quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Oposição invjosa

Filme sobre Lula é pano de fundo para troca de farpas entre políticos

Por Redação - de Brasília O filme sobre a vida do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, apresentado na noite passada em avant-première no Festival de Cinema de Brasília, foi apenas mais um motivo para o confronto entre as forças de direita, na oposição, contra os setores progressistas da sociedade, atualmente no governo. Enquanto aqueles criticavam a obra, estes recomendavam que se fizesse um filme sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Lula, personagem central do filme, por sua vez, preferiu ficar em casa e reunir sua família para assistir à Lula, o Filho do Brasil, de Fábio Barreto, disse o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que conversou com o presidente antes de seguir para sua exibição na abertura do 42º Festival de Cinema de Brasília, no Teatro Nacional.

– Ele (Lula) disse que queria fazer uma reunião com a família para ver o filme – afirmou.

O ministro disse ainda que “fugiu” de uma reunião com o presidente para ver o filme.

– Estávamos lá, Lula, Minc, eu, em uma reunião sobre as rodovias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Falei que tínhamos que ir embora porque queríamos ver o filme. Sem correr o risco de parecer puxa-saco, a história do presidente é fantástica. O filme tem bons atores, é bem produzido, é um filme emocionante. Acho que vocês também vão se emocionar – disse o ministro Paulo Bernardo que chegou a assisti-lo há cerca de um mês, na casa do casa do produtor, Luiz Barreto.

O Teatro Nacional ficou lotado para a exibição, que tem data marcada para entrar no circuito comercial em janeiro de 2010. Lula não esteve presente, mas a primeira-dama, Marisa Letícia participou da abertura do festival. O longa-metragem de Fábio Barreto conta a vida do presidente Lula, desde seu nascimento, em 1945, no sertão pernambucano, até 1980, quando ele era um sindicalista

Este foi também o ano da morte da mãe do presidente, Eurídice Ferreira de Mello (dona Lindu), interpretada por Glória Pires. E, de acordo com o diretor, a relação de Lula com a mãe é o eixo central da história.

– É um filme de mãe e filho. Essa é a base dramática do filme. Como essa mãe educou, protegeu, formou esse filho, para ele ser alguém na vida – disse.

Críticas rebatidas

As críticas feita pela oposição de que o filme Lula, o Filho do Brasil seria uma forma de manipulação política foram rebatidas com bom humor pelo ministro Paulo Bernardo. O ministro disse que a oposição deveria procurar, entre seus expoentes, alguém que também pudesse ter a vida retratada nas telas. Bernardo, no entanto, afirmou que não tinha sugestões de nomes a fazer.

– Se procurarem bem, eles acham – disparou.

O longa tem sido criticado pela oposição, que teme o uso político da imagem do presidente com a divulgação da obra. Lula não disputará eleições no próximo ano, mas deve apoiar a chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência da República. Paulo Bernardo obteve o apoio do presidente do PT, Ricardo Berzoini, que foi além e sugeriu um filme contando a vida do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

– Eles deveriam fazer um filme da vida de FHC. Acho que seria bem interessante – satirizou.

A exibição contou com a presença de várias autoridades do governo. O ministro do Esporte, Orlando Silva, também rebateu as críticas:

– Gente, isso não é discurso, é cinema. O que me parece é que há uma certa dose de ansiedade no ar por parte daqueles que criticam. O Barretão (Fábio Barreto – diretor do filme) me disse para ver o filme, que eu iria gostar e foi por isso que eu vim – disse Orlando Silva.

Já o ministro das Cidades, Marcio Fortes, considerou que a oposição está fazendo o papel que cabe a ela fazer. No entanto, avaliou que não se trata de um filme sobre o presidente da República e sim sobre um cidadão brasileiro.

– A oposição quer marcar presença, está no papel dela, mas precisa ser elegante – disse o ministro.

O filme é baseado no livro homônimo de Denise Paraná e teve cenas filmadas em Pernambuco e em São Paulo de 20 de janeiro a 18 de março deste ano. Para o cineasta Fábio Barrreto, as acusações de cunho político são injustas. Ele alega que queria lançar o filme há dois anos, no entanto, o impacto da crise financeira mundial sobre a economia influenciou no financiamento do longa-metragem, que só será exibido para o público a partir de janeiro de 2010. Barreto ressalta que o filme apresenta uma mensagem de otimismo e de crença na própria capacidade.

– Se as pessoas acreditarem em si mesmas e na possibilidade de alterar o seu destino, não se acomodarem ou ficarem reclamando, se elas teimarem, vão conseguir realizar os seus sonhos. Essa é a mensagem do filme, não tem nada político. É um filme de emoção. É um melodrama épico. Eu sou um artista, não tenho ideologia e não estou vendendo nenhuma ideologia com esse filme. O filme é uma obra de arte, não tem nenhuma intenção política. Eu sou um artista, a minha obrigação é expor. Estou expondo, julguem como quiser. O filme não elege ninguém. Nem derruba – destacou Fábio Barreto, que não acredita que o longa poderá influenciar no processo eleitoral no próximo ano.

Barreto elogiou as iniciativas do governo como forma de popularizar o acesso à cultura.

– Eu espero que esse filme ajude a indústria de audiovisual no Brasil a se consolidar . Algumas medidas, como o vale-cultura, vão dar oportunidade a muita gente. Tudo está crescendo no Brasil, menos o consumo de cultura. Acho que agora, com o vale-cultura, isso vai melhorar. Há também o programa de construção de salas populares nas periferias para que o povo possa consumir cultura, porque cultura não pode ser consumida apenas pela elite que tem dinheiro – considerou.

Lula, o Filho do Brasil tem duração de 128 minutos e foi produzido em parceria com a Globo Filmes. A produção não recebeu recursos de leis de incentivo municipal, estadual ou federal. O elenco conta com 130 atores, entre eles Rui Ricardo Diaz, que faz o papel de Lula dos 18 aos 35 anos. A atriz Cleo Pires interpreta Lurdes, primeira mulher de Lula, e Juliana Baroni faz o papel de Marisa Letícia. O filme também retrata o pai de Lula, Aristides, como um homem violento, vivido pelo ator Milhem Cortaz. Participaram ainda das filmagens 3 mil figurantes. A obra tem fotografia de Gustavo Hadba, direção de arte de Clóvis Bueno, figurinos de Cristina Camargo, roteiro de Daniel Tendler, Denise Paraná e Fernando Bonassi e música de Antônio Pinto e Jaques Morelenbaum.


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