Forças militares a mando do governo golpista de Honduras fecharam, nesta segunda-feira (28), as sedes da Rádio Globo e do Canal 36 de Tegucigalpa, horas após a publicação do decreto que elimina garantias constitucionais. O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, condenou o ocorrido e fez um chamado ao Congresso de seu país para que suspenda o decreto emitido pelo governo golpista. Zelaya pediu ainda à comunidade internacional que tome atitudes mais contundentes.
Em uma entrevista coletiva, da embaixada brasileira em Tegucigalpa, onde permanece desde a segunda passada (21), Zelaya conclamou os partidos políticos a evitarem que o regime liderado por Roberto Micheletti tire liberdades dos cidadãos e limite o trabalho dos meios de comunicação. Segundo ele, não se pode permitir "atentados à constituição".
Se dirigindo à comunidade internacional, ele pediu atitudes mais contundentes, ante o que os golpistas podem fazer "nas próximas horas". "Nos avisam que foi sancionado um decreto onde se restringem as liberdades públicas e garantias por 45 dias prorrogáveis (...) o ditador manda à vontade e dá poderes às forças militares, junto à polícia, para reprimir", expressou o mandatário.
Diante disto, o presidente constitucional advertiu às Forças Armadas que deixem de reprimir o povo e violar os direitos humanos, sob pena de serem investigados e julgados nacional e internacionalmente assim que seja retomado o fio constitucional. Zelaya fez um chamado "a não destruir a imagem da instituição e não violar os direitos humanos".
O presidente assegurou que, em Honduras, mais de cem pessoas foram assassinadas, "torturaram centenas de camponeses e foram registrados milhares de feridos", vítimas de ações da polícia e do Exército, a mando de Micheletti. Zelaya reclamou que apenas anunciam dez, mas se "oculta o saldo que deixam as repressões na greve de professores e outras manifestações pelo país".
Sobre a ameaça do governo de fato de retirar o status diplomático da embaixada brasileira, onde está abrigado, Zelaya afirmou que "seria um erro terrível do regime, que ficaria mais manchado do que já está"
O fechamento dos meios de comunicação opositores ocorre no dia em que se completam três meses do golpe de Estado contra Zelaya e quando se prepara uma grande manifestação convocada a favor do retorno da ordem constitucional ao país. O decreto que suspende liberdades, a fim de evitar as demonstrações de resistência ampliadas nos últimos dias, se estenderá por 45 dias, prorrogáveis.
Morta em protesto, estudante vira mártir
Zelaya lamentou a morte da estudante Wendy Elizabeth Ávila, sepultada neste domingo. Cerca de uma centena de hondurenhos seguiram o cortejo de Wendy, 24 anos, morta por problemas respiratórios depois de inalar o gás lacrimogêneo atirado na Embaixada do Brasil durante manifestações após a volta do presidente deposto, Manuel Zelaya.
Logo a caminhada de luto se transformou em uma manifestação contra a ditadura hondurenha. Wendy teve sua imagem exibida como a de uma mártir pela Frente Nacional de Resistência contra o Golpe de Estado. Asmática, Wendy era estudante de Direito e participou de várias marchas em Tegucigalpa, segundo seus parentes e amigos. Em várias dessas situações, foi exposta a gás lacrimogêneo, o que piorou seu quadro. Na sexta-feira, morreu.
"A asma se controla, é possível. Muitas pessoas vivem com asma. Ela tomava remédios, tinha um inalador, usava seu inalador e tudo estava bem. Mas uma pessoa com asma e respirando esses gases, é certo que pode morrer", disse Edwin Angel, com quem Wendy se casou há cinco meses.
Wendy foi velada em um sindicato em meio a discursos contra o governo golpista. Depois seu corpo foi levado a uma das regiões mais pobres da capital hondurenha e na passagem várias pessoas clamaram por justiça.
Cúpula América do Sul-África condena golpe
Uma moção apresentada pelo governo brasileiro condenando o golpe em Honduras e o cerco à Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, desde que o presidente deposto, Manuel Zelaya, abrigou-se no local, foi aprovada por unanimidade pelos países integrantes da 2ª Reunião de Cúpula dos Países da América do Sul e África, que está sendo realizada na Isla de Margarita, na Venezuela.
O embaixador Gilberto Moura, diretor do Departamento de Mecanismos Regionais (que cuida especificamente das reuniões de cúpulas) informou, em entrevista à Agência Brasil, que a moção em sua primeira parte enfatiza e endossa as declarações da Unasul e da União Africana de condenação do golpe em Honduras "e a imediata e incondicional restituição de Zelaya ao poder".
O documento também manifesta "a necessidade da preservação e inviolabilidade da segurança da embaixada brasileira naquele país, além da segurança dos funcionários e de todos os que lá se encontram instalados".
Na semana passada, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) condenou o que considerou como "atos de intimidação" contra a embaixada brasileira em Tegucigalpa, onde o presidente deposto do país, Manuel Zelaya, está refugiado desde segunda-feira (21). Vermelho Org.
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Quase 20 policiais e militares entraram no edifício da emissora Rádio Globo às 5h30 locais (8h30 de Brasília) e tiraram o sinal do ar, sem encontrar resistência, declarou à AFP o jornalista Carlos Paz que trabalha na rádio. Paz completou que, até o momento, não conseguiu localizar o diretor da rádio, o também jornalista David Romero.
