Imagine a situação: um dia você chega ao
seu prédio e o zelador lhe adverte que o seu apartamento está infestado
de cupins. O que você faria? Não daria importância e deixaria os cupins
lá, multiplicando-se à revelia e destruindo seu patrimônio? Ou você
contrataria uma desinsetizadora para acabar com a infestação? Creio que a
segunda opção – não é mesmo?
Essa metáfora dos cupins cai, como uma luva, para a situação da política nacional nos dias que correm.
Os partidos hoje estão, tal e qual, casas – as nossas casas –
infestados por cupins. Alguns destes partidos ainda têm salvação.
Outros, porém, já estão irremediavelmente condenados, tal o
comprometimento de suas carcomidas estruturas. Estão como que podres por
dentro.
O PSDB, o PT, o PDT, o PSB, e, vá lá, colocando muito veneno, o PMDB,
segundo o diagnóstico de especialistas em pragas, ainda podem ter
salvação. Bastaria uma descupinização caprichada, e em uma ou duas
eleições esses partidos se tornariam sólidos novamente. É aconselhável
aproveitar o ensejo e contratar também uma desratização.
Partidos como PCdoB, PSOL e PSTU ainda não sofreram esse tipo de
infestação – ao que parece. A REDE começa a entrar no jogo agora,
portanto ainda está praticamente virgem. A despeito de, vale lembrar,
sua maior liderança ter manifestado, nas últimas eleições, apoio ao
senador Aécio Neves. Ou seja, aproximou-se, perigosamente, de um partido
que está infestado de cupins. Se em seu discurso faz a pregação de uma
“nova política”, o partido tem que fazer, de fato, uma nova política.
Os demais partidos não têm mais solução, creio: estão todos condenados. Alguns são como verdadeiros cupinzeiros a céu aberto.
Esses, você, na condição de eleitor, aconselho, deve até evitar
chegar perto para não se contaminar: PP, PTB, DEM, PR, SD, PSD, PMN e
por aí vai a infindável e intragável sopa de letras...
Afinal, já são algo em torno de 35 os partidos inscritos no TSE.
Destes, cerca de 28 com representantes na Câmara dos Deputados. Mas
esses números mudam quase que todos os dias.
Você já sabe: toma lá; dá cá.
É como uma praga.
É muito partido para pouca e ordinária representação.
É muito cupim para pouca a valiosa madeira.
Ou acabamos com os cupins, ou os cupins acabam com a República.
E, cá entre nós, é preciso, a todo custo, que preservemos a política e a coisa pública.
Lula Miranda
Poeta, cronista e
economista. Publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa,
tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa e Fazendo
Média
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