sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A máquina de degolar ministros


Na edição da semana passada, CartaCapital antecipou o enredo da novela: “Carlos Lupi, ministro do Trabalho, ainda não foi decapitado, mas a engrenagem das denúncias já mira Mário Negromonte, o titular da pasta de Cidades”. Os recentes acontecimentos não apenas confirmam a previsão, como revelam que a máquina de degolar ministros continua a ser manejada com ímpeto. Impaciente com a demora de levar Lupi ao patíbulo, a oposição passou a concentrar os seus esforços na degola de Negromonte, ora enredado numa denúncia de “fraude” que encareceu um projeto de transporte para a Copa de 2014.


Conforme uma denúncia veiculada, na quinta-feira 24, pelo jornal O Estado de S. Paulo, a troca de uma linha rápida de ônibus (BRT) pela construção de um Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá, amparada por um parecer falso, fez o custo saltar de 700 milhões de reais para a 1,2 bilhão. O documento teria sido forjado pela diretora de Mobilidade Urbana da pasta, com autorização do chefe de gabinete do ministro, Cássio Peixoto.

Tão logo a notícia repercutiu, colunistas e articulistas das mais variadas matizes trataram de expor a “fragilidade” do ministro após a denúncia. Negromonte já não contaria nem com o apoio da maioria do partido, o PP, sacramentou o Portal R7, embora o Ministério das Cidades tenha esclarecido que não houve “fraude”, e sim a mudança de um projeto por outro, após a análise de diferentes pareceres técnicos.

Não foi difícil prever que ele seria o próximo na fila da degola. Na semana anterior, jornalistas buscavam informações no Planalto sobre a vida pregressa de Negromonte. Também requentavam velhas notícias, muitas delas publicadas sem qualquer -repercussão, e oriundas de investigações do próprio governo, como a Controladoria-Geral da União (CGU).


Pelo Portal da Transparência, mantido pela CGU, soube-se, por exemplo, que Negromonte fez uma farra particular com verbas do ministério para redutos eleitorais do PP. Das 102 prefeituras que receberam verbas da pasta, 44 eram do partido do ministro. Que efeito terão essas denúncias caso se confirmem as previsões e ele caia, poucos sabem dizer. Depois de cada demissão, a apuração dos casos de corrupção some do noticiário.


Na fumaça do esquecimento, repousam as acusações de corrupção na Agricultura, nos Transportes, no Programa Segundo Tempo do Ministério do Esporte. E a reforma ministerial, anunciada pela presidenta Dilma Rousseff para janeiro, parece vir muito tarde, diante do apetite da oposição.CartaCapital

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