Rodolfo Vasconcellos
José Serra mandaria mísseis "exocets" e outros petardos para Belo Horizonte. Eduardo Cunha mandaria seu exército pentecostal aniquilar o estarrecido Michel Temer, que, acossado de todos os lados e sem a têmpera de uma Dilma, não resistiria muito até desmoronar.
http://www1.folha.uol.com.br/…/235755-a-vinganca-apocalipti…
Estão juntas forças extremas do país, que em tempos mais serenos
ficariam em campos opostos. Isso porque elegeram o PT e Dilma como inimigos.
Hoje estão em consonância no Brasil forças extremas da sociedade, que
em tempos mais serenos ficariam em campos opostos. O PSDB abraça os
descontentes chantagistas do PMDB, enquanto o vampiresco Eduardo Cunha e
sua horda de zumbis dão beijocas no sanguinário deputado Carlos
Sampaio.
Hoje a reacionária alta burguesia paulista faz afagos na
pelega Força Sindical, enquanto a elite janota do Rio de Janeiro se
aconchega aos plebeus da zona norte.
Hoje dão as mãos o
direitista "O Estado de S. Paulo", a minha querida quase imparcial
Folha, o oportunista "O Globo" e a histérica revista "Veja". Hoje se
alinham para panelaços a população alienada e a estudantada militante.
Tudo isso porque elegeram um inimigo comum, o PT, e sua representante
mítica, Dilma Rousseff. Ah, como é reconfortante encontrar um bode
expiatório, alguém que, como Cristo, acolha todas as culpas, embora a
contragosto. Ah, como é gostoso ter um inimigo comum.
É pena que a
presidente Dilma Rousseff seja tão obstinada, tão voluntariosa. É pena
que seja ela tão patriota, tão irredutivelmente profissional. Pois, o
que aconteceria se inopinadamente esse inimigo comum fosse removido?
Apenas por razões de ordem acadêmica, vamos supor que a presidente
Dilma decidisse abdicar. Vocês já imaginaram a balbúrdia que se
instalaria no Brasil? Sem um inimigo comum, um bode expiatório geral?
Como iriam comportar-se esses atores tão individualistas, tão
egocêntricos da política nacional?
Imaginemos apenas que, se não
para manter sua dignidade, mas apenas por macabra vingança, a presidente
Dilma Rousseff resolvesse passar umas longas e merecidas férias em Côte
d'Azur, na França.
José Serra mandaria mísseis "exocets" e outros petardos para Belo Horizonte. Eduardo Cunha mandaria seu exército pentecostal aniquilar o estarrecido Michel Temer, que, acossado de todos os lados e sem a têmpera de uma Dilma, não resistiria muito até desmoronar.
A mídia, confusa, já não saberia a quem hostilizar.
Eduardo Cunha? José Serra? Fernando Henrique Cardoso? O PMDB, acostumado
a aderir ao mais forte, ficaria sem orientação, sem rumo.
Os
"pit bulls" da oposição –Rodrigo Maia, Carlos Sampaio, Álvaro Dias,
Aloysio Nunes Ferreira–, viciados e sem ter a quem morder, passariam a
se mastigar entre si ou passariam a atacar outros aliados? E quem
governaria essa Câmara prenhe de cobiças e de extorsões?
FHC
disse que é inoportuno o impeachment da presidente Dilma porque não há
lideranças adequadas. Talvez o que ele queira dizer é que haja muitos
candidatos medíocres para a substituição de Dilma. Com isso, agride seus
correligionários Serra e Aécio Neves e outros opositores dos demais
partidos, antes mesmo de qualquer processo de impedimento da presidente.
Ah, que pena que Dilma não é vingativa. Que pena, mas que sorte!
ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE, 84, físico, é professor emérito da
Unicamp e membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e do
Conselho Editorial da Folha
http://www1.folha.uol.com.br/…/235755-a-vinganca-apocalipti…
Nenhum comentário:
Postar um comentário