quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A distribuição da renda dez anos depois

 

Após dez anos de governos do PT, pode-se detectar uma importante melhora no perfil da distribuição da renda no País. Não vivemos em nenhum paraíso. Muito longe disso. Mas, em contrapartida, a situação é muito melhor que a do final dos anos 1990 e início dos anos 2000.
 
Fonte: SCN/IBGE
Fonte: SCN/IBGE
O índice de Gini foi reduzido. Este índice mede a distribuição da renda e varia entre 0 e 1. Quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade e quanto mais próximo de zero, maior a igualdade. O Gini brasileiro caiu de 0,585, em 1995, para 0,501, em 2011. Contudo, este é um número que ainda está distante dos índices de países tais como França (0,308) ou Suécia (0,244).
 
 
No início dos anos 1960, o Brasil possuía um Gini inferior a 0,5. Entretanto, os governos militares (1964-1985) adotaram um modelo de crescimento econômico com concentração de renda. O Gini subiu. Em meados dos anos 1990, com a queda da inflação, o índice de Gini sofreu uma redução.
 
 
O índice de Gini é calculado com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE. Mais de 96% das rendas declaradas na Pnad correspondem às remunerações do trabalho e às transferências públicas. Sendo assim, a desigualdade medida pelo Gini/Pnad não é adequada para revelar a distribuição da renda entre trabalhadores, de um lado, e empresários, banqueiros, latifundiários, proprietários de imóveis alugados e proprietários de títulos públicos e privados, de outro. O índice de Gini não revela a participação das rendas do trabalho e do capital como proporção do Produto Interno Bruto (o PIB, que é o valor de todos os serviços e bens que são produzidos).
 
 
Além do Gini, é preciso analisar a distribuição funcional da renda: capital versus trabalho. O processo de desconcentração da renda que está em curso no Brasil vai além da redução do índice de Gini. Ocorre, principalmente, devido ao aumento da participação dos salários como proporção do PIB.
Fonte: IBGE
Fonte: IBGE
Houve uma trajetória de queda da razão salários/PIB de 1995 até 2003, quando caiu a um piso de 46,23% (incluindo as contribuições sociais dos trabalhadores e excluindo a remuneração de autônomos). A partir de então, houve uma inflexão na trajetória, que se tornou ascendente. O último dado divulgado pelo IBGE é de 2009. Neste ano, a participação dos salários alcançou 51,4% do PIB superando a melhor marca do período 1995-2003, que foi 49,16%.
 
 
São variadas as causas do movimento positivo de aumento da participação dos salários no PIB. O rendimento médio do trabalhador teve um aumento real significativo entre 2003 e 2012. Houve um vigoroso aumento real do salário mínimo nos últimos dez anos. E houve redução dos juros pagos pelo governo aos proprietários de títulos públicos e redução dos juros cobrados das famílias pelos bancos.
O índice de Gini/Pnad e a participação percentual das remunerações dos trabalhadores no PIB são medidas complementares. Ambas representam dimensões da desigualdade e do desenvolvimento socioeconômico do país. As duas medidas mostram que o desenvolvimento socioeconômico brasileiro está em trajetória benigna desde 2003-4. Elas mostram também que no período anterior (1995-2003) as rendas do trabalho perdiam espaço no PIB para as rendas do capital.
 
 
A recuperação do poder de compra dos salários foi o principal pilar da constituição de um imenso mercado de consumo de massas que foi constituído no Brasil nos últimos anos. Foi a formação desse mercado que possibilitou ao Brasil sair apenas com pequenos arranhões da crise de 2008-9. O desenvolvimento econômico e social brasileiro depende, portanto, do aprofundamento do processo distributivo em curso. Não existirá desenvolvimento sem desconcentração de renda.
 
 
João Sicsú-CartaCapital
 

Um comentário:

brasilpensador.blogspot.com disse...

Olha a mudança tem sido em muitos setores dos orgamos que dao assistencia ao povo. No caso da previdencia. a modificaçao é gritante. Hoje ja nao se dorme mais em filhas para se marcar uma consulta ou procurar um beneficio.No campo da previdencia social, hoje voce marca a perificia por telefone e no dia é atendido, ate lhe auxiliam a preencher documentos coisa antes nunca visto. Eu mesmo conseguir um auxilio para meu irmao em 15 dias apenas. Ja no campo da assistencia medica as pessoas podem se queixar um pouco pois tem que acordar cedo e pegar uma ficha para um clinico depois de pegar essa ficha a pessoa é atendida pelo clinico que encaminha para um especialista. voce ja sai do posto com dia e hora marcado. no dia marcado voce ja faz os exames necesserios., no meu caso eu fiz 3 exames com para o otorrino depois de estar de posse do exame fui ao guiche e marquei meu retorno ao otorrino para ele analisar o meu problema. Ora gente isso ´[e 100 mil vezes melhor do que a esculhambaçao que FERNANDO HENRIQUE DEIXOU A PREVIDENCIA. hoje nós podemos dizer que estamos sentdo respeitado. sei que ainda tem muito para melhorar mais esse começo ja nos dar muita tranquilidade. É ISSO QUE MATA ESSA OPOSIÇAO DE RAIVA. PORQUE ELA QUER VER O POVO SOFRENDO.