quinta-feira, 9 de abril de 2015

Mais um Campos na política de Pernambuco. Que Deus nos livre


Não vamos desistir de vocês
 



Por Michel Zaidan


O prestigiado Blog do Jamildo publicou uma notícia emblemática sobre a oligarquia pernambucana. Segundo a notícia: a fim de perpetuar o legado da família (Campos) na política regional (estadual e municipal), o dublê de tesoureiro de campanha, advogado e literato estadual – Antonio Campos resolveu declarar a sua pré-candidatura à Prefeitura de Olinda. O redator da notícia foi gentil nas palavras utilizadas. “Perpetuar o legado da família” significa, em outros termos, reproduzir a dominação oligárquica que vem se mantendo no estado de Pernambuco, pelo uso da máquina administrativa, pela grife “Arraes/Campos”, pela proximidade perigosa com a administração pública, pela exposição – com finalidade político-eleitoral – da família Campos e, naturalmente, pela influência que ela exerce sobre os prepostos eleitos.

Fosse Pernambuco um estado – não uma capitania hereditária ou feudo familiar – onde reinasse a mais absoluta autonomia e independência dos meios de comunicação, a expressão a ser utilizada na matéria seria outra, e não um eufemismo ou uma forma de educoração do fenômeno oligárquico, mandonista, familiar que ora nos governa. Até quando isso vai perdurar?

Imagine que um auditor fiscal, investido no cargo de governador de estado, por obra e graça de um oligarca já desaparecido, que continua prestando reverência à primeira viúva, assume o legado (não da família) de dívidas, de obras inacabadas, de caos no sistema penitenciário na Polícia Civil, de crise na educação pública e cujo bordão, nos meios de comunicação, vem a ser “vamos transformar”. A este, pelo visto, nem foi dado o dom da retórica nem da decisão. É um governante (“poste”) que não decide, não tem capacidade ou autonomia decisória. Talvez porque tenha que se submeter (não a uma administração gerencial, guiada por metas) mas a um colegiado formado pelo irmão do ex-governador, a viúva, seus dois filhos e os agregados. É possível ter uma administração mais eficiente e séria do que essa? – Totalmente subordinada aos interesses eleitorais de uma oligarquia familiar?

Os convescotes literários, anualmente patrocinados pelo hoje pré-candidato declarado à Prefeitura de Olinda, fartamente alimentados pela proximidade com o governo estadual, tornaram-se agora um formidável ativo político para que o pré-candidato venha manifestar o seu interesse pela administração da cidade vizinha. É assim: fiz isso, fiz aquilo, agora chegou a vez dos olindenses retribuírem o árduo trabalho de trazer o mundo da cultura para o município. Curioso é o cartaz que o pretendente distribuiu pela cidade-patrimônio: “não vou desistir de você”. Trata-se de um botim? De uma presa ou uma recompensa? – 0 que significa essa obsessão de “perpetuar o legado da família” por todo o estado?

Um estudioso de Max Weber definiria essa obsessão por patrimonialismo. Governo patrimonialista, que acha que a administração pública é coisa sua, da sua família, da sua “entourage” familiar. Engana-se o senhor Campos e sua cunhada. A gestão pública não é um patrimônio familiar, é um Patrimônio da sociedade e está sujeita a leis que falam de impessoalidade, legalidade e transparência. Não pode servir a interesses “literários” particulares.

Quer continuar a fazer os seus convescotes em Olinda, então que use seus dotes de arrecadador (não junto a empresas que tenham negócios com o estado e a prefeitura) e continue fazendo um circo literário para convidados “vips”, deixando o povo do lado de fora, a acompanhar pelos telões os eventos programados.

Se a famosa frase do Conde da Boa Vista: “Em Pernambuco, quem não é cavalcanti, é cavalgado” não tem mais validade, imagine-se que hoje não podemos trocar a palavra Cavalcanti por Campos Acioly e seus apaniguados.

PS. Esta decisão é já um reconhecimento de que o aliado de todas as horas (PC do B) não vai lançar candidato à eleição? – ou uma ruptura?

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