Está ficando cada vez mais fácil identificar os políticos que fazem mal ao país: são aqueles que Aécio Neves defende.
Ele tem um faro apurado nesse aspecto, como todo o Brasil tem visto
desde o início do ano, quando deu start à sua cruzada para assumir o
papel de líder da oposição.
O primeiro ídolo que escolheu foi o presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha, filhote político de Collor, cuja biografia
está sendo escrita em letras tortas e borradas, graças às suas atitudes
aéticas que desfilam diariamente à vista de todos e à luz do dia.
Aécio, que tenta se apresentar como o paladino contra a impunidade
passou batido pelas notícias da Suíça que relatam as "pedaladas
bancárias" de Cunha, como se houvesse dois tipos de corrupção: a boa e a
má.
A má é a que provém dos covis do PT; todas as demais são boas.
O novo ídolo de Aécio é outro personagem no mínimo controverso e cuja
biografia, assim como a de Cunha, não vai ocupar as páginas mais
aplaudidas da história do Brasil.
Em primeiro lugar é bom esclarecer que a pessoa em foco, Augusto
Nardes, está ministro do TCU, mas é político. E político de direita.
Filhote da ditadura.
Começou como vereador em Santo Ângelo em plena ditadura Médici, em
1973, pela Arena – Aliança Renovadora Nacional, o partido da ditadura
militar. O período em que a repressão foi mais aguda. Com seu apoio.
Este é o pedigree do novo ídolo do suposto líder da oposição.
Terminada a ditadura, ele se elegeu deputado federal pelo PP, o
partido de Paulo Maluf – o rival do avô de Aécio, Tancredo Neves na
disputa de 1984 no Colégio Eleitoral. Precisa dizer mais alguma coisa?
De dois meses para cá Nardes tem sido arroz de festa nos jornais e
nos programas jornalísticos da TV com seu mantra predileto: "as contas
do governo devem ser reprovadas". Se o mantra não fosse esse ele sequer
seria convidado, tal a sua desimportância.
Eu ouvi essa ladainha em ao menos dois programas da Globo News, o do William Waack e o da Mônica Waldvogel. Da boca dele.
Devidamente enquadrado pela Advocacia Geral da União, que pede seu
afastamento por ter antecipado seu voto, ele declarou que não fez o que
fez, copiando Maluf e Cunha que também afirmam não terem conta em banco
suíço.
Além de ter antecipado seu voto – fato público e notório – Nardes agora está omitindo a verdade.
Mas não é só. A Operação Zelotes investiga três escritórios de
contabilidade de Santo Ângelo, de um dos quais Nardes seria ou teria
sido sócio, de acordo com a delação de Paulo Cortez.
Nardes já confirmou conhecer Cortez. Falta conhecer o restante da história.
Alex Solnik
Alex Solnik é jornalista. Já
atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta,
Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque
não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão", "O domador
de sonhos" e "Dragonfly" (lançamento janeiro 2016).
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