Estadão mostra PSDB aflito com queda de Serra em pesquisa
Discretamente, O Estado de S. Paulo fez o registro de que as últimas pesquisas preocupam o QG do presidenciável oposicionista José Serra. "Os tucanos usarão o programa partidário na TV como cartada estratégica para frear o crescimento dos rivais e a consolidação da tendência de segundo turno, evidenciada na pesquisa do Ibope divulgada nesta semana", informam os jornalistas Julia Duailibi e Silvia Amorim.
"Serra conversou nesta semana com os principais estrategistas ligados ao partido para traçar um diagnóstico da pesquisa divulgada nesta semana [da CNI-Ibope]. No cenário em que é possível fazer a comparação com a pesquisa anterior, o tucano caiu 4 pontos. A avaliação é de que só após o programa na TV será possível traçar o real 'grid de largada'. O resultado da pesquisa serviu para reforçar o discurso de ala do PSDB que defende maior atividade de pré-campanha", aponta o penúltimo parágrafo da reportagem.
Ao noticiar a pesquisa, divulgada nesta terça-feitra (22), o Estado seguiu o padrão geral da mídia dominante, deixando em segundo plano o escorregão de 4 pontos de Serra – no limite da margem de erro da pesquisa. Mas a matéria de hoje mostra que os tucanos acusaram o golpe.
"Desmontar Dilma"
"O PSDB fará de seu principal nome na disputa de 2010, o governador José Serra, a estrela do programa estadual que irá ao ar em outubro. E ontem [quinta-feira] decidiu que usará as inserções nacionais, em novembro, para desmontar a imagem de boa administradora da ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT", informa o Estadão, na parte inferior da página 4 de sua edição desta sexta-feira (25).
"A avaliação é de que o bom desempenho de Marina Silva (PV) e Ciro Gomes (PSB) na pesquisa está relacionado à exposição nos programas partidários em rádio e TV nas últimas semanas. Os tucanos apostam que, assim que as inserções estaduais forem ao ar, Serra voltará a subir nas pesquisas", prossegue.
Uma das leituras das pesquisas recentes é que as candidaturas de Ciro e Marina não auxiliam automaticamente a oposição. Tiram votos de Dilma, mas também de Serra, em certas circunstâncias numa proporção até maior.
Programa terá "forte tom oposicionista"
"Aliados de Serra" acham que "a oposição à gestão Lula nos últimos anos tem sido fraca", diz ainda o jornal. Mas mostra igualmente que não há consenso sobre a alternativa de partir para ataques no programa de TV.
"Ontem houve reunião com a cúpula do PSDB para definir como será o programa nacional do partido. Aliados de Serra defendiam a tese de que o espaço deveria ser usado para tecer críticas ao governo federal, com o argumento de que a oposição à gestão Lula nos últimos anos tem sido fraca", relata a reportagem.
Porém o texto aponta que "a ala ligada ao governador de Minas, Aécio Neves, que também pôs seu nome na disputa presidencial" – colocando-se não como "anti-Lula" mas sim como "pós-Lula" –, resiste a uma linha agressiva. Essa ala, informa, "preferia que parte do programa fosse usada para divulgar os próprios pré-candidatos, já que ele [Aécio] não é tão conhecido nacionalmente como Serra".
Mais uma vez a ala Serra se impôs. "Na reunião, resolveu-se que a maior parte das inserções deverá ter forte tom oposicionista e vai bater em áreas do governo sob a coordenação de Dilma".
O texto ainda flagra uma contradição do governador paulista. "Ontem Serra criticou o uso dos programas partidários para propaganda eleitoral. 'Não estou entrando em horário partidário fazendo campanha e não vou fazer isso', afirmou. À noite, no entanto, o governador foi uma das estrelas do programa de TV do PPS. Aliado dos tucanos, o PPS também promoveu a imagem de Aécio e, quase num formato de horário eleitoral gratuito, atacou o governo Lula, vinculando-o ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP)."
Com O Estado de S. Paulo
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