quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A política, os cupins e a coisa pública


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Imagine a situação: um dia você chega ao seu prédio e o zelador lhe adverte que o seu apartamento está infestado de cupins. O que você faria? Não daria importância e deixaria os cupins lá, multiplicando-se à revelia e destruindo seu patrimônio? Ou você contrataria uma desinsetizadora para acabar com a infestação? Creio que a segunda opção – não é mesmo?

Essa metáfora dos cupins cai, como uma luva, para a situação da política nacional nos dias que correm.

Os partidos hoje estão, tal e qual, casas – as nossas casas – infestados por cupins. Alguns destes partidos ainda têm salvação. Outros, porém, já estão irremediavelmente condenados, tal o comprometimento de suas carcomidas estruturas. Estão como que podres por dentro.

O PSDB, o PT, o PDT, o PSB, e, vá lá, colocando muito veneno, o PMDB, segundo o diagnóstico de especialistas em pragas, ainda podem ter salvação. Bastaria uma descupinização caprichada, e em uma ou duas eleições esses partidos se tornariam sólidos novamente. É aconselhável aproveitar o ensejo e contratar também uma desratização.

Partidos como PCdoB, PSOL e PSTU ainda não sofreram esse tipo de infestação – ao que parece. A REDE começa a entrar no jogo agora, portanto ainda está praticamente virgem. A despeito de, vale lembrar, sua maior liderança ter manifestado, nas últimas eleições, apoio ao senador Aécio Neves. Ou seja, aproximou-se, perigosamente, de um partido que está infestado de cupins. Se em seu discurso faz a pregação de uma “nova política”, o partido tem que fazer, de fato, uma nova política.

Os demais partidos não têm mais solução, creio: estão todos condenados. Alguns são como verdadeiros cupinzeiros a céu aberto.

 Esses, você, na condição de eleitor, aconselho, deve até evitar chegar perto para não se contaminar: PP, PTB, DEM, PR, SD, PSD, PMN e por aí vai a infindável e intragável sopa de letras...

Afinal, já são algo em torno de 35 os partidos inscritos no TSE. Destes, cerca de 28 com representantes na Câmara dos Deputados. Mas esses números mudam quase que todos os dias.
Você já sabe: toma lá; dá cá.

É como uma praga.

É muito partido para pouca e ordinária representação.

É muito cupim para pouca a valiosa madeira.

Ou acabamos com os cupins, ou os cupins acabam com a República.

E, cá entre nós, é preciso, a todo custo, que preservemos a política e a coisa pública.


Lula Miranda
Poeta, cronista e economista. Publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa e Fazendo Média

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