Marcelo Carneiro da Cunha
Marina Silva, vi você se despedindo do Senado e lembrei que queria lhe escrever, desde o primeiro turno, quando você e sua turma fundamentalista trouxeram para o cenário brasileiro a escuridão do debate religioso.
É muito duro para um admirador da sua trajetória pessoal ter que lidar com a sua vida desde que você passou a defender coisas como o criacionismo e a repressão aos gays. É difícil ver você junto a expressões do nada, como Silas Malafaia e Wellington Jr. Eles, com aquele ar de quem vende terreno subaquático nas horas vagas, com seus ternos de péssimo corte e gravatas combinando com a alma. Você, bom, com você mesma.
Olhe o que você nos mostrou, enquanto desfilava seu discurso ultraleve, de quem mistura ambientalismo com guaraná e sai por aí a se divertir, numa boa. Primeiro, você defendeu que as escolas evangélicas ensinassem o criacionismo, uma estupidez de natureza extraterrestre, e que deixassem “as crianças escolher”. Sério? E, por acaso, esse ensino ocorreria na aula de religião, onde estudar duendes é natural, ou na aula de ciência, estimada Marina?
Você propôs resolver a questão do aborto em um plebiscito. Sério? Que tal um plebiscito sobre a pena de morte? Lembra do plebiscito sobre as armas? Plebiscitos sobre temas complexos são o que a direita, com suas simplicidades religiosas, mais adora nessa vida, Marina. E ainda assim, é isso que você, como candidata a governante de uma sociedade contemporânea e complexa tem a oferecer?
Mais: quando a feiúra religiosa mais se manifestou, berrando contra a criminalização da homofobia, o que você disse? Disse? E sobre o casamento para todos, o que você disse foi aquela baboseira de que a união civil já basta, e que casamento é para religiosos. Casamento civil não é civil? Essa não é uma sociedade felizmente laica? Então que besteira é essa de casamento ser religioso, e, portanto, um direito vedado aos gays?
E, mais. Que coisa é essa de você vir dizer que “a religião tem muito a oferecer e isso deve ser considerado na política”? Tem o que a oferecer? Os exemplos acima não bastam? Me dê um, um simples exemplo. Qual avanço social importante aconteceu graças à religião, e não sobre os sapateados dela? Você ousa trazer os nobres exemplos de Luther King, Ghandi e Mandela para a mesa. Ghandi? Mandela? Esses enormes seres humanos eram humanos, jamais foram líderes religiosos. Luther King lutou contra a opressão racial, em um cenário onde as seitas evangélicas foram tradicionalmente a favor de massacrar os negros. Usar esses santos nomes na defesa de uma tese sem sentido é uma blasfêmia, Marina. Eu tomo as dores deles e protesto com toda a veemência que eu posso lhe apresentar sem perder alguma parte importante do meu sistema ósseo.
O bloco religioso, formado por evangélicos e católicos de linha dura, ou seja, todos, se apresentou de maneira mais clara nesse final de primeiro turno, e o que se viu não foi nada bonito para quem acredita no avanço social, na igualdade como norma, e não como algo a ser obtido nas barricadas.
Não sei com qual discurso você vem por aí, mas saiba que do lado de cá existem cidadãos que não vão ficar assistindo de braços cruzados enquanto você e os seus usam os números de seu crescimento sobre a base mais pobre e desinformada da população para tentarem impor uma visão de mundo tão fadada ao fracasso que somente resiste em bíblias, corãos e similares. Pode vir, mas venha com a sua real face, com a sua mensagem real, e não com o avatar de mensagem com que fomos brindados na maior parte do tempo, enquanto a pancadaria rolava solta, sem que você assumisse a sua simpatia ou concordância com ela.
Assim como o Serra se negou a afirmar o que pretendia fazer com o pré-sal, você não foi clara quanto a sua real visão de uma sociedade que gostaria de ver reinante no Brasil. Que tal começar agora, já, para que a gente possa debater de verdade, e não de mentirinha? Venha para a frente, e com a sua real face, Marina, e tudo vai ser muito, muito melhor, pode crer. Ou, pelo menos, mais claro, como tudo deve ser.
Marina Silva, vi você se despedindo do Senado e lembrei que queria lhe escrever, desde o primeiro turno, quando você e sua turma fundamentalista trouxeram para o cenário brasileiro a escuridão do debate religioso.
É muito duro para um admirador da sua trajetória pessoal ter que lidar com a sua vida desde que você passou a defender coisas como o criacionismo e a repressão aos gays. É difícil ver você junto a expressões do nada, como Silas Malafaia e Wellington Jr. Eles, com aquele ar de quem vende terreno subaquático nas horas vagas, com seus ternos de péssimo corte e gravatas combinando com a alma. Você, bom, com você mesma.
