sábado, 26 de setembro de 2009

Amorim reitera que Brasil não sabia da volta de Zelaya a Honduras


BBC Brasil

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reiterou, nesta sexta-feira, que o governo brasileiro não tinha conhecimento prévio dos planos do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, de voltar à capital hondurenha, Tegucigalpa, e se instalar na embaixada do Brasil. "Se vocês quiserem que eu jure aqui e bote uma Bíblia, o Alcorão e mais uma Torá, eu juro.

"Não tenho o menor problema com isso. Eu não sabia, nós não sabíamos (do retorno de Zelaya). Se vocês não quiserem acreditar, eu não posso fazer nada", disse o chanceler brasileiro em uma entrevista coletiva em Nova York.

As declarações de Amorim são uma resposta às acusações feitas na última quinta-feira pelo governo interino de Honduras que, por meio de um comunicado, acusou o governo brasileiro de "promover" a volta de Zelaya à capital do país e de "intromissão" em assuntos internos hondurenhos.

"Não há interferência em problemas internos. Essa é uma situação que já foi examinada pela OEA (Organização dos Estados Americanos), que unanimemente adotou resoluções, não tivemos nenhuma participação na ida do presidente Zelaya", disse.

"Agora, há um presidente legítimo, ele bate à nossa porta e o que você gostaria que eu fizesse? Que entregasse esse presidente à polícia dos golpistas? Não havia outra atitude possível. Qualquer outra atitude seria covarde. É um presidente democrático, legitimamente eleito, assim reconhecido pela OEA e pelas Nações Unidas".

"Extraordinária"


Amorim concedeu a entrevista depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas ter feito, nesta sexta-feira, uma declaração em que condena "atos de intimidação" contra a embaixada brasileira na capital de Honduras, onde Zelaya está abrigado desde segunda-feira.

O ministro comemorou a atitude do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

"É uma coisa extraordinária ter conseguido uma declaração em um momento como esse, ter conseguido uma sessão aberta, porque eles poderiam ter feito só, por exemplo, uma consulta (sem ouvir o Brasil). É muito comum quando isso acontece."

Amorim também voltou a dizer que não crê em uma invasão da embaixada brasileira por forças hondurenhas e afirmou que o governo brasileiro acredita que as negociações para tentar colocar um fim à crise no país centro-americano devem ser feitas no âmbito da OEA.

Na última quinta-feira, o governo do presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, afirmou que aceita receber uma missão diplomática integrada pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias, e pelo vice-presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, para negociar uma solução para a crise.

Por este motivo, o governo interino decidiu adiar uma reunião com uma missão da OEA.

"Eu acho que ele (Micheletti) pode receber quantas missões ele quiser, mas acho que é importante que a missão da OEA chegue. A OEA é o órgão legítimo para tratar dessa negociação", disse.

Segundo o ministro, está prevista para este sábado a viagem a Honduras do secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, e de outros embaixadores, inclusive o brasileiro Ruy Casaes.

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