais. Aqui no Brasil é o contrário. O complexo de
vira-lata, o DNA de escravagista e a alma subserviente e colonizada impedem,
definitivamente, que essa gente reconheça o Brasil e os direitos de seu povo.
Vamos ver que tem mais garrafas para vender em 2014. A maioria do povo
trabalhador que vota na Dilma, definitivamente, não está a ocupar as ruas. Só
não vale golpe de estado midiático, a "revolução" na tela da Globo,
como tentaram na Venezuela.
Seis anos após o Brasil ser
confirmado como sede da Copa do Mundo de 2014, as pessoas resolvem protestar
somente agora, e exatamente no decorrer dos jogos da Copa das Confederações?
Por quê? Não houve tempo para combinar pela internet? Os manifestantes acham
que falam pelo Brasil profundo e pelo povo? Esses jovens que se dizem
apolíticos e cuja pauta era a passagem do transporte público e depois passaram
a ter mil pautas incongruentes e incoerentes, como se fosse o “Samba do Crioulo
Doido”, de Sérgio Porto, tem de ser ouvidos, pois são cidadãos brasileiros,
mas, sobretudo, não falam em nome do povo brasileiro, que elegeu a presidenta
Dilma Rousseff, porque seria muita presunção.
Além disso, se os
partidos e outras associações e agremiações quiserem participar das
manifestações, os líderes do MPL têm de aceitar e não querer um movimento
sectário, afinal o PT, por exemplo, é um partido orgânico, inserido na
sociedade, e, inquestionavelmente, foi forjado nas ruas e nas fábricas e
universidades. Ou esses rapazes e moças pensam que as passeatas começaram a
ocorrer no Brasil na semana passada? Sugiro que o MPL convide os políticos do
PSDB e do DEM, além de seus aliados da Globo, para também participar das
manifestações. O problema é saber se eles vão aceitar caminhar nas ruas. Eu
duvido. O melhor é citar a conhecidíssima frase de Hamlet: "Há mais
mistérios entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia". É isso
aí
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