Olhe o que você nos mostrou, enquanto desfilava seu discurso ultraleve, de quem mistura ambientalismo com guaraná e sai por aí a se divertir, numa boa. Primeiro, você defendeu que as escolas evangélicas ensinassem o criacionismo, uma estupidez de natureza extraterrestre, e que deixassem “as crianças escolher”. Sério? E, por acaso, esse ensino ocorreria na aula de religião, onde estudar duendes é natural, ou na aula de ciência, estimada Marina?
Você propôs resolver a questão do aborto em um plebiscito. Sério? Que tal um plebiscito sobre a pena de morte? Lembra do plebiscito sobre as armas? Plebiscitos sobre temas complexos são o que a direita, com suas simplicidades religiosas, mais adora nessa vida, Marina. E ainda assim, é isso que você, como candidata a governante de uma sociedade contemporânea e complexa tem a oferecer?
Mais: quando a feiúra religiosa mais se manifestou, berrando contra a criminalização da homofobia, o que você disse? Disse? E sobre o casamento para todos, o que você disse foi aquela baboseira de que a união civil já basta, e que casamento é para religiosos. Casamento civil não é civil? Essa não é uma sociedade felizmente laica? Então que besteira é essa de casamento ser religioso, e, portanto, um direito vedado aos gays?
E, mais. Que coisa é essa de você vir dizer que “a religião tem muito a oferecer e isso deve ser considerado na política”? Tem o que a oferecer? Os exemplos acima não bastam? Me dê um, um simples exemplo. Qual avanço social importante aconteceu graças à religião, e não sobre os sapateados dela? Você ousa trazer os nobres exemplos de Luther King, Ghandi e Mandela para a mesa. Ghandi? Mandela? Esses enormes seres humanos eram humanos, jamais foram líderes religiosos. Luther King lutou contra a opressão racial, em um cenário onde as seitas evangélicas foram tradicionalmente a favor de massacrar os negros. Usar esses santos nomes na defesa de uma tese sem sentido é uma blasfêmia, Marina. Eu tomo as dores deles e protesto com toda a veemência que eu posso lhe apresentar sem perder alguma parte importante do meu sistema ósseo.
O bloco religioso, formado por evangélicos e católicos de linha dura, ou seja, todos, se apresentou de maneira mais clara nesse final de primeiro turno, e o que se viu não foi nada bonito para quem acredita no avanço social, na igualdade como norma, e não como algo a ser obtido nas barricadas.
Não sei com qual discurso você vem por aí, mas saiba que do lado de cá existem cidadãos que não vão ficar assistindo de braços cruzados enquanto você e os seus usam os números de seu crescimento sobre a base mais pobre e desinformada da população para tentarem impor uma visão de mundo tão fadada ao fracasso que somente resiste em bíblias, corãos e similares. Pode vir, mas venha com a sua real face, com a sua mensagem real, e não com o avatar de mensagem com que fomos brindados na maior parte do tempo, enquanto a pancadaria rolava solta, sem que você assumisse a sua simpatia ou concordância com ela.
Assim como o Serra se negou a afirmar o que pretendia fazer com o pré-sal, você não foi clara quanto a sua real visão de uma sociedade que gostaria de ver reinante no Brasil. Que tal começar agora, já, para que a gente possa debater de verdade, e não de mentirinha? Venha para a frente, e com a sua real face, Marina, e tudo vai ser muito, muito melhor, pode crer. Ou, pelo menos, mais claro, como tudo deve ser.
* Jornalista e escritor
Fonte:Sul21
2 comentários:
Meu caro virtuoso amigo, há mais de sessenta anos assisto este filme de horror; e toda proposta de mudança radical desse tétrico quadro foi religiosamente demonizada e condenada ao fogo do inferno eterno. Quando a consciência é um PROGRAMA escravagista imposto RELIGIOSAMENTE pelos dominadores, pouco há que se esperar de uma humanidade infantilizada para permanente senzalamento e sistemática exploração. Este povo, HÁ 500 ANOS abandonado à própria desgraça, é uma peça sem valor no "atual mercado", é um excedente do LUCRATIVO permanente estoque de escravos. é terrivelmente simples assim, sem enfeites, sem confeitos, sem ilusões...
Nada, religião alguma, lei alguma, substituirá a responsabilidade 100% dos julgamentos, escolhas e decisões de cada um de nós. Vai depender sempre do quanto estamos identificados com as (informações) DOUTRINAÇÕES de aceitação escravista que recebemos subrepticiamente implantadas em nosso caótico subconsciente desde a ancestralidade. A grande maioria ainda não enxerga um palmo além do que está na tela da deusa TV. Tudo foi transformado em novelas doutrinantes da paz de natal para aceitação de repressores caiveirões, "low talk and a big stck!" para senzaldos insurretos.
Humanidade ignorante e escrava de doutrinadores programas em memórias de aceitação da escassez gerada e gerida pelos INTOCÁVEIS BANQUEIROS "donos do mundo", senhores da vida e da morte que há milênios nos mantém assim "alegremente" algozes e carcereiros uns dos outros auferindo para eles lucros abjetos e festejando o natal do labirinto do nada de amor e tudo de consumismo.
