sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

SP paga aluguel de bases do Samu sem usá-las


É esse o jeito da dupla Serra/Kassab governar.

Contêineres estão prontos desde junho passado; aluguel mensal é de R$ 109 mil

Fernando Gazzaneo, do R7.

A Prefeitura de São Paulo pagou durante ao menos quatro meses o aluguel de bases do Samu (Serviço Ambulatorial Móvel de Urgência) que permaneceram sem uso no período. Ao todo, a administração municipal gastou cerca de R$ 414,5 mil com o aluguel de dez unidades, compostas por contêineres (veja abaixo a localização das bases). O R7 visitou oito bases e verificou que cinco delas ainda permaneciam sem uso nas duas últimas semanas.

A reportagem ouviu de funcionários do Samu que uma sexta base, no Itaim Paulista (zona leste), também não funciona. Duas bases começaram a funcionar há três semanas e a mais recente foi inaugurada na última sexta-feira (26), segundo agentes do Samu.

A Secretaria Municipal de Saúde levou seis meses para definir o lugar onde as novas unidades seriam colocadas - período que se estendeu de janeiro a junho deste ano, segundo informe registrado no Diário Oficial do Município.

Em nota, a secretaria não informou a data de quando as bases começarão a operar e o porquê da demora para o sistema funcionar. A pasta afirmou que, “tão logo sejam finalizadas as instalações de todos os serviços concessionários [água, telefone e luz] e dos mobiliários necessários, as equipes poderão iniciar os seus trabalhos”.

Desde agosto passado, a Secretaria Municipal de Saúde paga aluguel mensal de R$ 109.083 das dez bases novas do Samu, segundo a NHJ - empresa responsável pela locação dos contêineres. Para a instalação das unidades, foram gastos R$ 990 mil. O valor total do contrato (válido por 12 meses a partir da montagem das bases) com a NHJ, é de R$ 2.299.000, segundo informe publicado no Diário Oficial do Município em 23 de dezembro do ano passado.

Segundo a NHJ, o processo de instalação demorou porque a prefeitura enfrentou algumas dificuldades para fazer desapropriações e encontrar terrenos para os contêineres.

A reportagem visitou oito das dez novas unidades do Samu entre os dias 18 de novembro e 1º de dezembro. Cinco delas ainda não funcionavam porque falta instalar luz, equipamentos e trazer materiais descartáveis. Segundo funcionários ouvidos pelo R7, outras três já atendem a chamados desde novembro deste ano. Entretanto, deficiências são apontadas.

A base do Limão (zona norte) foi instalada no pátio de uma empresa de ônibus e funciona desde 26 de novembro. A unidades do Jaçanã (zona norte) está em atividades há um mês, mas nem todos os móveis chegaram, e uma ambulância está em manutenção. Na base da Vila Nova Cachoeirinha (zona leste), o telefone fixo ainda não foi ligado.

Nos cômodos das cinco unidades que ainda não começaram a atender a população, há colchões, móveis de escritório e aparelhos de ar-condicionado desligados em três delas. Quem ficará na unidade São Jorge (zona oeste) são os enfermeiros e os motoristas que trabalham em uma base precária do Samu ao lado da AMA (Assistência Médica Ambulatorial), do Jardim São Jorge (zona oeste). Os funcionários afirmam que ouvem a promessa de mudar para a nova unidade de contêiner há sete meses.

Enquanto isso, eles almoçam e descansam em uma sala apertada, onde também recebem os chamados de urgência. O alojamento dos funcionários, de cerca de 5 m², também serve como depósito de materiais hospitalares (veja a galeria de imagens). Acima dos beliches, com colchões rasgados, há prateleiras com produtos químicos, além de outros materiais hospitalares usados nos atendimentos. Uma funcionária, que preferiu não se identificar, relata as condições do local.

- Somos nós que fazemos a limpeza da base, porque não temos alguém que cuide disso. Estamos esperando por materiais de esterilização há mais de cinco meses. O banheiro daqui não tem condições para tomar banho e o alojamento é bem apertado.

A Secretaria Municipal de Saúde não respondeu se tem conhecimento das condições da base do Jardim Belo. A pasta também não informou se as estruturas serão provisórias ou não.

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