A emissora de televisão "36" também se encontrava na manhã destasegunda-feira cercada por militares e o sinal estava fora do ar, ainda que não tenha sido confirmada se as instalações da TV tenham sido invadidas.
Com a investida, ficam fechados então os únidos dois meios de comunicação que a resistência hondurenha usava para se comunicar em todo o país, significando, assim, uma ação de força do governo Micheletti, que busca segurança à sua gestão, apesar do rechaço nacional e internacional.
A emissora de televisão "36" também se encontrava na manhã destasegunda-feira cercada por militares e o sinal estava fora do ar, ainda que não tenha sido confirmada se as instalações da TV tenham sido invadidas.
Com a investida, ficam fechados então os únidos dois meios de comunicação que a resistência hondurenha usava para se comunicar em todo o país, significando, assim, uma ação de força do governo Micheletti, que busca segurança à sua gestão, apesar do rechaço nacional e internacional.
Em uma entrevista coletiva, da embaixada brasileira em Tegucigalpa, onde permanece desde a segunda passada (21), Zelaya conclamou os partidos políticos a evitarem que o regime liderado por Roberto Micheletti tire liberdades dos cidadãos e limite o trabalho dos meios de comunicação. Segundo ele, não se pode permitir "atentados à constituição".
Se dirigindo à comunidade internacional, ele pediu atitudes mais contundentes, ante o que os golpistas podem fazer "nas próximas horas". "Nos avisam que foi sancionado um decreto onde se restringem as liberdades públicas e garantias por 45 dias prorrogáveis (...) o ditador manda à vontade e dá poderes às forças militares, junto à polícia, para reprimir", expressou o mandatário.
Diante disto, o presidente constitucional advertiu às Forças Armadas que deixem de reprimir o povo e violar os direitos humanos, sob pena de serem investigados e julgados nacional e internacionalmente assim que seja retomado o fio constitucional. Zelaya fez um chamado "a não destruir a imagem da instituição e não violar os direitos humanos".
O presidente assegurou que, em Honduras, mais de cem pessoas foram assassinadas, "torturaram centenas de camponeses e foram registrados milhares de feridos", vítimas de ações da polícia e do Exército, a mando de Micheletti. Zelaya reclamou que apenas anunciam dez, mas se "oculta o saldo que deixam as repressões na greve de professores e outras manifestações pelo país".
Sobre a ameaça do governo de fato de retirar o status diplomático da embaixada brasileira, onde está abrigado, Zelaya afirmou que "seria um erro terrível do regime, que ficaria mais manchado do que já está"
O fechamento dos meios de comunicação opositores ocorre no dia em que se completam três meses do golpe de Estado contra Zelaya e quando se prepara uma grande manifestação convocada a favor do retorno da ordem constitucional ao país. O decreto que suspende liberdades, a fim de evitar as demonstrações de resistência ampliadas nos últimos dias, se estenderá por 45 dias, prorrogáveis.
Morta em protesto, estudante vira mártir
Zelaya lamentou a morte da estudante Wendy Elizabeth Ávila, sepultada neste domingo. Cerca de uma centena de hondurenhos seguiram o cortejo de Wendy, 24 anos, morta por problemas respiratórios depois de inalar o gás lacrimogêneo atirado na Embaixada do Brasil durante manifestações após a volta do presidente deposto, Manuel Zelaya.
Logo a caminhada de luto se transformou em uma manifestação contra a ditadura hondurenha. Wendy teve sua imagem exibida como a de uma mártir pela Frente Nacional de Resistência contra o Golpe de Estado. Asmática, Wendy era estudante de Direito e participou de várias marchas em Tegucigalpa, segundo seus parentes e amigos. Em várias dessas situações, foi exposta a gás lacrimogêneo, o que piorou seu quadro. Na sexta-feira, morreu.
"A asma se controla, é possível. Muitas pessoas vivem com asma. Ela tomava remédios, tinha um inalador, usava seu inalador e tudo estava bem. Mas uma pessoa com asma e respirando esses gases, é certo que pode morrer", disse Edwin Angel, com quem Wendy se casou há cinco meses.
Wendy foi velada em um sindicato em meio a discursos contra o governo golpista. Depois seu corpo foi levado a uma das regiões mais pobres da capital hondurenha e na passagem várias pessoas clamaram por justiça.
Cúpula América do Sul-África condena golpe
Uma moção apresentada pelo governo brasileiro condenando o golpe em Honduras e o cerco à Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, desde que o presidente deposto, Manuel Zelaya, abrigou-se no local, foi aprovada por unanimidade pelos países integrantes da 2ª Reunião de Cúpula dos Países da América do Sul e África, que está sendo realizada na Isla de Margarita, na Venezuela.
O embaixador Gilberto Moura, diretor do Departamento de Mecanismos Regionais (que cuida especificamente das reuniões de cúpulas) informou, em entrevista à Agência Brasil, que a moção em sua primeira parte enfatiza e endossa as declarações da Unasul e da União Africana de condenação do golpe em Honduras "e a imediata e incondicional restituição de Zelaya ao poder".
O documento também manifesta "a necessidade da preservação e inviolabilidade da segurança da embaixada brasileira naquele país, além da segurança dos funcionários e de todos os que lá se encontram instalados".
Na semana passada, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) condenou o que considerou como "atos de intimidação" contra a embaixada brasileira em Tegucigalpa, onde o presidente deposto do país, Manuel Zelaya, está refugiado desde segunda-feira (21). Vermelho Org.
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