Temos que retirar lições de nossos acertos e erros, seguir separando o joio do trigo e compartilhando os resultados. Os sapos venenosos serão cada vez maiores e em maior número até que retirarão a Internet da tomada de todos os "terroristas" que não apóiam a VELHÍSSIMA ESCRAVISTA NEW WORLD ORDER e ainda acusarão os mesmos "TERRORISTAS" por este feito. OU NÃO !!! DEPENDERÁ, SEMPRE, DE CADA UM DE NÓS...
A grande revolução é intrapessoal e intransferível; POLÍTICOS ESTÃO AÍ PARA NOS DAR A ILUSÃO QUE TEMOS ESCOLHAS neste escravismo travestido de (pseudo) democracia... É por estas e outras que o Boris Casoy enche a boca de caninos ensangüentados quando cinicamente diz: "Está tudo dominado..."
Sinto muito, te amo, sou grato.
Qual seu posicionamento em relação ao movimento LGBTS?
"(...) Quem conhece a minha história e convive comigo sabe que respeito as diferenças (...) O Estado deve assegurar a todos – sem distinção – igualdade. (...) reafirmo: ainda que minha conduta moral e ética integrem valores da fé cristã, que professo, não discrimino quem quer que seja"
União cívil de pessoas do mesmo sexo:
"Eu tenho defendido e colocado essa questão com a sociedade e tenho dito que não sou favorável ao casamento, mas eu defendo os direitos civis dos homossexuais. Inclusive que eles possam ter união de bens, que possam ter seus planos de saúde conjuntamente, que tenham direitos que são assegurados às outras pessoas, porque não é justo que quem constituiu um patrimônio juntos não possam usufruir desse patrimônio. E eu digo isso de forma muito transparente para que a comunidade olhe para mim e pense: a Marina ela concorda com vários dos pontos que nós colocamos, mas ela não concorda com a questão do casamento porque ela entende que é um sacramento; e isso eu tenho defendido, eu tenho sido criticada de forma muito veemente por alguns segmentos, mas outros compreendem a minha posição. Em relação ao casamento não sou favorável e em relação aos direitos eu acho que o estado laico não deve e nem tem o presidente de discriminar qualquer pessoa. "
Opnião sobre adoção de crianças por casais homossexuais:
"Vou ficar sempre a favor da criança, não acho que seja justo uma criança ficar abandonada sem um lar, sem um carinho e sem o afeto. A minha tendência é favorável à criança. Agora seja casal homossexual, seja um casal hétero, seja o que for, vai sempre passar por uma avaliação técnica e obviamente que não sou eu que tenho competência para fazer essa avaliação técnica. Qualquer pessoa que for fazer uma adoção vai ser avaliada por um especialista, se está ou não apta a fazer essa adoção. "
É verdade que a senhora é a favor do ensino de criacionismo nas escolas públicas?
Um jovem me perguntou o que eu achava de as escolas adventistas ensinarem o criacionismo. Respondi que, desde que ensine também a teoria da evolução, não vejo problema. A partir daí, as pessoas começaram a dizer que eu estava defendendo o criacionismo. Sou professora, nunca defendi essa tese e nem me considero criacionista. Porque o criacionismo é uma tentativa de explicação como se fosse científica para responder a questão da criação em oposição ao evolucionismo. Apenas acredito em Deus. É uma questão de fé. Nunca tive dificuldade em respeitar e me relacionar com os ateus, com pessoas que professam outras crenças ou outra forma de pensar diferente da minha.
veja mais em:
http://www.youtube.com/msilvaonline#p/u/11/U3h_7J4bZ64
Marina Silva, qual seu posicionamento em relação ao aborto?
(...) Eu não faria um aborto e não advogo em favor dele, mas reconheço que existem argumentos relevantes dos dois lados da discussão(...) considero que uma questão tão complexa e importante como essa deve ser decidida diretamente pela sociedade, por meio de um plebiscito."
Marina Silva nunca pediu apoio para lider religioso,diferente da Dilma e Serra
"Três dias após declarar seu apoio a Marina Silva (PV), o pastor evangélico Silas Malafaia, da Assembléia de Deus, acusou a candidata de “dissimular ideias sobre aborto e legalização da maconha” ao defender plebiscitos sobre os temas.
O pastor aproveitou a oportunidade para declarar apoio ao candidato José Serra, do PSDB, e, ao retirar o apoio a Marina Silva, atacou o PT via Twitter: “Infelizmente, Marina não nega suas raízes petistas”.
A postura da candidata do PV, segundo Malafaia, é eleitoreira: ao dissimular sua fé cristã, a candidata não estaria se posicionando “de forma categórica contra o pecado”, e estaria “jogando para a torcida, para ficar bem com os que são contra e com os que são a favor” da liberação do aborto e da maconha."
http://www.minhamarina.org.br/perguntas_frequentes/index.php
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