Jornal de Brasília - 25/09/2009
Brasil, México e Argentina fizeram hoje pressão para conseguir um compromisso de reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI) na reunião do Grupo dos Vinte (G20, os países ricos e os principais emergentes).
Na minuta de declaração final, os países do G20 defendem que os ricos transfiram pelo menos 5% de seu poder de voto às nações em desenvolvimento consideradas "dinâmicas".
Apesar de o Brasil ter pedido inicialmente 7%, Marco Aurélio Garcia, assessor especial para assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse ter sido uma conquista importante.
"Se queremos mudanças substantivas, precisamos de organismos que realizem essa reforma", disse García em relação ao FMI e ao Banco Mundial.
O Brasil seria um dos grandes beneficiados com a nova redistribuição do voto no FMI, junto com China, Rússia e Índia, pois são nações que tiveram um crescimento maior que a média mundial na última década, mas cuja representação no organismo não cresceu em paralelo.
"Apoiamos uma mudança significativa nas cotas de pelo menos 5% dos países sobre-representados aos mercados emergentes e países em desenvolvimento dinâmicos infra-representados na próxima revisão das cotas, a ser completada em janeiro de 2011", afirma a minuta.
As cotas determinam o poder de voto na entidade.
Os países sobre-representados são pequenas nações europeias, como Bélgica, Dinamarca e Suíça, que têm mais influência no FMI que teriam direito se levado em conta o tamanho de suas economias.
Por outro lado, os EUA não perderão poder com a reforma, já que seus quase 17% de voto no FMI são inferiores à percentagem que representa seu Produto Interno Bruto (PIB) na economia mundial.
Washington foi o aliado mais potente dos países emergentes na redistribuição do poder no seio do FMI, onde, ao superar 15%, sua percentagem de voto lhe dá o direito de veto na prática das decisões de maior impacto.
A Argentina também defende a reforma do FMI, embora seu interesse especial seja para que se flexibilizem as condições pelas quais os países podem receber seus empréstimos.
O México já se beneficiou de um pequeno reajuste do voto no organismo, por isso que novas mudanças nas cotas não são sua prioridade, segundo disse à Agência Efe uma fonte governamental.
Mais interessante para o México seria um reforço nos cofres do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), dado que boa parte dos recursos adicionais se traduziriam em empréstimos para o desenvolvimento em seu território.
O México apresentará o tema na cúpula, que começa hoje, com a ideia de que os países nórdicos forneçam os fundos, segundo a fonte.
A Argentina também irá à reunião com um assunto paralelo de interesse especial: as negociações com o Clube de Paris.
Está previsto que o ministro da Economia da Argentina, Amado Boudou, se reúna hoje com sua colega francesa, Christine Lagarde, para tratar o tema.
Outro dos temas importantes da América Latina a ser tratado na cúpula é frear as tendências protecionistas mostradas pelos países ricos como resposta à crise.
Na sexta-feira, se tornará pública uma declaração do G8 (os sete países mais ricos e a Rússia) na qual nações em desenvolvimento pedem um compromisso com a abertura de mercados e a rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), segundo disseram fontes brasileiras.
A minuta da declaração do G20, pactuada pelos ministérios da economia nos últimos dias, pede a aplicação rápida do programa de US$ 250 bilhões em créditos ao comércio estipulada na cúpula de Londres, em abril.
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